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Conjuntura favorável às campanhas salariais dos engenheiros neste ano

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Soraya Misleh

 

Evento abre campanhas salariais com boas perspectivas. Fotos: Rita Casaro“Hoje a relação capital-trabalho se dá em uma conjuntura extremamente favorável.” A avaliação foi feita pelo cientista político e analista sindical João Guilherme Vargas Netto durante o XXIII Seminário sobre Campanhas Salariais. Realizada pelo SEESP, em sua sede, na Capital, no dia 24 de abril último, a atividade marca tradicionalmente a abertura das negociações que culminarão nos acordos e convenções coletivas de trabalho da categoria. Ao todo, o sindicato negocia com 35 empresas e entidades patronais, contemplando 105 mil engenheiros no Estado de São Paulo. A maioria tem data-base em 1º. de maio e 1º. de junho.

 

Ao longo de 23 anos, o evento tem pavimentado o caminho do diálogo rumo a bons resultados nas campanhas salariais. “Este seminário nasceu lá atrás quando pensávamos que seria superimportante o contato entre os negociadores do sindicato e os das empresas para entendermos como serão nossas campanhas, como conduzi-las e a visão do mundo do trabalho e da economia”, destacou Murilo Pinheiro, presidente do SEESP.

 

Arte: Fábio Souza

 

Vargas Netto frisou sua importância: “Este seminário se insere no ciclo longo da vida sindical. Um quarto do século XXI é preenchido por ele. O SEESP teve essa iniciativa e ela prosperou nas mais diversas conjunturas econômicas, sociais e políticas. O sindicato conseguiu ao longo dos anos resultados extremamente vantajosos nas negociações, porque há interesses de empresas e trabalhadores em que há convergência.” O momento atual é favorável, como ele observou, ao apresentar que, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 90% das negociações resultaram em reajustes superiores à inflação, com ganho real.

 

João Guilherme Vargas Netto (à esquerda) e Toninho: ambiente favorável às negociações.O analista político Antônio Augusto de Queiroz (Toninho) atestou: “Comparativamente com outros países, estamos em um ambiente melhor, de prosperidade, possíveis investimentos, retomada de todas as obras paralisadas pelo governo, redução da taxa de juros, um esforço para reconstrução, geração de emprego e renda.” Além disso, como pontuou, o Brasil tem vantagens comparativas, como condições naturais e capacidade de inovação, que abrem novas oportunidades. 

 

Superintendente do Ministério do Trabalho em São Paulo, Marcus Alves de Mello vaticinou: “Não existe país rico sem engenharia e indústria fortes, inovação e tecnologia.” Ele foi categórico ainda quanto à necessidade de diálogo social na busca por alternativas ao desenvolvimento. Isso vai ao encontro do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com adesão do SEESP que reúne propostas factíveis ao desenvolvimento nacional sustentável com justiça social. Murilo Pinheiro lembrou durante o seminário que seu lançamento se deu em 2006, a partir de seminários realizados em todo o Brasil que discutiram questões prementes à habitação, saneamento, meio ambiente, educação, energia, transportes, entre outros setores essenciais. E que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja primeira edição foi lançada pelo governo federal em 2007, espelhou-se no “Cresce Brasil”.

 

A cada dois anos, como continuou, é lançada nova edição do projeto dos engenheiros. A próxima, voltada a problemas e soluções nas cidades, será apresentada em junho próximo e entregue a candidatos a Prefeito sobretudo nas capitais brasileiras. Assim, o sindicato dá sua contribuição “a um Brasil melhor, com mais oportunidades. Quando discutimos engenharia estamos discutindo qualidade de vida”. Nesse sentido, a valorização profissional e a garantia de remuneração justa são indissociáveis.

 

Sob tal ótica, Mello frisou ainda a importância da segurança e saúde no trabalho, para reverter o quadro atual em que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países com maior número de acidentes do trabalho, perdendo apenas para Estados Unidos e China. “Temos a oportunidade de discutir isso também aqui nesse sindicato”, pontuou.

 

Na ótica de Toninho e de Vargas Netto, o Brasil entra num período de normalização, com perspectivas para os próximos anos de um “salto de qualidade”. Nesse cenário, Toninho observou a importância de “relação de civilidade” entre trabalhadores e empregadores. “Esse seminário vai nessa linha”, frisou.

 

Mediação rumo a consensos

 

Marcus Mello e Murilo Pinheiro (à direita): caminho do diálogo.Elemento importante na relação capital-trabalho é a mediação, como enfatizou Mello, para quem trata-se de “construir portas e janelas onde há muros”. Ele completou: “É ouvir, ver propostas, colocar as partes para conversar e chegar a consensos.”

 

Engenheiro mecânico e de segurança do trabalho e auditor-fiscal do trabalho há 19 anos, ele diz que foi forjado na arte da mediação junto ao movimento sindical no ABC e escolhido para o cargo atual justamente por sua habilidade nesse quesito, no processo de reconstrução do Ministério do Trabalho – objeto de evento realizado em 25 de maio de 2023 na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) por ocasião dos 80 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “No ano passado fizemos 900 mediações e neste ano, até março, 451”, celebrou, colocando a Superintendência à disposição para auxiliar na solução de eventuais conflitos que surgirem durante as campanhas salariais.

 

Abertura ao diálogo

 

O evento contou com a presença de representantes de sindicatos patronais e de várias empresas com que o SEESP negocia. Diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco-SP), o engenheiro Gilberto Antonio Giuzio apresentou sua entidade, destacando que atua fortemente em duas vertentes: negociação trabalhista e representação institucional, em que tem discutido questões de interesse da categoria como a nova lei de licitações e a reforma tributária. Por fim, saudou a “excelente” iniciativa do sindicato de pavimentar o caminho ao diálogo, trazendo a expectativa de um processo “amigável como nos outros anos e  de negociações de alto nível”.

 

 Da esquerda para a direita, Gilberto Antonio Giuzio (Sinaenco), Paulo Egídio Santos Roslindo (ISA-Cteep), Josmar Martins da Silva (CDHU), Márcio Aparecido Afonso (Telefônica/Vivo), Donato Locaspi (Emae) e Lilian Alba (CTG Brasil).Na mesma linha, Donato Locaspi, coordenador de Administração de Recursos Humanos da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), destacou: “Esperamos ter um ambiente de negociações sempre propositivo. A economia começa a crescer, a inflação está caindo, vamos ver o contraponto na relação capital-trabalho. O desafio [nas campanhas] é fazer bem feito.” Para Lilian Alba, do Departamento de Pessoas e Cultura da CTG Brasil, “o momento é de diálogo”, caminho que a companhia que representa quer seguir.

 

Superintendente de Gestão de Pessoas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), Josmar Martins da Silva observou que as negociações coletivas com o SEESP têm se dado sempre de forma respeitosa e amistosa. O resultado, como apresentou, é que houve “alguns avanços significativos no ano passado, em relação ao PPR [Programa de Participação nos Resultados], com atingimento de 100% das metas e evolução dos parâmetros mínimos de resultados para 2024”. Assim, ensejou: “Que as negociações continuem frutificando.”

 

Márcio Aparecido Afonso, gerente de Relações Trabalhistas e Sindicais da Telefônica/Vivo, observou que “ao longo desse ciclo longo, dos 23 anos do seminário, o SEESP mostrou maturidade e, com esse espírito, vamos a mais um acordo coletivo de trabalho”. Paulo Egídio Santos Roslindo, especialista em Relações Trabalhistas e Sindicais da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA-Cteep), garantiu que esse tem sido o espírito a nortear a “evolução e construção nas negociações, e este ano não vai ser diferente”.

 

A partir da esquerda, Regis Antonio de Faria (Enel), Carlos de Freitas (Sindisider), Marcelo dos Santos (CET), Derica Harada (Comgás), Raquel Regina Viniski (Grupo CPFL), Cíntia Lípolis Ribera (Fiesp) e André Simon (Sabesp).“O papel do sindicato é promover boas condições de trabalho, proteger direitos e representar todos os profissionais da categoria”, reconheceu Marcelo dos Santos, superintendente de Recursos Humanos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Sob essa ótica, Derica Sayuri Harada Rodrigues da Silva, gerente de Saúde e Qualidade de Vida da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), trouxe a perspectiva de que “em 2024 a gente continue com a parceria [empresa-sindicato], cada vez mais estreitando nossos laços”. Expectativa compartilhada por André Simon, gerente de Recursos Humanos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que lembrou que a empresa esteve representada nas 23 edições do seminário. “Já começamos as negociações deste ano e esperamos que sejam tão tranquilas e positivas como nos anteriores”, afirmou. 

 

Representantes de empresas, negociadores do SEESP e demais dirigentes sindicais compuseram a plateia.Na concepção da advogada Cíntia Lípolis Ribera, especialista em Relações Trabalhistas e Sindicais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o seminário tem como mote a valorização da negociação coletiva, “como forma de alcançar resultados mais favoráveis aos envolvidos”. Concordando com isso, assegurou: “Estamos abertos ao diálogo.” Ao encontro disso, o especialista em Recursos Humanos Regis Antonio de Faria, da Gerência de Relações Trabalhistas e Sindicais da Enel Distribuição São Paulo, corroborou a importância do evento. Essa também foi a tônica na fala da analista de Relações Sindicais Raquel Regina Viniski, do Grupo CPFL, que trouxe a expectativa de se alcançar “um bom acordo” à mesa de negociações.

 

“O seminário sempre traz conhecimento, aprendizado, ganho. Nas negociações, como engenheiros, temos um objetivo comum”, concluiu Carlos de Freitas Nieuwenhoff, advogado do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos Siderúrgicos (Sindisider).

  

 

Confira o seminário na íntegra:

 

 

Capa - Fotos: Rita Casaro / Arte: Eliel Almeida

 

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