Nesta quarta-feira (28/01), as centrais sindicais – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Nova Central (NCST) – realizaram, em São Paulo, o Dia Nacional de Luta por Emprego e Direitos. Mais de cinco mil manifestantes ocuparam trecho da Avenida Paulista, entre 10h e 13h. O ato, que também ocorreu em outras capitais do País, teve o propósito de mostrar a insatisfação dos trabalhadores com relação às Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, editadas pelo governo no final do ano passado, que alteram benefícios sociais, como auxílio-doença, pensão por morte, seguro defeso, abono salarial e seguro-desemprego.
Foto: Beatriz Arruda
Em São Paulo, centrais sindicais levam mais de cinco trabalhadores contra medidas do governo.
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A reivindicação é pela revogação imediata das mudanças e a abertura de uma mesa nacional de negociação. No primeiro encontro realizado com as centrais, no dia 19 de janeiro, o governo não aceitou retirar as duas matérias. “Não admitiremos medidas que prejudiquem os trabalhadores. Queremos discutir o que está errado e apresentar as nossas propostas para evitar que o Brasil entre numa recessão sem precedentes”, alertou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, taxou as iniciativas governamentais como perversas e equivocadas, citando, por exemplo, as mudanças nas regras do seguro-desemprego que devem excluir do benefício mais de nove milhões de pessoas. “São os trabalhadores que mais precisam, como os da construção civil e do comércio e os jovens em início de carreira”, lamentou. Ele avalia que essas primeiras intervenções da equipe econômica vão comprometer os quatro anos de mandato da presidente Dilma Rousseff e defende a adoção de políticas que estimulem a produção, o salário e a renda. “Temos potencial para crescer ainda mais, construindo estradas, ferrovias, portos, metrôs, escolas, hospitais, fortalecendo políticas de inclusão e investindo em infraestrutura.”
Segundo Nobre, o movimento sindical tem todo o interesse em moralizar o sistema de benefícios, corrigindo eventuais distorções ou desvios, mas não aceita que tal situação seja usada como justificativa para mexer com os direitos dos trabalhadores. “Não podemos ser usados para ajustar as contas do governo”, reclamou. Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), reforçou a posição, dizendo que as centrais sindicais têm outras alternativas para o governo, como a taxação das grandes fortunas, a redução da taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) e a correção da tabela de Imposto de Renda (IR) pelo índice da inflação. “Queremos um governo que promova a inclusão e a justiça social, e isso só com desenvolvimento e emprego decente”, apontou.
Presente ao ato paulista, Herbert Claros, diretor da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), classificou as medidas do governo federal como ataque aos trabalhadores e o início da tão temida reforma trabalhista, com a retirada ainda de outras conquistas, e conclamou a união de todas as entidades sindicais para barrar qualquer tentativa de desestabilização da classe trabalhadora. “Precisamos fazer a luta nas ruas, nas fábricas. Ou o governo para essas reformas, ou paramos o Brasil”, puxou a palavra de ordem.
Nova reunião estaria marcada para o dia 3 de fevereiro, também na Capital paulista, entre as centrais sindicais e os ministros Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência da República), Manoel Dias (Trabalho e Emprego), Nelson Barbosa (Planejamento) e Carlos Gabas (Previdência Social). No encontro do dia 19, Rossetto argumentou que o governo foi obrigado a adotar as MPs, por causa da criação de milhões de empregos qualificados com carteira assinada, articulados com a formalização de parte importante do mercado de trabalho, fez com que mais de 30 milhões de brasileiros passassem a integrar a base do sistema previdenciário e social brasileiro; o crescimento da renda dos trabalhadores determinado pelo aumento real de 70% do salário mínimo – “base de todo o sistema social do País”; e o aumento da média de expectativa de vida do brasileiro para mais de 12 anos.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP