O encontro “Engenharia Unida – Mobilização pela retomada do crescimento e valorização dos profissionais”, realizado por iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), nos dias 24, 25 e 26 de novembro, na cidade de Barra Bonita (SP), é um marco para a nossa categoria. Ao longo desses três dias de debates, dos quais participaram autoridades, parlamentares, especialistas e lideranças de todo o Brasil, consolidou-se a convicção da necessidade, da urgência e, sobretudo, da possibilidade de a engenharia contribuir para resgatar o País da crise em que se encontra. A nossa profissão pode e deve exercer papel central no esforço de retomada do desenvolvimento.
Condição essencial para que esse objetivo seja alcançado, também concluiu o encontro, é o fortalecimento do movimento “Engenharia Unida”, que vem sendo defendido pela FNE. É preciso que o conjunto dos profissionais da área tecnológica, os sindicatos, as associações, as empresas e suas entidades, as instituições de ensino e pesquisa engajem-se de forma decisiva nessa batalha para que ela possa ser vencida.
Essa ideia forte está expressa na Carta de Barra Bonita, aprovada por aclamação da plenária final do encontro:
O Brasil – que enfrenta hoje um grave quadro de desemprego, queda de renda e crise fiscal – precisa recriar as condições materiais, políticas e de engajamento dos brasileiros para retomar uma trajetória virtuosa de redução das desigualdades econômicas e sociais, de contínua expansão do acesso ao consumo de bens e serviços por todos os seus habitantes, de acesso universal e público à educação, saúde, mobilidade, saneamento, comunicações e segurança. E para enfrentar tal desafio sem penalizar desequilibradamente os diversos segmentos da sociedade, sem provocar danos irreparáveis ao meio ambiente e sem perder sua capacidade nacional de aproveitamento de seus recursos naturais e humanos, o Brasil precisa de muita engenharia.
Um ciclo virtuoso de desenvolvimento nacional com justiça social e integração regional exige a quebra da lógica rentista, a superação de um modelo calcado em bens primários e com baixa agregação de valor e de conhecimento, uma forte retomada de investimentos na produção, uma significativa ampliação dos salários na composição da renda nacional, taxas de retorno dos investimentos produtivos em linha com parâmetros internacionais e o financiamento adequado das atividades estatais. Isto é o mesmo que demandar mais produção e mais produtividade, é exigir inovação, tecnologia, ciência aplicada, métodos e organização eficazes. É falar da essência da engenharia.
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O Brasil precisa de uma engenharia que – ao mesmo tempo em que atua na recomposição e modernização de sua infraestrutura de apoio à produção (destacando-se transportes, energia, armazenamento, distribuição e informatização) e de atendimento à vida das pessoas (notadamente habitação, iluminação, redes de água e esgotos, escolas, unidades de saúde, transporte de massas, conexão às redes computadorizadas) – indique ao País como produzir cada vez mais com o menor desperdício de fatores de produção e que viabilize a contínua expansão do acesso de todos aos frutos da produção coletiva. Uma engenharia obcecada com a produtividade sistêmica.
Por parte dos engenheiros, é essencial estabelecermos a mais firme unidade em torno de tal programa, pois somente uma engenharia efetivamente unida pode atuar consequentemente no cumprimento de tarefas dessa magnitude.
Só a “Engenharia Unida” tem o potencial de se colocar a serviço de um Brasil que tanto dela demanda.
O documento expressa a determinação de lutarmos pela nossa categoria, mas também pelo Brasil e traduz o espírito do encontro em Barra Bonita e do movimento “Engenharia Unida”: é hora de agirmos para construir um Brasil desenvolvido, justo e democrático.