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21/02/2014

Matemático explica relação entre ecologia e economia

O matemático Simon A. Levin esteve no Instituto de Física Teórica (IFT), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), na última semana, como parte do corpo de palestrantes da III Southern-Summer School on Mathematical Biology. A palestra, direcionada para alunos de mestrado e doutorado, procurou mostrar como a física teórica pode ajudar a estabelecer relações entre problemas de pequena e de grande escala dentro de um sistema ecológico ou até mesmo econômico.

O cientista norte-americano é professor do Departamento de Ecologia e Evolução da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, realizou seu doutorado em matemática aplicada, e já recebeu prêmios de prestígio na área de meio-ambiente, como o Heineken Prize na categoria ciência ambiental (2004) e o prêmio Kyoto, para ciência básica (2005). O evento foi organizado pelo ICTP-SAIFR (Instituto Sul-Americano do Centro Internacional de Física Teórica), localizado no IFT, no campus Barra Funda, em São Paulo.

Em 1992, professor Levin escreveu um artigo chamado "The Problem of Pattern and Scales in Ecology", que se tornou um dos texto mais citados na área de ecologia durante os anos 90. No trabalho, o norte-americano destaca, entre outras observações, que as propriedades de um ecossistema variam de acordo com padrões fixos e que é necessário entender as diferentes ordens de escala no sistema para a melhor compreensão de um fenômeno.

O motivo de tamanho impacto na comunidade científica é que, até então, a disciplina de ecologia apresentava uma série de subdivisões, com olhares restritos à sua própria área de atuação. "O artigo fala sobre a interconexão entre coisas acontecendo em escalas diferentes. Fala sobre como eventos que acontecem em escalas pequenas podem se multiplicar e causar um grande impacto em uma escala maior. Foi mais ou menos isto que vimos na crise financeira de 2008", explica Levin.

Ouvir um especialista em matemática biológica falar sobre crise financeira pode causar estranheza, mas a comparação tem fundamento. Nos últimos anos, Levin tem se dedicado justamente a estabelecer relações entre sistemas ecológicos e o sistema financeiro, ajudando a desenvolver, por exemplo, formas mais seguras de construção deste sistema.

"Muito do trabalho em sistemas ecológicos é sobre conectividades. Por serem sistemas muito conectados, existe um potencial de propagação contagiosa. Isto que nós vemos ocorrer em sistemas ecológicos acontece no mercado financeiro também", explica o professor. "Um exemplo claro é quando pequenos distúrbios se espalham no mercado e alguns investidores começam a vender ações. Em alguns casos, todos começam a vender e isso gera um desequilíbrio no sistema".

Segundo Levin, o sistema financeiro ainda é muito interdependente e poderia aprender com as experiências em sistemas ecológicos e biológicos uma forma mais segura de se estruturar, dividindo-se em blocos, o que facilitaria o controle de determinado distúrbio. "Quando lutamos contra o fogo na mata, por exemplo, o que fazemos é isolar o fogo queimando partes que podem ser queimadas. Se você quer reduzir uma epidemia, você tenta reduzir a conectividade, logo ela não vai se espalhar para outros grupos que ainda não foram contaminados", lembra o norte-maericano, citando o caso da gripe asiática no Canadá, em 2003, quando o sistema de transportes em Toronto foi suspenso por alguns dias, afim de evitar contágios.

Em fevereiro de 2008, ao lado de outros dois colegas, Levin teve um artigo publicado na revista Nature intitulado Ecology for bankers [Ecologia para banqueiros], que tratava desta fragilidade do sistema financeiro. Semanas depois, a crise imobiliária estourou nos EUA, afetando gravemente a economia de todo o planeta. "Naquele momento, as pessoas não prestaram atenção. Honestamente, nem nós, os autores, prestamos muita atenção. Mas desde então, nós já fomos consultados por diversas instituições financeiras, especialmente sobre o que eles podem aprender a partir de sistemas ecológicos e biológicos".


Fonte: Unesp Agência de Notícias







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