O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) abriu um novo processo de seleção para quatro vagas de estágio remunerado para estudantes de pós-graduação (mestrado) com foco no estudo da gestão de resíduos de sólidos urbanos e desenvolvimento de processos biotecnológicos. As inscrições poderão ser realizadas até o dia 28 de janeiro. As vagas fazem parte do programa de estágios, que busca criar oportunidades para os estudantes terem contato com situações profissionais reais.
Os estágios serão realizados na sede do IPT/SP (no campus da Cidade Universitária). O candidato deverá comprovar os requisitos no momento da contratação. A jornada de estágio será de 120 (cento e vinte) horas mensais. O valor da bolsa durante o primeiro ano de contrato é de R$ 2.212,47, e no segundo ano de contrato é de R$ 2.348,58.
As inscrições devem ser feitas online nesse link. O candidato deverá ler o edital e aditivo e preencher a inscrição com dados corretos e exatos, inclusive com o endereço completo, o endereço eletrônico (e-mail obrigatório) e mantê-los sempre atualizados. Para efetivar a inscrição o candidato deve enviar o projeto para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
O processo seletivo será realizado em duas etapas: Conhecimentos Específicos e Entrevista Técnica. O conteúdo programático das avaliações obedecerá ao estabelecido em aditivo.
Os selecionados receberão bolsa mensal e terão direito aos benefícios de seguro contra acidentes pessoais, recesso remunerado de 30 dias, conforme estabelece a legislação, restaurante local subsidiado, curso de idiomas subsidiado, transporte em ônibus fretado ou vale transporte, assistência médica/odontológica ambulatorial, creche (para candidatas, condicionado à existência de vagas).
Fonte: IPT
Foto da home do site estágioonline.com
As nanociências e nanotecnologias apresentam um crescimento do número de trabalhos científicos publicados e solicitação de patentes, bem como uma consolidação no mercado tecnológico mundial. Todavia, cientistas, organizações governamentais e não-governamentais, bem como os consumidores manifestam preocupações quanto aos riscos à saúde humana, segurança ocupacional e ambiental das aplicações da nanotecnologia.
Apesar dos interesses econômicos e planos estratégicos governamentais de incentivo à pesquisa científica nas áreas de síntese, caracterização e aplicações das nanopartículas, não há uma correlação consistente entre os resultados dos testes toxicológicos in vitro e os efeitos a curto e médio prazo da exposição às nanopartículas em modelos in vivo, bem como os dados epidemiológicos são praticamente inexistentes.
O Grupo de Biomateriais do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara acaba de publicar o livro "Engineered nanomaterials: nanotoxicology issues, nanosafety and regulatory affairs", dos pesquisadores Carla dos Santos Riccardi (farmacêutica-bioquímica e doutora em Biotecnologia), Márcio Luiz dos Santos (doutor em Química) e Antonio Carlos Guastaldi (professor titular do Departamento de Físico-Química do Instituto de Química de Araraquara da instituição de ensino.
O livro conclui que os benefícios da nanotecnologia nas diversas áreas de atuação são imprescindíveis para a consolidação de planos estratégicos econômicos mundiais desde 2000. Em contradição, a avaliação e o gerenciamento dos riscos desta tecnologia tornaram-se um desafio que requer uma análise científica multidisciplinar e ações regulatórias harmonizadas dos produtos nanotecnológicos disponíveis comercialmente.
Em geral, as estratégias internacionais de regulação em nanotecnologia priorizam um processo adaptativo de autorregulamentação e consolidação da legislação específica para nanoprodutos envolvendo medidas de transparência sobre o assunto; colaborações entre instituições de pesquisa, organizações governamentais/não-governamentais, indústrias e consumidores; e divulgação pública. Assim, as agências reguladoras internacionais têm sido bem sucedidas na implementação de procedimentos de segurança para a saúde humana relacionados com exposições ocupacionais.
No entanto, observou-se que os impactos para a saúde humana e para o meio ambiente quanto à utilização em longo prazo de nanoprodutos ainda são desconhecidos. A maioria dos documentos analisados sobre o tema enfatiza que os formuladores de políticas públicas em todo o mundo precisam desenvolver estruturas de base científica mais eficaz para gerenciar os riscos associados ao desenvolvimento da nanotecnologia.
Em relação à proposta de uma legislação específica para nanoprodutos comercialmente disponíveis, a literatura destaca que há uma dificuldade de regulação devido aos resultados científicos conclusivos, envolvendo alguns aspectos relevantes na área, tais como a identificação e gestão dos impactos dos nanomateriais durante a cadeia de produção do produto; monitoramento do ciclo de nanopartículas persistentes no meio ambiente; e da complexidade na definição de níveis aceitáveis de partículas presentes em condições de trabalho, exposição ambiental e consumidor de nanoprodutos.
Até o momento, não há uma regulação internacional específica para os produtos disponíveis comercialmente que incorporem nanopartículas em alguma etapa do processamento industrial. Outro ponto a ser argumentado refere-se a ausência de protocolos internacionais padrão confiáveis para a avaliação da toxidade humana e ambiental às nanopartículas.
Um fator incontestável deve-se a melhoria da qualidade e custo-benefício dos produtos e processos nanotecnológicos, bem como os benefícios sociais agregados a esta tecnologia. Portanto, as empresas têm desenvolvido planos estratégicos de negócios e políticas em pesquisa, desenvolvimento e inovação com o intuito de vantagens competitivas industriais nas áreas de alimentos, cosméticos, farmacêutica, medicina, esportes, têxtil, automotiva, aeroespacial, militar, engenharia civil, energia entre outros.
O livro está disponível nesse link.
Fonte: Unesp Agência de Notícias (UnAN)
No dia 25 último, começaram as atividades da 10ª edição do projeto de extensão universitária “Difundindo e Popularizando a Ciência: interação entre pós-graduação e ensino básico", que é composto por cursos de férias, destinados a alunos do Ensino Médio de escolas públicas de Botucatu e região.
A professora Maria Dalva Cesario, diretora do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), destacou o empenho dos monitores e cumprimentou os idealizadores do projeto pelo sucesso da ação. “Essa semente germinou e deu bastantes flores e frutos”, disse referindo-se ao desempenho alcançado pelo projeto. A possibilidade de aquisição de novos conhecimentos pelos participantes dos cursos foi outro aspecto enfocado por ela. “Será uma semana divertida e vocês vão levar muito conhecimento."
A coordenadora do projeto, a professora Adriane Pinto Wasko, salientou que o projeto se diferencia por conseguir reunir na universidade pessoas de diversos segmentos em uma interação profícua. “Espero que tenham uma semana incrível, de muito aprendizado”, disse a docente.
Os cursos que ocorrem até o próximo sábado (30/1), contam com cerca de 250 inscritos, e abordarão as temáticas Genética; Botânica; Reprodução; Doenças tropicais; e Virando a célula do avesso. Os conteúdos serão trabalhados por meio de atividades lúdicas e contam com orientação de professores do IB e da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), monitoria de alunos dos programas de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Genética, Botânica e Biologia Geral e Aplicada), Biometria e Doenças Tropicais, além da atuação de graduandos.
Trajetória
Após a abertura oficial do evento, a professora Wasko apresentou um histórico de experiência em relação à interação entre universidade, ensino básico e ciência anterior ao projeto implantado no IB. Segundo ela, o precursor nesse tipo de trabalho foi o professor Leopoldo de Meis, que iniciou ações nessa área em 1985, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Fonte: Unesp Agência de Notícias (UnAN)
Já adquiri o primeiro volume (dos cinco programados) da coleção “Por que cruzamos os braços”, editado pelo Dieese e pela Cortez Editora.
São depoimentos de dirigentes sindicais sobre as greves no Brasil de 1968 aos dias atuais, com 12 entrevistas, das 60 que compõem o conjunto.
Neste “Livro 1” foram ouvidos: Ênio Seabra, José Ibrahin (já falecido), João Paulo Pires Vasconcelos, José Francisco da Silva, Luiz Inácio Lula da Silva, Arnaldo Gonçalves, Célia Regina Costa, Gilson Menezes, Eunice Cabral, Luiz Soares Dulci, Luiz Gushiken (já falecido) e Edmilson Felipe Neri.
A Introdução aos textos contém a lista completa dos 60 entrevistados, cujas escolhas são indiscutíveis e garante o antegozo das publicações a serem feitas, já que “os dirigentes sindicais têm uma visão privilegiada sobre os movimentos grevistas”.
Mas, as entrevistas editadas com a organização de Carlindo Rodrigues de Oliveira e Eduardo Garuti Noronha vão além disso; referem os elementos da formação dos dirigentes, suas experiências e o que têm a nos ensinar sobre greves e tudo o mais da vida sindical.
É uma pena que eu não tenha podido, com antecipação, dar alguma opinião sobre os dirigentes que mereciam ser lembrados. Se a lista dos 60 nomes pudesse ser aumentada teria sugerido acrescentar Sergio Butka (metalúrgicos do Paraná), Maria Izabel e Lourdes Gutierres (auditoras fiscais do RJ e de SP), Osvaldo Rossato (telefônicos de São Paulo, com saudade do Geraldo Vilhena, já falecido), Geraldino dos Santos e Miguel Torres (metalúrgicos de São Paulo, com saudade do Joaquinzão, do Newton Cândido e do Walter Schiavon, já falecidos) e Douglas Martins de Souza (construção civil de Santos).
Todos estes teriam muito a dizer sobre greves porque as dirigiram, e grandes, e alguns ainda as dirigem.
Mas, falta mesmo, para mim, foi a imperdoável ausência na lista dos 60, do eletricitário Hugo Perez, que além da experiência grevista e organizacional era o secretário geral do Dieese no episódio narrado na página 16 do livro; lacuna que é quase um buraco negro na obra.
Se pudesse, ainda, fazer mais sugestões recomendaria uma série sobre os que, não sendo dirigentes, atuaram em greves inolvidáveis: Serjão, Franzin, Tarcísio, dr. Iracy (do Paraná), Pavão, Frederico Pessoa, dr. Stein, dr. Arouca, Aloisio Azevedo e Walter Barelli (que fez o prefácio do livro).
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
Apesar de algumas considerações negativas que fazem a respeito do futuro do País, o Brasil é uma das poucas nações que podem crescer tanto como exportadora de manufaturados como de commodities. Um exemplo disso é que, mesmo com a crise que instalou nos últimos anos, o País registrou aumento na participação de manufaturados no volume exportado, que passou de 35,6% em 2014 para 38,1% em 2015.
Com isso, foi retomado o nível de 2013, quando essa participação chegou a 38,4%, embora esse índice ainda esteja longe dos 55% alcançados em 2007. Desde então, as commodities – minérios, soja, milho e trigo à frente – avançaram bastante, mas isso não significa o pior dos mundos para o País. Pelo contrário. É verdade que a desaceleração econômica na China tem provocado quedas nas cotações, mas tudo indica que essa é uma fase passageira.
Até porque a demanda chinesa é inesgotável, pois se trata de um país que, embora tenha dimensões continentais, dispõe de apenas 11% de seu território como arável e recursos hídricos limitados, além de enfrentar problemas provocados por industrialização acelerada, que têm levado a poluição a níveis alarmantes.
Isso significa que o sonho chinês de autossuficiência é, praticamente, inatingível. Por outro lado, o Brasil, a exemplo de outros países provedores como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Indonésia, Malásia e Argentina, oferece uma economia comprovadamente completar à chinesa. Ou seja, tudo indica que o agronegócio brasileiro, que hoje responde por 22,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 43% das exportações, terá vida longa.
É preciso, porém, que o governo faça a sua parte não só estimulando os produtores rurais como melhorando o sistema logístico em direção ao Norte, com a conclusão das obras da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, e a construção da TO-500, que passa por dentro da Ilha do Bananal, ligando Mato Grosso a Tocantins, e da Ferrovia Transoceânica, que terá 5,3 mil quilômetros, dos quais 2,9 mil em território nacional, ligando o Litoral Norte do Rio de Janeiro à malha ferroviária do Peru.
Com isso, será possível, segundo cálculos dos produtores, reduzir para US$ 30 o preço da tonelada de grãos exportados para a Ásia, o que justifica a participação chinesa na construção daquela ferrovia. Diante disso, é com otimismo que se vê o futuro do País, pois, com a venda de produtos manufaturados para o exterior em crescimento, será possível também reverter a atual tendência de queda nas importações de bens de capital, que abrangem máquinas e equipamentos essenciais à expansão industrial. Ou seja, em pouco tempo, será possível reverter o atual quadro de pessimismo.
* por Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) destacou, no dia 19 último, que os países emergentes podem superar diversos desafios de desenvolvimento caso explorem a tecnologia conhecida como ‘internet das coisas’. Em 2015, mais de um bilhão de equipamentos automatizados foram encomendados. Segundo previsões da agência da ONU, esse ramo das tecnologias de comunicação e informação (TICs) deve gerar lucros de cerca de 1,7 trilhão de dólares, até 2019.
Em relatório elaborado com a empresa multinacional Cisco Systems, a agência das Nações Unidas identificou as razões pelas quais a ‘internet das coisas’ (ou IoT, na sigla em inglês) conserva um enorme potencial para o cumprimento da Agenda 2030 em economias em desenvolvimento.
Foto: Postscapes (cc)
Sensores usados nas plantas medem a quantidade de água, sol e temperatura
O conceito de IoT diz respeito a um número crescente de aparelhos, desde computadores e smartphones até sensores e chips simples, que estão conectados à internet e são capazes de se comunicar com outros equipamentos, frequentemente sem a necessidade de uma intervenção humana. Essa conectividade já é extensivamente utilizada em sistemas de armazenamento, na gestão de frotas, no monitoramento ambiental e em muitos processos industriais. Até 2020, estima-se que 20 bilhões de aparelhos estarão conectados em alguma forma de rede.
Para a UIT, nações em desenvolvimento podem explorar a ‘internet das coisas’ na prestação de serviços básicos de saúde e educação, bem como em outras áreas, para melhorar a qualidade de vida das populações. Em sua pesquisa, a agência mostra como os aparelhos equipados com essa tecnologia já são comuns, baratos e facilmente substituíveis em mercados emergentes. Esses países também contam com a infraestrutura básica necessária para o funcionamento da IoT, como conexão com a internet.
A agência da ONU calcula que a conectividade móvel alcança quase todas as pessoas residentes em países em desenvolvimento. A cobertura 2G já atingiu o índice de 95% e níveis cada vez maiores têm sido registrado para a conexão 3G, cuja penetração é estimada em 89% para moradores de áreas urbanas. A UIT ressaltou ainda que a ‘internet das coisas’ não necessita de uma estrutura tão complexa como a existente em nações desenvolvidas para funcionar em economias emergentes.
De fato, aparelhos dotados da IoT já têm sido usados nesses países, mesmo em áreas remotas e pouco habitáveis, contribuindo para operações em zonas externas, onde as condições climáticas são instáveis. A agência da ONU destacou também a facilidade de instalação e manutenção dos equipamentos, bem como sua adaptabilidade a contextos em que o fornecimento de energia elétrica está comprometido. Segundo a UIT, muitos desses aparelhos funcionam com fontes alternativas de energia, como a solar.
Fonte: ONU
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, na sexta sexta-feira (22/01), que infecções pelo vírus zika já foram registradas em vinte países das Américas e em cerca de dez outros na África, na Ásia e no Pacífico. O Brasil foi citado como uma das nações onde o surto da doença é mais amplo. Colômbia, Panamá, El Salvador e Cabo Verde também apresentam um número expressivo de casos. Embora os vínculos entre o vírus e a ocorrência de microcefalia ainda estejam sendo pesquisados, a OMS destacou que, em 20 estados brasileiros, 3.893 casos suspeitos da má formação neurológica, entre eles, 49 fatais, já foram relatados.
A agência da ONU também informou ter conhecimento de um caso de microcefalia no Havaí, associado a um viajante vindo do Brasil. Equipes da OMS têm trabalhado com as autoridades brasileiras para investigar a relação entre as doenças.
Foto: OMS
Telas de proteção contra mosquitos são recomendadas pela OMS para prevenir infecções pelo vírus Zika
Segundo o porta-voz da Organização, Christian Lindmeier, a microcefalia poderia ter diferentes origens, como toxinas, drogas e a síndrome de Down. No entanto, desde 2015, a razão mais consistente que explica o aumento do número de bebês diagnosticados com a má formação seria a proliferação do vírus Zika.
O mosquito vetor do Zika é o mesmo responsável pela transmissão da dengue, da febre amarela e da chikungunya. Para a OMS, as melhores medidas de prevenção incluem a utilização de repelentes de insetos e de redes de proteção contra mosquitos, além do uso de roupas como calças e blusas de manga comprida. Países têm trabalhado para eliminar criadouros do vetor da doença.
De acordo com Lindmeier, a infecção pelo zika ainda era bastante desconhecida, pois dava origem a uma doença branda, tratada facilmente. Caso seja confirmado o vínculo entre o vírus e a microcefalia, a situação será diferente. Atualmente. A OMS também está investigando a relação do zika com outras síndromes do sistema nervoso, verificadas na Polinésia Francesa, onde um surto do vírus atingiu a população em 2013 e 2014.
Até o momento, a agência da ONU não emitiu nenhuma recomendação de viagem, mas disse que centros nacionais podem aconselhar cidadãos a não viajarem para determinados destinos, com base em informações já obtidas.
Fonte: ONU Brasil
A presidente Dilma Rousseff pretende anunciar, possivelmente já na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “Conselhão”, as bases de uma nova reforma da previdência no Brasil.
Para tanto já solicitou às equipes técnicas que apresentem duas alternativas, com as diretrizes para as mudanças constitucionais relativas a dois aspectos: idade mínima e unificação de critério de idade e tempo de contribuição entre homens e mulheres e entre trabalhadores urbanos e rurais.
A ideia inicial é tratar apenas do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), a cargo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Só incluirá o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que trata da previdência dos servidores, se houver pedido dos governadores, que passam por enormes problemas de insuficiência de financiamento da previdência do setor público.
Entretanto, se a presidente resolver propor, além da idade mínima, a equiparação dos critérios de idade e de tempo de contribuição entre homens e mulheres, que são iguais nos dois regimes previdenciários, e também dos critérios de pensão, que atualmente são diferentes para os servidores e trabalhadores do setor privado, inevitavelmente a proposta governamental terá que mexer também na previdência do servidor, havendo ou não pedido dos governadores.
O fato é que a proposta dificilmente cuidará apenas do regime geral, avançando, de algum modo, nas regras que se aplicam aos servidores públicos dos três níveis de governo: União, Estados e Municípios.
O governo, com a decisão de propor a reforma, enfrentará um enorme dilema. Se resolver atender aos apelos do mercado, desagradará fortemente sua base social, formada, em grande medida, por assalariados, com cortes ou redução de direitos ou expectativas de direitos, ainda que haja regra de transição.
O dilema é ainda maior porque o mercado não lhe terá nenhuma gratidão pela iniciativa e ainda irá criticar o governo se não conseguir aprovar o texto, como tudo leva a crer. Ou seja, o desgaste seria duplo. Frustração do mercado e indignação da base social.
De fato, a decisão de propor a reforma da previdência é uma grande contradição da presidente. Na campanha ela disse que “não reduz direito nem que a vaca tussa”. E, ao contrário do que afirmou, logo no primeiro ano de mandato já editou as medidas provisórias 664 e 665, que mexeram e reduziram direitos, sim. E agora pretende fazer a reforma da previdência.
Não se desconhece os problemas da previdência, mas não se pode propor qualquer corte de direito, sem combater as fraudes, combater a sonegação, cobrar as dívidas com o INSS, reduzir ou eliminar as renúncias e incentivos fiscais com recursos da previdência social, além de enfrentar o problema dos juros, que só no ano passado consumiu o equivalente a dez anos de arrecadação da CPMF, algo próximo de R$ 500 bilhões ou meio trilhão de reais.
Além disso, não há ambiente para aprovação da reforma no Congresso. Nem oposição nem a base irão apoiar uma matéria polêmica e impopular como essa, especialmente depois que acabou o financiamento empresarial de campanha, que permitia a compra de votos. Agora o candidato terá que convencer o eleitor e ninguém votará em quem votou contra seus interesses.
Ora, se o governo não tem força política para aprovar a CPMF, que pode ajudar a resolver o problema da saúde e até ajudar no financiamento da previdência, duas políticas públicas que interessam ou beneficiam a maioria dos eleitores, imagine a reforma da previdência, que pode prejudicar ou retirar direitos da maioria da população.
Trata-se, portanto, de um grande equívoco. Isso não foi discutido na campanha; o governo não tem base política e social para votar essa matéria; se aprovado não resolverá o problema de caixa da previdência, porque só terá efeitos práticos daqui a vários anos, pelas prováveis regras de transição; não irá agradar ou acalmar o mercado; só vai aumentar a indignação e a revolta dos trabalhadores com o governo federal.^
* por Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
“Intolerância religiosa é a face mais perversa do racismo”, disse, nesta quinta-feira (21/01), Baba Diba de Iemanjá, sacerdote africanista e presidente do Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul, durante a Marcha pela Vida e Liberdade Religiosa, que percorreu nesta quinta-feira as ruas do centro de Porto Alegre. É o oitavo ano que a caminhada ocorre na capital gaúcha no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Nesta edição, a marcha foi uma atividade do Fórum Social Temático.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcha toma conta das ruas de Porto Alegre nesta quinta-feira (21)
Ao som de tambores, com vestimentas brancas e cantorias, diversos terreiros do Rio Grande do Sul se encontraram no Largo Glênio Peres e seguiram até o Largo Zumbi dos Palmares. “[A marcha] surgiu como ato político para dar visibilidade à intolerância religiosa e também à luta pela reivindicação de direitos, direitos sociais, pela garantia do Estado laico e também para tentar diálogo com as outas religiões”, informou Baba Diba.
O dia 21 de janeiro é uma referência a ataques sofridos por Mãe Gilda, que teve a casa invadida por grupos evangélicos após uma foto dela ter sido colocada na capa da Folha Universal com o título “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.
A casa dela foi apedrejada e o marido agredido verbalmente. Gildásia dos Santos, nome de registro, não suportou os ataques e, após enfartar, faleceu em 21 de janeiro de 2000.
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Baba Diba lembrou os ataques incendiários em terreiros do entorno do Distrito Federal. Foram pelo menos três no ano passado. “Quanto mais avançamos em política pública, em discussões que tentam aproximar as tradições, o racismo muda de status e passa de velado à revelado. Aqui ainda não incendiaram terreiros, mas no país já. Por isso, precisamos estar nas ruas e fazer desse dia o dia nacional de combate à intolerância religiosa.”
A ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino, participou da marcha e destacou o evento como um momento de celebração da força ancestral africana.
“Ainda temos de lutar muito pela tolerância religiosa. O Brasil é uma democracia, um país de diversos e todos os credos e religiões têm de ser respeitadas e ter lugar”, acrescentou a ministra.
