A defesa contundente de que os trabalhadores universitários tenham voz e voto nos diversos espaços em que se discute a integração da América Latina foi feita por Maria Helena Machado, professora e pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela foi uma das palestrantes da mesa sobre o tema “Livre trânsito e imigração”, na tarde do dia 22 de maio, durante o “Seminário de Integração Latino-americana dos Trabalhadores Universitários”, realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU) na sede do SEESP, na Capital. Ao seu lado, esteve Débora Gribov Novogrebelsky, diretora da Associação de Docentes Universitários do Uruguai (Adur).
Foto: Beatriz Arruda
Profissionais falam sobre livre trânsito nos países da América Latina
Agraciada pela CNTU com o prêmio Personalidade Profissional em Odontologia em 2013, Machado inaugurou sua fala apontando a distinção conceitual feita nos diversos países do continente, a exemplo das diferenças entre profissional e trabalhador da saúde. O Brasil por exemplo considera os primeiros todos aqueles “que têm formação específica na área”; já os segundos, os “que atuam no setor” de modo geral. “Bem diferente de outras nações do Mercosul (Mercado Comum do Sul), em que não há essa definição. À evolução da integração regional, deve-se caminhar para uma visão mais unitária a respeito.” Segundo ela, aspecto importante nessa distinção é quanto ao plano de carreira.
Abordando especificamente a área de saúde, Machado indicou os desafios à integração. Entre eles, “o combate ao desequilíbrio entre oferta e demanda da força de trabalho”, com a adoção de políticas claras para conter o “crescimento desordenado de escolas profissionalizantes”; a implementação de políticas regulatórias e outras específicas ao gênero feminino; a redução da jornada de trabalho; e a eliminação do trabalho precário, “grande mal da América Latina”. Na sua opinião, para tanto, é mister haver “novas formas organizativas sindicais frente à integração regional, buscando o diálogo e a construção de agendas regionais comuns”. Ao que é necessário reivindicar a “representação formal dos trabalhadores” nos blocos do continente aos estados-partes. “Hoje, estão totalmente ausentes do Mercosul”, ilustrou, “e devem ter voz e voto, para incidirem sobre as decisões governamentais e contribuírem à redução das iniquidades e assimetrias regionais.”
Para Novogrebelsky, a integração deve ser pensada “a partir das singularidades de cada região”. Ao que as universidades têm papel importante, inclusive para “consolidar o sistema educativo integrado do Mercosul e fronteiras, com carreiras binacionais”. No Uruguai, explicitou ela, esse debate está ocorrendo e tem sido feitas ações concretas. “Estamos comprometidos com a construção de uma agenda regional e pensando a Universidade da República integrada às demais da América Latina.”
Soraya Misleh
Imprensa SEESP