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05/01/2010

Abecip prevê boom da oferta de moradias

Os recursos destinados a imóveis para todas as classes de renda são 70% superiores aos cerca de R$ 40,5 bilhões liberados pela poupança e FGTS em 2009

       O setor da construção civil deverá ser um dos motores da economia em 2010, devendo superar a marca de um milhão de unidades, tanto para famílias de baixa renda, quanto de classe média. O número representa um crescimento de 25% sobre o total de moradias financiadas em 2009. A projeção é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e considera as duas principais fontes de recursos da habitação, que são o FGTS e a poupança.
       Segundo a entidade, as operações com recursos da poupança vão crescer 50%, atingindo R$ 45 bilhões, com mais de 400 mil unidades financiadas. Com orçamento de R$ 24 bilhões para habitação, tudo indica que o FGTS também vai superar as 400 mil moradias contratadas no ano passado.
        Este mês, a Abecip divulgará o balanço de 2009, mas a expectativa é que tenham sido financiadas pela poupança 310 mil unidades, num total de R$ 32 bilhões.
       Os recursos — destinados a imóveis novos e usados, para todas as classes de renda — são 70% superiores aos cerca de R$ 40,5 bilhões liberados pelas duas fontes em 2009 — menos de R$ 23 bilhões da poupança e R$ 18 bilhões do FGTS.

Empréstimo é bem inferior ao do Chile
      
O volume de financiamentos e unidades contratadas será ainda maior se considerados, por exemplo, as cooperativas habitacionais e os recursos próprios dos bancos emprestados por intermédio do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) — que tem juros livres. Porém, as maiores e mais acessíveis fontes de crédito do setor são mesmo o FGTS e a caderneta de poupança.
      — Acho que vamos chegar a um milhão de moradias financiadas em 2010. Será o ano da construção civil no Brasil — afirmou o economista do Secovi-SP Celso Petrucci.
       Para o presidente da Abecip, Luiz Antonio França, se as previsões se concretizarem, o crédito imobiliário poderá crescer um ponto percentual sobre o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. A proporção está hoje em 2,9% do PIB, contra 15% do Chile, por exemplo.
        A expectativa para o setor tem como base o crescimento da economia de 5% em 2010 e parte do pressuposto de que o programa federal Minha Casa, Minha Vida vai deslanchar. Dos cerca de 400 mil imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal com recursos do FGTS em 2009, 300 mil se referem ao programa.
       Um dos grandes trunfos do programa, que começou a funcionar em março, é o subsídio para famílias de baixa renda, bancado pelo FGTS e pelo governo federal. Com até seis salários mínimos, a ajuda chega a R$ 23 mil por família. Abaixo de três pisos, a casa é praticamente doada (prestações simbólicas).
       Segundo o último balanço da Caixa Econômica Federal (até 10 de dezembro), os projetos encaminhados ao banco dentro do Minha Casa, Minha Vida apontavam o financiamento de 590.761 casas, sendo 213 mil já contratadas. A meta é de um milhão de casas só pelo programa.
        Petrucci acredita que, com o amadurecimento dos projetos, será necessário pedir uma suplementação orçamentária ao FGTS em 2010 para atender o Minha Casa, Minha Vida.
       Dos R$ 24 bilhões reservados pelo Fundo ao setor, R$ 4 bilhões se destinam ao programa.
       — O resultado extraordinário das contratações este ano está relacionado ao fato de o governo federal ter aportado recursos do orçamento para a baixa renda, acompanhando o FGTS — reforçou a consultora da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic), Maria Henriqueta.

Lançamentos devem crescer até 15%
       
Outro indicador positivo para o setor, na avaliação de especialistas, é o aumento médio da renda das famílias. Por isso, a aposta é que o número de lançamentos vai crescer entre 10% e 15% em 2010, na comparação com 2009, atingindo em todo o país cerca de 300 mil unidades lançadas.
       — Já está havendo uma procura grande pelos compradores nos lançamentos efetuados. As construtoras devem seguir esse movimento, lançando mais e assinando mais contratos com os bancos — afirmou o presidente da Abecip.
       Apesar da robustez dos números do setor, empresários alegam que o desempenho também será calibrado pelo comportamento da Taxa Selic (hoje em 8,75% ao ano) em 2010 — ano eleitoral e sujeito a turbulências.
 

Elevações dos juros tendem a frear a expansão da economia.
      
Listam também entre os desafios a necessidade de reduzir a burocracia nas regiões metropolitanas, onde o déficit habitacional é mais concentrado.
Dificuldades em regularizar terrenos são as principais queixas contra as prefeituras nessas localidades.

 

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