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28/08/2015

Formação dos profissionais universitários é grande desafio

Discutir a universidade e os programas de formação dos trabalhadores universitários para que haja uma renovação profunda em sua formação; discutir seu caráter organizacional, enquanto categoria; e construir um programa de transformação da sociedade, em conjunto com atores que estão historicamente ligados às grandes demandas sociais. Esses foram alguns desafios colocados na mesa que discutiu a “Importância e desafios dos trabalhadores universitários no Mercosul”, na  tarde de quinta-feira (27/8), durante o II Seminário Internacional de Integração dos Trabalhadores Universitários, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU). Coordenada pela vice-presidente da CNT, Gilda Almeida, a atividade ocorreu às 14h, no auditório do SEESP, na capital paulista.
 

Foto: Beatriz Arruda/Imprensa SEESPgambinaO economista Julio Gambina da Argentina

Os desafios foram elencados pelo argentino Julio Gambina, professor do Instituto de Estudos e Formação da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e da Universidade Nacional de Rosário. Gambina, que é especialista em política mundial e dívida externa, atualmente é um dos colaboradores do governo de Evo Morales, presidente da Bolívia, país o qual o dirigente fez uma ampla defesa.

“Comparando proporcionalmente a população e seu território, a Bolívia é o país, em todo o mundo, que possui as mais altas reservas internacionais, mais do que a China, que tem 4 trilhões de dólares de reservas internacionais”, disse, enfatizando que a Bolívia é o país que mais vai crescer na América Latina.

Mas, para impactarem efetivamente na economia, as mudanças naquele país tiveram que ser também culturais. Ao modificar sua constituição, em 2009, incorporou-se a economia comunitária como forma de organização econômica daquele país. “É um governo de um indígena, com integrantes indígenas, que sentam para discutir política com os profissionais doutores de igual para igual. E se equivocam, erram, acertam, experimentam, mas constroem um governo do povo”, completou.

Em sua visão, para a construção de modelos de governos alternativos ao pensamento hegemônico do capital, é fundamental que os trabalhadores universitários consolidem uma organização classista para se somarem às trincheiras já cavadas por outros movimentos, como dos trabalhadores rurais que lutam pela soberania alimentar dos povos.

“É preciso lutar pela soberania alimentar e ouvir o movimento dos trabalhadores do campo. A soberania alimentar não deve somente ser dos agricultores ou dos sem-terra, mas também dos nutricionistas, médicos, farmacêuticos, engenheiros, que têm que desenvolver processos técnicos produtivos para que o agronegócio não seja subordinado ao modelo produtivo das transnacionais da alimentação”, salientou, acrescentando que a América Latina e o Mercosul têm recursos e potencial intelectual para desenvolver a soberania financeira.

Mais especificamente sobre a integração, tema que foi cercado a todo momento pelos palestrantes da mesa, tem que ser feita em torno do trabalho e dos trabalhadores, e não de governos ou dos capitais, dando conta que algumas barreiras já estão sendo superadas como o idioma e as distâncias.

“Elegemos a integração dos povos, a unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores do Sul, pensando em uma América Latina para a América Latina, por uma integração geral por um outro mundo possível”, concluiu.


Quem também participou da mesa foi Leonardo Batalha Pereira, do departamento de Relações Internacionais da Central Sindical uruguaia PIT-CNT, diretor do Sindicato dos Bancários do Uruguai, uma entidade nacional daquele país, e coordenador do Encuentro Sindical Nuestra América. Ele substituiu Juan Castilho, atual diretor nacional do Trabalho, do Ministério do Trabalho do Uruguai, que por questões políticas em seu país não pode comparecer, mas enviou uma carta saudando o seminário e discorrendo sobre mudanças na universidade.

"Negar o papel dos movimentos sociais na Bolívia é negar o processo de transformação que viveu aquele país. Creio que nós trabalhadores somos os motores dos processos de transformação", disse Batalha.

Educação continuada
Como proposta de formação, a CNTU tem como bandeira a criação de um sistema de educação continuada como política de Estado. Concretamente, a proposta consiste em assegurar aos profissionais 12 dias, ao ano, sem prejuízo de remuneração, para dedicação à educação.

Esse é o tema central da quarta edição da revista Brasil Inteligente, que foi lançada no primeiro dia do evento, pelo presidente da Confederação, Murilo Pinheiro. A publicação está disponível na versão impressa e também online aqui.

 




Deborah Moreira
Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 





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