Três monstruosas criaturas dançam freneticamente no cenário de barata-voa brasileiro. Elas agitam as mãos e emitem grunhidos que são reproduzidos nos veículos de comunicação.
O primeiro monstro é a recessão, que come emprego e derrete salário, dificultando a vida de milhões de trabalhadores porque faz acontecer, ao mesmo tempo, juros estratosféricos e inflação renitente.
O segundo monstro é a pressão neoliberal e conservadora para que se mude, radicalmente, a pauta social e do desenvolvimento nacional com distribuição de renda.
E o terceiro monstrengo é o ajuste pretendido pelo governo que acompanha a dança dos dois colegas e em alguns casos os estimula em seus malfeitos.
Contra essas três criaturas horrorosas existe a barreira dos direitos conquistados, como um terceiro trilho letal do metrô.
A recessão já atinge setores estruturados da economia. O sindicato dos Engenheiros de São Paulo contabiliza no último mês um assustador aumento de demissões de engenheiros de empresas da construção civil, construção pesada e consultoria.
A pauta neoliberal e conservadora, além de alardear uma pura vingança social (como é o aumento da maioridade penal), afia as suas garras hipócritas contra a Petrobrás, contra o regime de partilha, contra o conteúdo nacional e contra o pré-sal.
E o ajuste do governo, que vem sendo aprovado in extremis, desagrada a todos, até mesmo àqueles que originalmente o proporiam e o executariam.
Os exemplos da barreira do terceiro trilho são eloquentes. Entre esses, podemos listar as reações fortes à farra das terceirizações que podem levar a um esforço unitário para melhorar no Senado o projeto de lei da Câmara, a reação forte dos professores do Paraná às truculências da repressão que já produziu quedas no governo local e a reação forte dos metalúrgicos às demissões anunciadas no setor automotivo que garantiram readmissões.
Numa conjuntura em que os três monstros estão soltos e executam sua dança macabra, o movimento sindical perde o protagonismo que vinha conquistando com sua unidade de ação e passa, novamente, à resistência como fez durante o período neoliberal da política brasileira.
* João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical