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18/01/2010

Cnen pede agência reguladora para energia nuclear

O ministro da C&T, Sergio Rezende, disse em seminário na Câmara sobre o programa nuclear brasileiro que a oferta de urânio estará garantida com a produção do Ceará a partir de 2013

       O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves, pediu apoio aos deputados - que participaram nesta terça-feira (24) de seminário na Câmara sobre o programa nuclear brasileiro - para que seja criada uma agência reguladora para o setor, além de uma política nacional para evitar mudanças de rumos em relação ao que está sendo planejado.
       Seminário "Programa Nuclear Brasileiro: autonomia e sustentabilidade do país" marcou o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
       Gonçalves e outros participantes ressaltaram a importância da aprovação final das emendas ao Orçamento de 2010 sugeridas pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. As emendas destinam R$ 100 milhões para a construção de centrífugas necessárias para enriquecer urânio e pouco mais de R$ 98 milhões para um reator que servirá para a produção de radiofármacos, que hoje são importados.
       O coordenador da frente parlamentar, deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), lembrou que o país tem a sexta maior reserva de urânio do mundo e domina a tecnologia de enriquecimento.

 

Oferta de urânio
        O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, disse que a oferta de urânio estará garantida com a produção do Ceará a partir de 2013. "Com a entrada das minas de Santa Quitéria, nós teremos urânio suficiente para as três usinas de Angra dos Reis, as outras quatro e ainda vai sobrar um pouco."
       Rezende acrescentou, no entanto, que o combustível nuclear tem um ciclo maior, além do minério. "É preciso produzir o óxido, depois o gás e depois centrifugar para o enriquecimento. Então nestas duas últimas fases nós estamos adiantando".
       O governo federal anunciou em junho deste ano que planeja implantar sete ou oito usinas nucleares entre 2010 e 2034. Depois da construção da usina de Angra III, as duas próximas unidades estão previstas para as regiões Sudeste e Nordeste, ainda sem locais definidos.
       O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil, Alfredo Tranjan Filho, disse que, com as centrífugas, o país poderá produzir todo o urânio enriquecido para abastecer as três usinas de Angra, no Rio de Janeiro. O Brasil começou a enriquecer o urânio para as usinas este ano e ainda não tem produção suficiente. Ao lado disto, a Eletronuclear estuda a localização das quatro novas usinas que deverão ser instaladas no Nordeste e no Sudeste.

 

Estratégia
      
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, disse que o problema do programa nuclear brasileiro é a falta de agilidade do Estado. "Temos um Estado travado no qual a estrutura administrativa virou autônoma. O Ministério da Saúde libera viaturas para o combate à dengue no Rio de Janeiro e fica preso lá. É preciso que o país dê tratamento diferenciado ao que é estratégico. E só quem pode dizer o que é estratégico é o presidente da República".
       O superintendente do programa nuclear da Marinha do CTMSP, o capitão-de-mar-e-guerra Luciano Pagano Júnior, disse que o submarino com propulsão nuclear será importante para a defesa da costa brasileira. O submarino convencional tem que ir à superfície em alguns dias para recarregar baterias. Já o nuclear não tem tempo determinado. Além disso, o nuclear é mais veloz.

 

Problemas ambientais
       Em relação aos problemas ambientais, Odair Gonçalves afirmou que a tecnologia atual é segura e a energia nuclear é a que menos emite gases do efeito estufa. Já o secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Paulo Costa, disse que o país precisa dobrar sua capacidade de geração energética até 2030. Neste cenário, a energia nuclear teria que aumentar a sua participação no total dos 2% medidos em 2005 para 7,3%.

Informações da Agência Câmara e Diap)

 

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