Estamos testemunhando no Brasil, em 2015, a inversão simultânea e acelerada das curvas que vinham marcando positivamente o emprego e os ganhos de salários.
A conjuntura sindical, que era de protagonismo, mudou-se para a de resistência, em que os trabalhadores estão apreensivos com a perda de empregos e já sofreram uma queda de 10% na massa de salários no primeiro semestre.
Na espuma da conjuntura midiática persiste uma aparência de aguda crise política que não avança para o desenlace devido à pusilanimidade das classes dominantes que têm, elas também, “o pavor nacional do dia de amanhã”.
Como assumir as responsabilidades de um ajuste lesivo aos trabalhadores e à sociedade que tem sido até agora o calvário de um governo emparedado?
A apreensão dos trabalhadores motiva a resistência que levou os metalúrgicos da Mercedes à recusa em aceitar o ruim. A esmagadora maioria deles, em plebiscito, com resultado numericamente mais marcante que o da Grécia (75% contra 25%), recusou o corte de jornadas e de salários e passou a exigir, junto ao sindicato, alternativas menos piores.
Todos os trabalhadores e o conjunto do movimento sindical estão no mesmo barco e devem remar na mesma direção, exercendo a solidariedade de classe.
Torna-se imperioso, devido à conjuntura, acelerar o andamento do Plano de Proteção ao Emprego, criando mecanismos que amorteçam o choque negativo das demissões e do arrocho salarial.
Uma boa oportunidade de coordenar esforços unitários de cúpula é a reunião sindical dos BRICS, em Ufá na Rússia nesta semana. Embora os cinco sindicalismos desses países sejam muito diferenciados, a situação mundial os aproxima em seus esforços unitários e, uma inteligente série de contatos bilaterais e iniciativas comuns pode ajudar, a cada um deles e, em particular, ao nosso movimento, a encontrar um caminho efetivo de resistência frente aos desafios e dificuldades, sem politiquices.
* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical