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       O acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera provoca o aquecimento global com catastróficas consequências. Correspondem a dióxido de carbono (CO2), 77% deles, resultado da queima de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica e movimentar indústrias e veículos.
        A redução das emissões de CO2 é essencial para impedir que a concentração de gases provoque o aumento de 2º C na temperatura, limiar máximo tolerável, devido ao degelo das calotas polares e ao aquecimento dos oceanos o que levaria à inundação das zonas costeiras, onde vivem cerca de 70% da população mundial.
       A solução da crise ambiental depende da transformação da matriz energética, em especial das usinas de geração de eletricidade de modo a que venham a utilizar fontes "limpas" de energia. Os países que são importantes emissores de gases não têm recursos hídricos suficientes ou não têm capacidade para gerar economicamente energia eólica e solar.
       Resta a energia nuclear para gerar energia elétrica em grande escala, uma vez que boa parte dos problemas ambientais e de segurança estão superados. Patrick Moore, fundador do Greenpeace, declarou: "A energia nuclear é a única grande fonte que pode substituir os combustíveis fósseis".
        Das reservas de urânio, 81% se encontram em seis países. O Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio e a estimativa é de que possa vir a deter a terceira maior. O Brasil é um dos oito países que detêm o conhecimento do ciclo completo do enriquecimento de urânio e a capacidade industrial para produzir todas as etapas do ciclo. A China e a Índia, com populações em situação de extrema pobreza, terão de instalar capacidades extraordinárias de usinas não poluentes para aumentar a oferta de energia elétrica sem aumentar suas emissões de CO2.
        É urgentíssimo diminuir a emissão de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, acelerar o crescimento econômico para retirar centenas de milhões da pobreza abjeta em que vivem. Isso só é possível com a geração de energia elétrica a partir do urânio.
        A deterioração das condições climáticas e fenômenos naturais extremos farão com que a urgência de medidas de reorganização econômica se imponha. Assim, o mercado internacional para urânio enriquecido será extremamente importante, caso se queira evitar catástrofes climáticas irreversíveis.
       Propostas dos países nucleares, sob o pretexto de enfrentar ameaças terroristas, afetam profundamente as possibilidades de participação do Brasil nesse mercado. Essas propostas procuram concentrar nos países altamente desenvolvidos a produção de urânio enriquecido e impedir sua produção, em especial naqueles países que detêm reservas de urânio e a tecnologia de enriquecimento.
       Os países nucleares procuram restringir a transferência de tecnologia, impedir o desenvolvimento autônomo de tecnologia e conhecer o que os demais países estão fazendo, sem revelar o que eles mesmos fazem. O Protocolo Adicional aos Acordos de Salvaguarda com a AIEA é um instrumento contra os países onde há capacidade de desenvolvimento tecnológico, como é o caso do Brasil. Onde não há essa capacidade o protocolo não tem nenhuma importância, nem para os que dele se beneficiam nem para aqueles que a suas obrigações se submetem.
        A concordância do Brasil em assinar um Protocolo Adicional ao Acordo de Salvaguardas, que é instrumento do Tratado de Não Proliferação (TNP), permitiria que inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sem aviso prévio, inspecionassem qualquer indústria que considerassem de interesse além das instalações nucleares (inclusive as fábricas de ultracentrífugas) e o submarino a propulsão nuclear, e tivessem acesso a qualquer máquina, a suas partes e aos métodos de sua fabricação, ou seja, a qualquer lugar do território brasileiro, quer seja civil ou militar, para inspecioná-lo, inclusive instituições de pesquisa civis e militares.
       Os inspetores são formalmente funcionários da AIEA, mas, em realidade, técnicos altamente qualificados, em geral nacionais de países desenvolvidos, naturalmente imbuídos da "justiça" da existência de um oligopólio nuclear não só militar, mas também civil, e sempre prontos a colaborar não só com a AIEA, o que fazem por dever profissional, mas também com as autoridades dos países de que são nacionais.
        O Protocolo Adicional e as propostas de centralização, em instalações "internacionais", da produção de urânio enriquecido são instrumentos disfarçados de revisão do TNP no seu pilar mais importante para o Brasil, que é o direito de desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos. Essa foi uma das condições para o Brasil aderir ao TNP, sendo a outra o desarmamento geral, tanto nuclear como convencional, dos Estados nucleares, como dispõe o Decreto legislativo 65, de 1998.
         Todavia, desde 1968, quando foi assinado o TNP, os Estados nucleares incrementaram de forma extraordinária a letalidade de suas armas nucleares e convencionais e assim, portanto, descumpriram as obrigações que assumiram ao subscrever o TNP. E agora desejam rever o Tratado para tornar sua situação ainda mais privilegiada, seu poder de arbítrio ainda maior e a situação econômica e política dos países não nucleares ainda mais vulnerável diante do exercício desse arbítrio.
        Ao contrário da enorme maioria dos países que assinaram o Protocolo Adicional, o Brasil conquistou o domínio da tecnologia de todo o ciclo de enriquecimento do urânio e tem importantes reservas de urânio. Só três países - Brasil, Estados Unidos e Rússia - têm tal situação privilegiada em um mundo em que a energia nuclear terá de ser parte importante e indispensável da nova economia livre de carbono, fundamental à sobrevivência da humanidade. Aceitar o Protocolo Adicional e a internacionalização do enriquecimento de urânio seria um crime de lesa-pátria.

 

Valor Econômico, 11/6
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       Se você tem um filho com menos de 15 anos, saiba que a sorte dele é maior do que a sua. Se for neto, tem tanta sorte quanto você. Como assim? A possibilidade de retomada de um ciclo consistente e duradouro de crescimento econômico no país ilumina as novas gerações, que devem aproveitar as benesses de uma economia em alta.
       Seus pais, gente que hoje têm entre 20 e 50 anos, ao contrário, enfrentaram mais dificuldades por viverem em um momento marcado pela estagnação e poucas oportunidades de trabalho e renda - um período de vacas magras, enfim.
        O último ciclo de forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de 1968 a 1976, quando a economia crescia a um ritmo médio próximo a 10% ao ano. Desde então, o país patina, apresentando ora resultados satisfatórios, ora desempenhos pífios. A avaliação dos economistas é de que, agora, o Brasil reúne as condições necessárias para a repetição de um novo ciclo expansionista.
        "Diria até que as variáveis são melhores do que nos anos 1970, ou seja, temos as ferramentas para crescer por um período ainda maior", diz Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor da Dívida Pública do Banco Central.

Pleno emprego
       O PIB mostra o comportamento geral de uma economia, pela soma dos bens e serviços produzidos por um país - é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O fato de estar em expansão forte abre, na vida prática de cada um, uma vastidão de oportunidades.
       Aposentado do Banco do Brasil desde os anos 1980, Alvimar Gomes da Fonseca, 72 anos, sonha com a volta de uma época em que as coisas "eram mais fáceis". Não que fossem de fato, é claro. Mas as pressões vindas da falta de oportunidades eram menores. Hoje, torce por seus netos João Vítor e Carolina Mundim, de 10 e 15 anos, respectivamente.
       Entre as duas gerações de Alvimar e João Vítor, há a comerciante Flávia Neumar Gomes da Fonseca, filha do aposentado. Ela é dona de uma loja de roupas na Savassi, tradicional região de Belo Horizonte.
       Nascida na década de 1970, Flávia cresceu, estudou e trabalhou em um país cujo PIB médio aumentou menos de 2% em duas décadas. "Eu sei de uma coisa: aos 33 anos comprei meu carro e já cheguei a ter quatro na garagem", diz, saudoso, Alvimar Fonseca. "Enquanto isso, a Flávia tem só um".
         Se tudo der certo, João Vitor e Carolina encontrarão um país com muito mais oportunidade econômica. De emprego, por exemplo. Cálculos da Fundação Seade, vinculada ao governo paulista, mostram que, a cada ponto percentual de crescimento do PIB, a taxa de desemprego recua meio ponto percentual na Grande São Paulo. Dessa forma, se a previsão de expansão média de 5% nos próximos anos vingar, a economia do país passará à condição de pleno emprego.

Para ficar
       Na última terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os últimos números do PIB: cresceu 9% ante o primeiro trimestre do ano passado, a maior expansão em tal comparação de toda a série histórica iniciada em 1995.
       Um indicador mais apropriado para ilustrar a melhora é lembrar que o consumo das famílias brasileiras cresce ininterruptamente há seis anos - aumentou 9,3% no primeiro trimestre frente a igual período de 2009.
        Melhor ainda é que os investimentos dispararam 26%. Isso é importante para permitir a manutenção da expansão do PIB sem a arrancada dos preços, pois o país terá mais produção para acompanhar a alta do consumo, impedindo a chamada inflação de demanda.

Inflação
        Economistas estimam que o país precisa de taxa de investimento de 25% do PIB para ter mais segurança. Atualmente, essa taxa é inferior a 20%. "O país consegue aguentar um crescimento de curto prazo sem provocar inflação, mas, para crescer a pelo menos 5,5% nos próximos anos, o Brasil terá de investir bem mais do que está fazendo", diz o economista Alcides Leite Júnior, da Trevisan Escola de Negócios.
        Uma das características desses momentos expansionistas é a transformação do país em um canteiro de obras - o que já existe na China há alguns anos. Hoje, uma viagem de carro pelo país revela inúmeras obras, privadas e públicas. É um cenário que a chamada geração produtiva (que tem de 20 a 50 anos) não está acostumada a ver no país. "Tomara que venha para ficar. Meus netos merecem", afirma Alvimar da Fonseca.

 

Herbert Xavier, Correio Braziliense
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Lançada ontem, a campanha da OIT tem o objetivo de chamar a atenção o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, que se comemora em 12 de junho

       Um cartão vermelho para o trabalho infantil é o símbolo da campanha lançada nesta quinta-feira contra o trabalho de crianças e adolescentes organizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. O objetivo é chamar a atenção para a data em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, 12 de junho.
       Segundo informações da OIT, há 215 milhões de crianças e adolescentes trabalhando em todo o mundo. O coordenador do Programa para Eliminação do Trabalho Infantil da OIT, Renato Mendes, explica que o cartão vermelho foi escolhido como símbolo da campanha por mostrar a intolerância contra o fato de crianças trabalharem.
        “O cartão vermelho significa colocar as regras claras. Tudo na vida tudo tem suas regras. O futebol tem suas regras, cartão vermelho para quando jogar sujo. O trabalho infantil é jogar sujo. Jogo limpo dentro do campo é criança brincando, é criança na escola. Esse é o significado da campanha”, explicou. A campanha tem como garoto propaganda o jogador de futebol Robinho, que cedeu o uso de sua imagem em prol da causa.
Esforços no Brasil
       Mais de 3 milhões de crianças já deixaram o trabalho precoce diante dos esforços do Brasil em erradicar o trabalho infantil, afirmou ontem (10) a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, no lançamento da campanha Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil.
        Segundo a ministra, o número foi alcançado desde 1996, quando o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) foi criado. Atualmente mais de 800 mil crianças são atendidas pelo programa. Elas desenvolvem atividades socioeducativas e frequentam a escola.
        A ministra disse que, apesar da Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirmar que o Brasil está avançando, ainda há desafios. “Ainda há formas que chamamos de invisíveis de trabalho infantil, que são as crianças e adolescentes que estão trabalhando como empregada doméstica, aqueles que estão na área rural e nem sempre conseguimos identificar”, explicou.
        Segundo dados do IBGE, há, no Brasil, 4,5 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. No mundo, esse número chega a 215 milhões. Márcia Lopes também chamou atenção para o fato de educar as famílias para que compreendam a importância da infância para a criança. “Há o trabalho com as famílias, que tem sido feito com as escolas, com os centros de referência. O atendimento sociofamiliar tem esse objetivo, que as famílias se sintam acolhidas pelos programas de transferência de renda, de inclusão produtiva, de organização da sua comunidade, que a família se sinta motivada a interagir com essa rede de proteção social”, afirmou.
        A ministra lembrou que a população pode ajudar denunciando nos conselhos tutelares de suas cidades ou pelo telefone 0800-707-2003, ou pelo Disque 100.

 

Fonte: Roberta Lopes e Lana Cristina, ABr
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Estudantes de Porto Alegre (RS) e de São Paulo se preparam para mais uma edição do RoboCup 2010. O evento é uma espécie de Copa do Mundo dos robôs e se realiza de 19 a 25 deste mês, em Singapura

       Estudantes de Porto Alegre (RS) e de São Paulo se preparam para mais uma edição do RoboCup 2010. O evento é uma espécie de Copa do Mundo dos robôs e se realiza de 19 a 25 deste mês, em Singapura. A competição é considerada a maior e mais importante plataforma de pesquisa em robótica e vai reunir mais de 400 equipes de 40 países.
       Entre os brasileiros participantes, estão alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), de São Paulo. As equipes estão inscritas na categoria Small Size (que utiliza pequenos robôs de 15 cm de altura), também conhecida como F-180.
       O grupo da FEI é formado por nove alunos dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e de mestrado. Os universitários levam para a disputa sete robôs (cinco jogadores, sendo um goleiro, mais dois reservas). Cada robô tem cinco motores e quatro rodas, além de quatro baterias de 7,4 volts.

Futebol
       Na partida, atletas e treinadores são substituídos pelas máquinas. O jogo ocorre num campo com 17,5 metros quadrados, onde os robôs são comandados por um programa executado em tempo real no computador. Duas câmeras, instaladas a uma altura de quase quatro metros, captam as imagens da partida e enviam ao computador, que controla os robôs via radiofreqüência.
       "São robôs automáticos que jogam sem a interferência humana, nós somos meros espectadores. É praticamente igual ao futebol que conhecemos, tendo a partida duração de dois tempos de cinco minutos. O juiz também é automático, neste caso uma pessoa apenas aperta os botões para indicar o que ocorreu", conta o coordenador do projeto Futebol de Robôs da FEI, Flávio Tonidandel.
       Algumas regras são mais rígidas. "O atacante não pode entrar na área do adversário porque senão é falta ou pênalti. Isso é só para evitar que um robô fique obstruindo o outro", acrescenta o professor, que já acumula experiência em competições com robôs há quase sete anos.

Novas tecnologias
       A competição internacional se realiza há mais de 10 anos e envolve a participação de robôs inteligentes de uma forma geral; entre as modalidades, estão as categorias: resgate, colaboração e ambiente de simulação. Em 2009, a equipe da FEI ficou entre as 12 melhores colocadas no torneio realizado na Áustria. A expectativa é de ter desempenho superior nesta edição.
       A parte eletrônica utiliza a tecnologia FPGA, um microcontrolador que garante mais flexibilidade aos robôs. Outra novidade está na parte mecânica, que ganhou motores mais potentes, de 50 watts. Os estudantes da FEI também fizeram modificações no software de Inteligência Artificial para garantir melhor defesa e tomada de decisões mais rápidas.
       "Então, para esse ano temos um sistema de eletrônica mais apurado, detalhado; que dá uma capacidade de programação maior. A parte mecânica está mais estruturada, robusta e forte. Os nossos robôs antes eram mais lentos e quebravam peças facilmente ao serem atingidos com chutes muito fortes. Agora eles agüentam mais partidas de futebol", garante Tonidandel.
       A equipe da FEI já se prepara para competir na categoria bípedes (humanoide) da RoboCup. A expectativa é aprender nessa edição para competir em 2011. "A dificuldade é maior. Deixar o robô em pé como ser humano. Cada um enxerga a bola de um ângulo diferente e eles precisam conversar em campo e tomar decisões", esclarece o professor.
       A primeira demonstração humanoide deve ocorrer no Brasil, ainda neste ano, de 23 a 28 de outubro, dentro das programações da Competição Brasileira e da Latino-Americana de Robótica, na sede da instituição.

Reforço curricular
       De acordo com o instrutor da FEI, a participação no mundial trouxe como resultado o grande aprendizado. As competições serviram de motivação para os alunos e para estimular o desenvolvimento da robótica móvel no País; diante dos avanços obtidos nas áreas de mecânica, eletrônica e inteligência artificial.
       "É preciso trabalhar a parte de cooperação, movimentação e visão dos robôs. As equipes ainda trocam ideias, ciência e tecnologia. Lá fora, em nível de tecnologia, houve grande avanço e investimentos (em especial nos Estados Unidos e na Ásia) e nós também chegamos num nível que começamos a competir bem", avalia Tonidandel.
       Para os alunos envolvidos na RoboCup, a experiência é um reforço curricular. Os estudantes da FEI dedicam 20 horas por semana para o projeto, em período diferenciado ao do curso. Alguns participantes, como o paulista José Ângelo Gurzoni, de 29 anos, puderam acompanhar a evolução dos conhecimentos adquiridos desde início das competições, também realizadas no Brasil desde 2003.
       Hoje, Gurzoni faz mestrado em inteligência artificial na FEI e trabalha com softwares e sistema de computação no departamento de tecnologia do Banco Mundial. Para ele, a universidade é a fundação, mas o conhecimento prático faz a diferença. "Neste sentido aprendi muito, principalmente porque usamos e desenvolvemos softwares dentro do laboratório com uma complexidade bem maior do que normalmente é administrado em sala de aula", conta.

 

Denise Coelho, AssCom MCT
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       Quem quiser se especializar ou mesmo se formar como cientista do trabalho já pode começar a estudar. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicas (Dieese) conseguiu, há duas semanas, a liberação do Ministério da Educação (MEC) para abrir uma escola de ensino superior.
       Nesta quarta-feira (9), o Governo Federal assinou a concessão - sem ônus - por dez anos, de um prédio pertencente à União, no centro de São Paulo, que funcionará como sede da Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Segundo a entidade, a escola proverá cursos de graduação e pós-graduação, além de disciplinas de especialização para dirigentes sindicais.
       Os planos são ambiciosos, a julgar pelas ideias que o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio, apresentou ao Valor. Haverá um curso de graduação de três anos em ciência do trabalho. Além disso, Lúcio fala em pós-graduação e também num programa especial para dirigentes sindicais. 
       "Queremos, no futuro, que jornalistas, economistas, advogados e juristas se especializem na questão do trabalho", diz Lucio, para quem é "inacreditável" que um estudante de ensino superior seja formado em economia e passe quatro anos na faculdade sem ter contato com questões do trabalho.
       Num processo iniciado no fim de 2007, o Dieese precisa agora da liberação do MEC para poder lançar o primeiro curso. Além de técnicos do órgão, professores serão contratados e outros convidados a ministrar aulas. A primeira turma, avaliam os técnicos do Dieese, deve começar em julho de 2011, porque não haverá tempo hábil de fazer um vestibular ainda em 2010 para o curso começar em fevereiro do ano que vem.
       Os esforços dos técnicos do órgão, no entanto, são para iniciar os trabalhos já no início do próximo ano. Ainda não está definido o número de vagas que serão abertas, mas o prédio, de oito andares, comporta quatro salas de aula e dois laboratórios, além de biblioteca, lanchonete e um auditório para 120 pessoas.
       A escola ainda não tem uma receita definida, mas os gastos para 2010 estão incluídos no orçamento total da entidade de R$ 25,3 milhões. A ideia é que a escola seja mantida com os repasses recebidos pelo Dieese das centrais sindicais. Ainda não está definido se os cursos serão gratuitos ou não.
       Há a intenção também de fazer com que os cursos oferecidos pela Escola do Dieese possam ser cursados como disciplinas optativas por parte de estudantes de outras universidades. No início da semana, o Dieese assinou convênio com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), para intercâmbio de pesquisas e trabalhos. "A ideia é colocar o tema do trabalho nas faculdades, então apostamos em articulações com diferentes cursos em diferentes universidades", diz.
       O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse, na cerimônia de lançamento da escola, quarta-feira, ter ficado "encantado" com o projeto. "O presidente Lula achou a ideia fantástica e avaliou a concessão da sede como mais uma parceria do Governo com o movimento sindical." Seis centrais - CUT, Força, UGT, CTB, NCST e CGTB - receberam, desde 2008, R$ 146,5 milhões do Governo, como repasse de 10% do imposto sindical.

 

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       O crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, estimulado pelo consumo das famílias e pelos investimentos, pode ter chegado a uma taxa anualizada próxima a 14%, sobre o último trimestre de 2009, segundo levantamento feito ontem pelo Valor com economistas de várias instituições.
       A estimativa mais elevada foi feita pelo banco Credit Suisse Brasil, prevendo um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4% de janeiro a março sobre os três meses anteriores, já livre de efeitos sazonais.
       Para o ano, as previsões chegaram a 8%, um número considerado unanimemente insustentável dadas as limitações da economia brasileira. Hoje o IBGE divulga os números oficiais do PIB no período.
       Para Mônica Baumgarten de Bolle, economista-sócia da consultoria Galanto, o país não tem condições de crescer a uma taxa superior a 5% ao ano, de forma sustentável, por conta de gargalos de infraestrutura, baixo estoque de mão-de-obra qualificada e baixo nível de poupança doméstica.
       "Se o Brasil insistir em crescer acima de 5% vai afastar-se da meta de inflação de 4,5%, o que já está ocorrendo, e pode gerar um efeito perverso nas expectativas dos investidores. O aquecimento excessivo da demanda pode deteriorar as contas externas", afirmou.
       A economista estima que o país vai crescer 7% este ano. Na ponta, em relação ao último trimestre de 2009, ela acredita que o número virá entre 2,5% e 3% - o que representa uma taxa anualizada entre 10% e 12%.
       Ao contrário de outros macroeconomistas, a sócia da Galanto não vê sinais de desaceleração da economia e considera que a redução da produção industrial em abril foi uma mera acomodação com o fim dos incentivos fiscais ao consumo. Ela avalia que o país vai crescer menos em 2011 e terá que fazer ajustes nas áreas fiscais e monetária para enfrentar um cenário externo mais hostil.
       O ex-diretor do Banco Central (BC) Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), considera que após março houve efetivamente uma desaceleração da atividade provocada pelo "esgotamento" das medidas fiscais de estímulo ao consumo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis e eletrodomésticos.
       Freitas avalia que o crescimento do PIB foi de 3% sobre o trimestre anterior e de 10% sobre o mesmo período do ano passado, mas acredita que no total de 2010 a produção do país crescerá de 6% a 7%. E considera que, nas condições atuais, o PIB brasileiro não pode crescer de forma contínua a taxas superiores a 4% ou 5% sem provocar desequilíbrios na taxa de inflação e nas contas externas do país.
       Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, vê o chamado "PIB potencial" (limite de crescimento contínuo e saudável) na faixa de 4,5% a 5% e ressalta que esses números já significam expressivo avanço sobre os 2,5% de alguns anos atrás.
       Para superar os limites? No longo prazo, mais qualificação da mão de obra. No curto prazo, gastos públicos menores e melhores (mais investimentos e menos custeio), permitindo um ajuste mais suave da política monetária, de modo a não prejudicar os investimentos privados.
        O economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto, disse que prefere não trabalhar com o conceito de PIB potencial, mas concorda que há limites ao crescimento acelerado que vão das pressões inflacionárias ao aumento do déficit nas contas externas, passando pelas pressões por aumento salariais geradas pela escassez de mão-de-obra qualificada.
       O pesquisador Leonardo Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem uma visão diferente, embora concorde que os "modelos" indicam que o Brasil poderia crescer de 4,5% a 5,5% sem fortes pressões inflacionárias ou de balanço de pagamentos.
        Mas ele ressalta que, "olhando mais qualitativamente", é possível observar fenômenos que podem estar interferindo positivamente nesses limites, como o crescimento contínuo, exceto na crise, dos investimentos acima do PIB e o aumento da eficiência tecnológica, agregando competitividade à produção do País.

 

Chico Santos e Vera Saavedra Durão, Valor Econômico
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No evento técnico comemorativo, painel sobre licitações abordará o papel dos engenheiros nas contratações

       Para celebrar os 68 anos de fundação, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (SENGE-RS) realiza na sexta-feira dia 18 de junho um encontro de caráter técnico.
       Mais do que comemorar, o SENGE considera a data uma oportunidade de reunir a categoria em torno de temas de interesse dos profissionais. Na pauta do evento a ser realizado a partir das 14h no Hotel Deville em Porto Alegre, um painel sobre Licitações de obras, serviços e produtos de Engenharia, que pretende abordar o papel dos engenheiros nas contratações, suas responsabilidades e competências técnicas na defesa do interesse público.
       Ao propor o debate, o SENGE reitera sua postura de liderança e proteção frente à categoria. Esta vem enfrentando crescentes ameaças em sua atuação profissional em decorrência das carências operacionais impostas pela máquina pública, onde se observa muitas vezes a falta de valorização do profissional, falta de estrutura para o trabalho de projeto, execução, fiscalização, além da redução de quadros, entre outros problemas, principalmente nas administrações municipais (e Porto Alegre é um exemplo), no Governo do Estado e empresas públicas, situação agravada pela observância da Responsabilidade Técnica que caba profissional assume formalmente no exercício da sua atividade.
       Na segunda palestra da tarde, com início às 16h30, o Sindicato convidou o Jornalista Lasier Martins da Rádio Gaúcha, RBS TV e TV Com para apresentar aos cerca de 300 convidados, as perspectivas para o Rio Grande do Sul diante do atual processo político e econômico.

 

PROGRAMAÇÃO
18/06/2010
13h
– Recepção e Credenciamento
14h – Painel Licitações de Obras, Serviços e Produtos na Engenharia
      • Autonomia e Independência Técnica - Qualidade x Preço x Prazo
        Engenheiro Miguel Palaoro
      • A Defesa do Interesse Público 
        Engenheiro Cloraldino Severo
      • Responsabilidades Civis, Penais e Administrativas dos Profissionais
        Advogado Gladimir Chiele
      • Debates
16h – Coffee Break
16h30 – Palestra
      • Perspectivas de Crescimento do Rio Grande do Sul - Cenários Políticos e Reflexos para a Engenharia, Arquitetura e Agronomia
        Jornalista Lasier Martins

Local: Hotel Deville
Av. dos Estados, 1909 – Porto Alegre-RS
* Estacionamento gratuito
Inscrições gratuitas: (51) 3737-0993 ou Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. até 11/06.
Vagas limitadas

CONTATO:
Silvio Mezzari
Coordenador de Comunicação SENGE-RS
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
(51) 32301621
(51) 84111807

 

Currículo dos Palestrantes/Painelistas
Engenheiro Cloraldino Soares Severo
“Consultor de Sistemas de Transporte. Formado em Engenharia Civil – Especialização Transportes, na Escola de Engenharia, Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul - 1961.

Experiência na Função Pública: 1961-1985
1961 Engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER / 1968 Chefe da Divisão de Planejamento do DNER / 1969 Diretor de Planejamento do DNER / 1972 Superintendente do Grupo de Estudos de Integração da Política de Transportes – GEIPOT / 1973 Presidente da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT / 1976 Superintendente Adjunto do Instituto de Planejamento IPLAN/IPEA do Ministério de Planejamento / 1979 Assessor Técnico do Ministro dos Transportes, Secretário Executivo da Comissão de Coordenação do Consumo de Energia em Transporte, Secretário de Atividades Especiais do Ministério dos Transportes / 1981 Diretor Geral do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER / 1982 – 1985 - Ministro de Estado dos Transportes .

Experiência de Consultoria: 1985-2010
1985-1989 - Consultor Técnico da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT 1989 – 2.005 - Consultor - Cloraldino Severo & Associados Consultoria Ltda.
2006-2010- Consultor Individual (diversos clientes).
Na última década participou como consultor voluntário de movimentos de defesa do interesse público e de cidadania - ASSURCON, FÓRUM DEMOCRÁTICO, OAB, COMITÊ GAÚCHO DE CONTROLE SOCIAL - em questões como concessões de rodovias, tarifas de pedágio e transporte intermunicipal de passageiros por ônibus.

Experiência Acadêmica
1993-2006 - Professor na Engenharia Civil da Universidade Luterana do Brasil (Disciplinas Sistemas de Transporte, Transporte Intermodal, Economia de Transportes, e Engenharia de Tráfego).
Professor convidado em diversos cursos de pós-graduação.

Experiência no Tema
- Como Diretor de Planejamento, Diretor Geral do DNER e Ministro dos Transportes teve uma longa experiência com a matéria. Posteriormente na Década de 90 – como consultor privado foi o Chefe do Projeto de ”Revisão das rotinas de contratação de obras e serviços, das normas de licitação e contrato, da minuta padrão de edital de licitação, análise de minutas e editais de obras e serviços a contratar, e sugestões para a política de contratação de serviços e obras e modernização administrativa e de procedimentos do DNER”.

Engenheiro Miguel Jorge Palaoro
“Engenheiro Civil com especialização em Projeto de Produto/Desenho Industrial, foi Professor no Curso de Engenharia Civil da PUC/RS durante dez anos.
Conselheiro do CREA/RS durante diversos mandatos, ocupou cargos de diretoria e coordenação na câmara de Engenharia Civil, e atualmente ocupa a função de presidente do Conselho Técnico Consultivo do Senge/RS.
Nas atividades profissionais específicas desempenha as funções de diretor técnico de uma empresa distribuidora de softwares e equipamentos especializados para engenharia e arquitetura, e também é autor de livros técnicos e cursos de treinamento nas áreas de sua especialidade.”

Advogado Gladimir Chiele
“Advogado. Diretor da CDP - Consultoria em Direito Público. Exerceu várias funções dentro da Administração Pública, no âmbito estadual como no municipal, inclusive como Secretário Municipal. Também graduado em Jornalismo. Mestrando em Direito Público. Consultor e Professor convidado nos cursos de Pós Graduação em Direito Público na Universidade de Passo Fundo - UPF e Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Presidente do INESPA - Instituto de Estudos e Pesquisas Ambientais, Sociais, Econômicas e em Direito Público. Autor de “O que todo Prefeito Precisa Saber Antes do Início do Mandato”. Tem forte atuação junto ao Tribunal de Contas do Estado, Quarta Câmara Criminal do TJRS e Procuradoria dos Prefeitos do RS, na defesa dos gestores públicos. Atua como assessor e procurador em mais de 200 Municípios do Estado e consultor jurídico da Federação das Associações de Municípios – FAMURS.”

Jornalista Lasier Martins
“Formado em Direito, pela UFRGS, em 1967, Lasier Martins exerceu a advocacia durante 20 anos. No entanto, jamais se afastou do rádio e tele-jornalismo, profissão que exerce desde os 17 anos. Nos últimos 18 anos vem sendo apontado pela pesquisa mais idônea do Rio Grande do Sul sobre Marcas, chamada pesquisa Top Of Mind da Revista Amanhã, como o comunicador de televisão nº 1 do Estado. Também, por dois anos, recebeu o Troféu Prêmio Press como melhor comentarista de televisão do Estado.
Está na RBS há 24 anos. É comentarista diário do Jornal do Almoço há 22 anos, apresentador há 12 anos na TV COM do programa diário de debates Conversas Cruzadas e do programa jornalístico diário, Gaúcha Repórter, na Rádio Gaúcha, há 23 anos.
Durante duas décadas trabalhou na empresa jornalística Caldas Júnior – Rádio Guaíba, TV Guaíba e Correio do Povo.
Tem em seu currículo inúmeras coberturas no Exterior, entre elas a pré-guerra no Golfo Pérsico, em 90, na Jordânia e Israel, a RIO 92 – Conferência do Meio Ambiente, inúmeras feiras de calçados, couros, vinhos, industrial, em Hong Kong, Miami, Paris, Dusseldorf, Milão, Hannover e São Paulo. Participou de Missões Empresariais à Irlanda, Canadá, França, Portugal, Espanha e recentemente à Índia. Foi também comentarista esportivo nos anos 70 e 80, comparecendo a cinco copas do mundo de futebol (Alemanha, Argentina, Espanha, México e Itália).

 

Curso Negociações Coletivas de Trabalho
       Como parte das atividades programadas para o 68º aniversário do SENGE a entidade está promovendo em parceria com a FNS e a CNTU um curso de Negociações Coletivas de Trabalho, visando a qualificação de lideranças sindicais.
       Será no dia 17/06/2010 a partir das 14h no Hotel Deville, Av. dos Estados 1909, em Porto Alegre.

Programação do curso:
Dia 17/junho – 14h
Curso Negociações Coletivas de Trabalho para Profissionais com Formação Universitária - Realidade atual, estratégias e representação.

14h00 - Abertura
14h30 - Cenários e Conjuntura que envolvem as negociações das relações de trabalho no Brasil
            João Guilherme

15h30 - O que mudou nas negociações coletivas nos últimos anos, especialmente em relação aos Profissionais com formação universitária
            Antonio Magri

17h00 - Aspectos legais e conceituais das negociações coletivas
            Iraci Borges

 

 

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Economista da AIEA diz que mudanças climáticas poderão impulsionar mais países a recorrer a usinas atômicas

       Com a pressão ambiental, o mundo precisará cada vez mais de energia atômica, diz o economista sênior da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Farenc Toth. No Rio desde ontem para participar da conferência internacional de economia da energia IAEE, ele reconhece que o aumento da oferta de material nuclear eleva também os riscos para a segurança mundial.
       Em entrevista ao Globo por telefone, Toth se esquiva de perguntas da área política, como o acordo mediado por Brasil e Turquia, ou a usina secreta de Qom, descoberta em 2009 no Irã. Mas minimiza a repercussão dentro da agência sobre os comentários do vice-presidente José Alencar sobre bomba atômica: nem ouviu falar.

Leia a entrevista:
- A energia nuclear era vista antes como grande vilã do meio ambiente, agora é tida como limpa pela baixa emissão de carbono. O que mudou?
Como no passado, ainda há muita gente que considera limpa, e muita gente que não considera. A grande mudança foi a chegada da mudança climática ao topo da agenda ambiental. A energia nuclear tem baixa emissão de carbono, num nível comparável em quilowatt/hora à de energia hidrelétrica ou eólica. Como isso se tornou uma grande preocupação, muita gente vê vantagens na energia nuclear.

- Há uma onda de novas usinas nucleares no mundo. No Brasil, na semana passada, saiu a última licença que faltava para a construção de Angra III. Essa pressão ambiental por energia nuclear pode ter consequências para a segurança internacional?
Diferentes países optam por energia nuclear por diferentes motivos. No caso do Brasil, alguns colegas fizeram um estudo maravilhoso sobre o país, mostrando que as mudanças climáticas vão alterar o regime de águas, ou seja, a disponibilidade e a frequência da quantidade dos recursos hídricos para geração elétrica. Essa flutuação pode levar à perda da quantidade de eletricidade que pode ser garantida por uma fonte a qualquer hora. O Brasil é um país estável. Uma das formas de compensar as perdas seria expandindo a capacidade nuclear.

- E para o resto do mundo, essa onda de novas usinas representa uma ameaça?
A expansão das capacidades de produção de energia nuclear pelo mundo por si só não aumenta a ameaça. Se você quer dizer riscos de acidentes ou riscos de proliferação, sim, é verdade. Se você tem mais usinas nucleares, em princípio, há mais material nuclear. Mas se todos seguirem as regras do jogo, isso não necessariamente aumentaria a ameaça por si só. Há acordos internacionais, monitorados pela Agência Internacional de Energia Atômica. Mas sabemos que nem todos obedecem as regras. Esse é exatamente o problema com o Irã, que restringe as inspeções.

- Se não podemos garantir esse controle, não há mudança no cenário da segurança internacional?
Isso foge completamente da minha área. O que acho importante é ser perfeitamente possível construir uma bomba atômica sem um programa de energia nuclear. E o contrário também é verdade: a ampla maioria dos países que usa energia nuclear não tem o menor interesse de ter uma bomba atômica.

- O vice-presidente José Alencar defendeu que o Brasil tenha bomba atômica como "fator de dissuasão", apesar de a nossa Constituição proibir arsenal nuclear. Isso repercutiu dentro da agência? As pessoas comentam?
Não, eu nunca tinha ouvido falar disso. Embora isso não signifique que os colegas que acompanham a área política não tenham ouvido falar.

- Para fazer uma bomba atômica é necessário um enriquecimento de urânio a 90%. O Irã anunciou que continuará enriquecendo a 20%. Por que 20% é um problema?
É um indicador das intenções. Para a maior parte dos reatores nucleares hoje em uso não há necessidade de passar de 5% ou 8%.

- Quais são as perspectivas para a energia nuclear nos próximos anos ou décadas?
Acredito que as expectativas, a demanda e a implementação da energia nuclear continuarão a aumentar. Há vários motivos para isso. Um é a mudança climática, que aumenta a necessidade de fontes com baixa emissão de carbono. A demanda energética mundial continuará crescendo e a energia nuclear também é importante para a estabilidade de preços. Se o preço do carvão dobra, o preço da eletricidade gerada por ele aumenta 40%. Se o preço do gás natural dobra, a eletricidade gerada por ele sobe 70%. No caso do urânio, o aumento seria entre 5% e 8%. Além disso, há a poluição aérea regional, e usinas nucleares não emitem uma série de gases.

 

Sabrina Valle, O Globo
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Discussão sobre veículo ressuscita no governo a ideia de que o Brasil deve aproveitar as mudanças por que passará a indústria automobilística

       Dividido sobre a conveniência de dar incentivos aos carros elétricos, o governo avalia a possibilidade de as novidades tecnológicas viabilizarem o nascimento de uma montadora nacional, nos moldes de uma Embraer, a Empresa Brasileira de Aeronáutica.
       O ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, está engajado na oferta de dinheiro público para a pesquisa da tecnologia dos carros elétricos e vê nas mudanças por que passa a indústria automobilística no mundo uma "oportunidade" para empresas nacionais entrarem no negócio. Hoje, o mercado brasileiro, um dos maiores do mundo, é dominado por multinacionais.
       A ideia de uma indústria automobilística nacional começou a ser discutida no ano passado, a partir de uma esperada revolução tecnológica provocada pelos carros elétricos. Desde então, a defesa dos carros elétricos ganhou adeptos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
       Em artigo recentemente publicado em livro, o presidente do banco, Luciano Coutinho, escreve que o BNDES deverá ter "papel de destaque" na introdução de veículos elétricos no país, não apenas com crédito, mas com participação acionária em empresas. "A proliferação de veículos elétricos parece ser uma interessante oportunidade para a entrada de outros players na indústria automotiva mundial", diz o artigo, que aposta em "profundas" mudanças na indústria automotiva e em oportunidades para a produção local.
       Na semana passada, o anúncio de benefícios aos carros elétricos que seria feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi suspenso em cima da hora por pressão do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, segundo fontes. O ministro, porém, nega que tenha pedido a suspensão do anúncio. Também houve discreto lobby das montadoras.
       Diante da falta de acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou o anúncio. Nova reunião para discutir o tema deverá ocorrer neste mês.
       Acirram as dúvidas do presidente o temor de perda de mercado dos carros flex, objeto da grande campanha que protagonizou mundo afora em defesa do etanol. Na semana passada, em evento no Rio de Janeiro, Lula colocou em dúvida a viabilidade do carro elétrico. "É carro elétrico para cá, carro elétrico para lá, mas não se sabe ainda se alguém vai produzir em grande escala", disse, "Hoje, quase 100% dos carros vendidos no Brasil são flex. E 60% dos donos desses carros têm preferência pelo etanol que, definitivamente, virou uma parte importante da matriz energética brasileira", acrescentou Lula.

