Com o sucesso do seminário sobre a rotatividade promovido pelo DIEESE e pelo ministério do Trabalho e Emprego passo a acreditar na possibilidade de recuperação do protagonismo ministerial em temas que interessem diretamente aos trabalhadores e ao movimento sindical.
Já estava na hora. Vamos contar história.
Com a atribuição de ministério do Trabalho, Indústria e Comércio o primeiro dos ministros, Lindolfo Collor, começou a exercer seu mandato em 26 de novembro de 1930. A ele sucederam outros 58 ministros, quatro interinos (inclusive uma única mulher, Dorothea Werneck e uma interina Sandra Starling).
Transformou-se em ministério do Trabalho e Previdência Social em 1960, voltou a ser apenas ministério do Trabalho em 1974, reincorporou a Previdência em 1990, transformou-se em um curto período em ministério do Trabalho e da Administração Federal até 1992, quando voltou a ser ministério do Trabalho e, finalmente, em 1999 passou a ser ministério do Trabalho e Emprego, como é até hoje.
Durante esses 84 anos exerceram o cargo 59 ministros sob as ordens de 24 presidências, o que dá menos de um ano e meio de mandato a cada um deles e mais de dois ministros por presidente; a rotatividade do cargo acompanha a rotatividade das presidências.
O ministro de mandato mais longo foi Murilo Macedo, de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985 (único ministro do presidente João Figueiredo) e o de menor duração foi Paulo Egydio Martins de 18 de julho de 1966 a 1° de agosto de 1966 (sob Castelo Branco).
Um único ministro do Trabalho, João Goulart, chegou a ser presidente da República e talvez tenha sido o mais poderoso ministro, sob Getúlio Vargas, que o demitiu em 1953 após uma grave crise militar. Mas vários chegaram a governos de Estados e a prefeituras.
A grande maioria sempre foi de bacharéis, mas houve alguns economistas como Walter Barelli, diretor do DIEESE (sob Itamar), um único militar de carreira (Jarbas Passarinho, sob Costa e Silva e Junta Militar) e cinco dirigentes sindicais: Antônio Rogério Magri (sob Collor) e Jaques Wagner, Sandra Starling, Ricardo Berzoini e Luiz Marinho (sob Lula).
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical