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TRANSPORTES - Debate conclui: falta metrô em São Paulo

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Lucélia Barbosa

        Para aprofundar a discussão sobre a falta de planejamento no transporte coletivo e as ameaças de privatização do Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), o Fórum em Defesa do Transporte Público, Estatal e de Qualidade promoveu no dia 6 de maio, na sede do SEESP, o seminário “Estratégia para o transporte urbano”.

        O encontro teve como objetivo estabelecer as diretrizes de uma ampla campanha sobre o tema. “A partir dessa discussão, a intenção é fazer uma cartilha popular para dialogar com os trabalhadores e toda a sociedade, visando forte mobilização contra a privatização e para exigir um sistema rápido, com conforto e com tarifa reduzida”, detalhou Altino de Melo Júnior, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

        Na opinião de Wagner Fajardo Pereira, presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), o sistema sobre trilhos deve ser estatal. Ele acredita que é fundamental discutir o problema da privatização com a população para que ela se torne a principal aliada nessa luta. “Apesar de muitos teóricos da burguesia afirmarem que o setor metroferroviário é público, independentemente de ser estatal ou privado, precisamos esclarecer aos cidadãos que isso não é verdade. As empresas só pensam no lucro e quem perde são as pessoas que utilizam o sistema. Um exemplo dos problemas causados pela privatização é o metrô do Rio de Janeiro. Antes da concessão, transportava 1,2 milhão de pessoas por dia. Hoje esse número não chega a 500 mil”, alertou.

        Conforme Sérgio Renato Magalhães, mestre em geografia e vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a discussão sempre esteve na pauta da sociedade. Desde 1968, quando surgiu o projeto original do Metrô paulista, já havia um consenso sobre a necessidade de priorizar o transporte coletivo sobre o individual. “De lá para cá, essa concordância só cresceu. Além disso, os eventos internacionais – Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 – precipitaram a discussão por mais metrô, que hoje não está restrita aos sindicatos e à academia, está nos bairros e nas ruas”, disse. “Um dos problemas é que para a pessoa comum não importa se o metrô é privado ou estatal. Outro impasse é que a expansão do sistema hoje significa engordar as linhas já existentes. Há ainda a especulação imobiliária e a expulsão da periferia mais para longe”, mencionou.

        Para Marcos Kiyoto, arquiteto e urbanista, não existe solução única, nem pontual, deve haver integração entre as linhas metroviárias e dos trens urbanos. “O ideal é pensar em sistema. Só teremos mobilidade na cidade se criarmos uma rede metropolitana de transporte de alta capacidade”, opinou.

 

Carros demais, trilhos de menos
        De acordo com o engenheiro Emiliano Stanislau Affonso, diretor do SEESP, o modelo atual do sistema metroferroviário tem, entre outras consequências, baixa mobilidade, demora no tempo das viagens e exclusão social. “Cerca de 37 milhões de brasileiros não conseguem utilizar o transporte regularmente por falta de recursos. Desse total, 5,3 milhões estão na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo).”

        Ainda segundo ele, outro problema é que a cidade de São Paulo tem mais de 7 milhões de carros que circulam nas ruas sem nenhuma penalidade. Por outro lado, existe muita dificuldade para aprovar os projetos das novas linhas de metrô. “Os automóveis geram 10 mil toneladas de poluentes todos os dias úteis, somente em São Paulo. Isso leva ao aumento do número de mortes, dos custos com saúde, da temperatura do planeta, das catástrofes ambientais”, criticou.

        O diretor do SEESP ressaltou ainda os inúmeros benefícios gerados pelo metrô, tais como redução da emissão de poluentes, do consumo de combustível, do custo operacional, do valor gasto com manutenção e operação das vias, do tempo das viagens e do número de acidentes. “Hoje esse ganho soma cerca de R$ 5 bilhões por ano”, citou.

        Além disso, Affonso enfatizou que a construção de redes de metrô e trens metropolitanos propicia receitas às três esferas de governo em montante maior do que o investido, seja através da arrecadação de tributos na construção, no aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), entre outras. “É urgente e necessário priorizar o transporte coletivo, investir na construção de redes não poluentes, incentivar integração e racionalização, reduzir os custos dos insumos e impostos, criar fundos para investimento no setor, garantir participação social na definição e acompanhamento dos recursos e ações integradas e complementares dos três níveis de governo”, recomendou.

        Importante para colocar tal ideia em prática pode ser uma revisão da destinação dos recursos públicos. Conforme Nazareno Godeiro, representante do Ilaese (Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos), faltam investimentos no sistema sobre trilhos. “Em 2009, o Estado gastou R$ 9 bilhões no pagamento de juros da dívida pública e apenas R$ 2 bilhões com o metrô. Já o governo federal desembolsou R$ 380 bilhões com juros das dívidas externa e interna e somente R$ 12 bilhões em transportes”, comparou.

 

 

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