Subsídio
       No debate do carro elétrico, a necessidade de subsídio do Estado é ponto pacífico. O motivo é o preço elevado desses veículos. Eles custam atualmente o dobro de um veículo tradicional, em média.
       Em países como Estados Unidos, Japão, China e Alemanha, a compra dos elétricos conta com elevados incentivos. Aqui, o modelo pagaria 25% de alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por ser de uma categoria sem produção local.
       Independentemente do surgimento de uma montadora nacional, defensores do carro elétrico no governo estão de acordo sobre a necessidade de reduzir o tributo para a compra de veículos e componentes e, sobretudo, incentivar o desenvolvimento da tecnologia no país.
       O presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos, Pietro Erber, vê mais chances de uma indústria nacional prosperar na produção de ônibus ou de frotas de táxis ou de veículos de coleta de lixo e entrega de correios, por exemplo, além do filão das motocicletas elétricas.
       "Viabilizar a indústria nacional é uma ideia bem-vinda, mas seria mais interessante o governo incentivar uma linha de veículos social e economicamente justificável; se vai subsidiar, não será carro de passeio", avalia.

Para lembrar
       O Brasil abriga 12 fabricantes de automóveis e comerciais leves e seis de caminhões e ônibus que mantêm 22 fábricas em vários estados. Juntas, produziram no ano passado 3,18 milhões de veículos, volume que fez do país o sexto maior fabricante mundial.
       Todas as montadoras instaladas no país são multinacionais. A exceção são os grupos brasileiros Caoa - que bancou o investimento de uma pequena fábrica em Anápolis (GO) para a produção de modelos da coreana Hyundai - e MMCB, que tem licença para produzir veículos da japonesa Mitsubishi também em Goiás.
       As demais empresas são subsidiárias de grandes conglomerados internacionais dos EUA, Japão, Alemanha, França, Suécia e Itália. A maioria das matrizes dessas empresas trabalha no desenvolvimento de carros elétricos e híbridos. As empresas afirmam que poderão transferir a tecnologia para o Brasil quando houver demanda local, sem necessidade de duplicar investimentos.
       De 2010-2012, a indústria local vai investir US$ 11,2 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Só em automóveis e comerciais leves há mais de 400 modelos disponíveis no país, incluindo os importados.
       Segundo o consultor Roland Berger, da consultoria de mesmo nome, o desenvolvimento completo de um automóvel custa cerca de US$ 650 milhões.

 

Marta Solomon, O Estado de SP
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Após Peru e Rio Branco, delegação faz neste sábado visita técnica às Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia

       Depois de percorrer cerca de 2.500 quilômetros pelo Corredor Vial Interoceânico Sul (Rodovia do Pacífico), desde Lima até Rio Branco, passando pelas cidades peruanas de Mollendo, Arequipa, Puno, Cusco e Porto Maldonado, uma caravana de mais de 80 profissionais da Engenharia de todo o Brasil, do Peru, da Bolívia e da Argentina, se reuniram em Rio Branco para participar do Ciclo de Palestras sobre o desenvolvimento regional.
       A programação faz parte do II Fórum Internacional de Desenvolvimento da Amazônia SulAmericana que teve início no último dia 24 de maio com as visitas técnicas à Rodovia Interoceânica e ao Porto de Matarani no Peru.
      Antes da solenidade de abertura no Teatro Plácido de Castro aconteceu uma palestra do presidente de honra do Fórum, ex-governador do Acre Jorge Viana, os participantes do II Fórum participaram do painel que debateu o tema Meio Ambiente no Seringal Cachoeira, no município acreano de Xapuri, tendo como palestrantes o ex-deputado federal, Marcos Afonso; o líder indígena, Joaquim Yawanawá; o presidente do Instituto Peabiru, João Meireles; e o jornalista Antônio Alves.
       Deste debate também participou o presidente da Sociedade de Engenheiros do Peru (SIP), Gustavo Saavedra, que acompanha a caravana. Com sua presença e a de representantes da Engenharia da Bolívia e da Argentina, aconteceram ainda, no período, dois Encontros da Engenharia Sul Americana. O primeiro na cidade peruana de Cusco, na última sexta-feira, 28, e o segundo, em Brasiléia, na fronteira acreana entre o Brasil e a Bolívia, na última segunda-feira, 31, dia em que a caravana chegou em solo brasileiro.
       O evento realizado pela Ong Engenheiros Solidários e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), tem como objetivo debater os vários aspectos do desenvolvimento da Região Amazônica, tendo como foco a sustentabilidade. Para isso, aconteceram palestras com os temas: Geração de Energia e Integração da Amazônia Sul-Americana, com os painelistas: Adhemar Palocci (diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte), Carlos Avogrado ( membro do Conselho Profissional de Engenharia Civil da Argentina), José Maciel Paiva (diretor de Engenharia da Energia Sustentável de Brasil) e o ex-senador Sibá Machado, o senador Tião Viana, o deputado federal Nilson Mourão, o secretário de Estado do Acre de Planejamento Gilberto Siqueira e o presidente da Sociedade de Engenheiros do Peru, Gustavo Saavedra.
       Na sexta-feira, dia 04, o Ciclo de Palestras continuou com os temas: Ciência e Tecnologia; e Produção Sustentável. No sábado a caravana segue para a II Visita Técnica da programação, às Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia.

 

Texto e fotos: Assessoria do II Fórum, Mais informações no site do evento
www.fne.org.br

 

 

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