Ao longo de 33 horas, entre os dias 16 e 17 de setembro, alunos do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) e de outras instituições de ensino ficaram acampados na faculdade mantida pelo SEESP, localizada em São Paulo. Sem bandas de rock ou festa animada na programação, o que manteve os jovens alertas e em atividade foi a primeira Maratona de Inovação do Isitec, que incluiu pesquisa e elaboração de projetos. O desafio colocado era desenvolver soluções inovadoras para problemas reais propostos pela Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) e pela Elektro Distribuidora de Energia.
Participaram 31 estudantes e 16 professores mentores da Universidade de São Paulo (USP), das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), do Centro Universitário Capital (Unicapital), da Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg), da Instituição de Ensino Superior e de Pesquisa Insper, do próprio Isitec e das empresas EMTU e Elektro.
Do total de oito projetos, foram escolhidos dois para serem incubados pelas empresas, um voltado à mobilidade e outro à energia. A apresentação das iniciativas e escolha dos campeões aconteceu na 4ª edição do Seminário de Inovação do Isitec, em 22 de setembro.
Estiveram presentes Jurandir Fernandes, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenador do Conselho Assessor de Transporte do SEESP; Brasilina Passarelli, coordenadora da Escola do Futuro da USP; João Ronco Junior, da empresa de bilhetagem eletrônica Prodata Mobility Brasil; Ronaldo Pequeneza, da agência de inteligência Prospectiva; Julian Monteiro, da startup de mobilidade Scipopulis; Renata Veríssimo, gestora do Núcleo de Parceria + Inovação da EMTU; além do engenheiro de segurança da Elektro, Guilherme Megda Mafra.
Sistemas inteligentes e integrados
O campeão em mobilidade, grupo Hackafé, apresentou um software que integra o sistema de validação da bilhetagem dos ônibus com o GPS, para sanar o problema das zonas de sombra. “Nessas, a informação do transporte não chega à empresa, por problemas de sinal. É como se o ônibus não estivesse ali”, explica Gideão Gomes da Silva, do segundo semestre de Engenharia de Inovação do Isitec. O estudante conta que passou a madrugada da maratona aprendendo sobre programação para criar o banco de dados integrado. Na sua visão, o evento foi uma oportunidade de “fazer engenharia de inovação de fato”. “Percebi o quão longe posso ir, o quanto posso realmente fazer as coisas acontecerem”, disse. “A sensação que tivemos é de que todos estavam prontos para degustar qualquer desafio que viesse”, conta Veríssimo. Segundo ela, a EMTU realizou previamente uma maratona com os funcionários para elencar os problemas que seriam propostos aos alunos. O projeto vencedor, conforme conta, será “galgado e desenvolvido num programa de seis meses”, dentro do núcleo de inovação.
Já em energia elétrica, o grupo Capivara Real venceu a competição ao propor uma rede inteligente de dados, coletados através de um dispositivo por conexão wi-fi que permite mapear os locais em que o serviço é prestado. “Assim é possível religar a distância a energia de uma casa ou saber exatamente o poste que teve problemas, diminuindo riscos ao operador e otimizando o trabalho”, exemplifica Vitor Lima, do segundo semestre de Engenharia de Inovação do Isitec. Conforme Mafra, o desafio proposto foi pensado em cidades inteligentes e foi apresentada uma boa solução. Para ele, a maratona mostrou a importância de “colocar o estudante em contato com o mundo, ao invés de formá-los apenas na teoria”. E continuou: “Receberemos no futuro um profissional muito mais preparado.”
Apesar de ser uma competição, para o professor do Isitec, Diogo Dutra, todos saem ganhando. “A maratona é uma concentração de aprendizado, de networking. Teve espírito colaborativo e integrador”, ressalta. Aline Cristina Souza dos Santos, engenheira civil de Mato Grosso, participou como mentora, auxiliando os grupos durante a atividade. Na sua ótica, o evento foi “enriquecedor ao processo de aprendizagem dos alunos, uma possibilidade de compartilhar conhecimento”.
“Hackatona”
A maratona do Isitec seguiu passos de um movimento que vem se tornando conhecido no País, a “Hackatona”. A palavra original em inglês “Hackthon” combina os termos hacker, de programadores e trabalho com dados voltados à tecnologia, com maratona, pois o evento dura dias.
Segundo Dutra, a “hackatona” do Isitec representa epicentro da proposta de ensino do instituto. “É um resumo do que a gente vem trabalhando em sala de aula”, atesta. A proposta é ter uma maratona por semestre, sempre aberta a alunos de outras universidades. Para o professor, atividades como essa “materializam o que é ser um engenheiro de inovação”. E conclui: “Queremos que esses jovens cheguem ao mercado para inovar e trazer um novo olhar à engenharia e ao Brasil.”
Por Jéssica Silva