Sobre os ataques ocorridos no Distrito Federal, Nilma Lino afirmou que a Ouvidoria do órgão tem acompanhado o caso e prestado atendimento às vítimas.
A funcionária pública Júlia Kolatayó, 37 anos, não falava de religiosidade. “A sociedade nos julga pelos olhares. Agora que tenho militado bastante na questão social e na religião africana, tenho conseguido me afirmar mais, mas é bem difícil, porque já perdi emprego, cargo, cursos." Ela foi batizada com 25 anos e sofreu resistência da família católica quando decidiu mudar de religião.
Embora não seja de religião africana, o analista de sistemas Alexandre Hahn disse que também enfrenta preconceitos por conta da religião de bruxaria Wicca. “Não é todo lugar e momento que posso dizer que sou bruxo. Quando digo, a primeira pergunta que vem à cabeça é se faço magia negra. Magia não tem cor. Se vou numa entrevista de emprego, pentagrama é sempre dentro da camiseta. Não posso mostrar. Rosário, uso aqui hoje, mas não posso usar em todo lugar.”
Michel Borges, o Pai Maicon de Oxalá, foi criado na religião africanista no município de Santa Maria. Segundo ele, a relação do terreiro com a comunidade foi construída através de uma aproximação ao longo dos anos. “Temos a festa de Natal, das crianças, das mães. Assim, estabelecemos uma relação com as pessoas e todos respeitam.”
Maria de Fátima Rodrigues também nasceu na religião. “Minha mãe diz que eu tinha 24 dias quando passei a fazer parte da religião.” Maria de Fátima lembrou que a estratégia para estabelecer um vínculo com a comunidade foi reunir crianças em uma ação de empoderamento da cultura negra.
Fonte: Por Camila Maciel – Enviada especial da Agência Brasil
As centrais sindicais CUT, Força, UGT, Nova Central, CTB, CSB e CGTB realizaram, no dia 19 último, em frente ao Banco Central, em São Paulo, ato contra os juros altos. A manifestação unitária mostrou o descontentamento geral do sindicalismo com a política econômica do governo.
O centro das falas foi combater o juro alto, retomar o investimento público e sanear a Petrobras. “Já temos os juros mais altos do mundo e a inflação não cai. Ao contrário, o juro alto torna a vida mais cara e faz a inflação subir”, diz Canindé Pegado, secretário-geral da UGT. Para Miguel Torres, presidente da CNTM-Força, “o remédio do juro alto está matando o paciente”. E sugere: “O próximo protesto deve ser em frente à Anvisa”.
Desemprego - Para os sindicalistas, uma das consequências dos juros extorsivos é mais desemprego. Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, afirma: “Podemos chegar ao final do ano com desemprego de 15%. Antes, as indústrias demitiam. Agora, estão fechando”.
Várias falas destacaram a importância da unidade das Centrais, mas também de uma ação articulada com o setor produtivo. Para Wagner Gomes, secretário-geral da CTB, “o empresariado do setor produtivo precisa reagir contra as altas nos juros e o encarecimento do crédito”. Ele diz: “Sem dinheiro e com o crédito caro, a pessoa não compra e isso gera um efeito negativo em toda a cadeia produtiva”.
Serviços
Lineu Mazano, presidente da Federação dos Sindicatos de Servidores Públicos no Estado de SP (UGT), lembra que o pagamento da dívida retira dinheiro dos serviços públicos. “E serviço público de má qualidade é outra pena que o governo impõe ao cidadão”, ressalta.
Os sindicalistas deixaram claro que o ato de hoje foi um evento de dirigentes. Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, ao mencionar que o setor automotivo está 50% parado, conclamou o movimento sindical a reforçar sua unidade e ampliar os protestos. “Temos de mostrar forças, porque, se não, o governo vai continuar ouvindo apenas os banqueiros”, ele alerta.
Fonte: Agência Sindical