Enquanto comemoravam a proclamação da República, em 15 de novembro último, os paulistanos foram surpreendidos pelo colapso de um viaduto da via expressa da Marginal Pinheiros que cedeu cerca de 2 metros enquanto automóveis trafegavam por ele. Ainda sem conclusões técnicas sobre o que ocasionou o problema, o que se pode afirmar com certeza é que há carência de um programa permanente de manutenção para edificações da cidade em geral e, em especial, para pontes e viadutos. Para que isso seja possível, o município precisa ser dotado de um corpo técnico em número suficiente e que tenha as condições adequadas de atuação.
Ou seja, é necessário abrir e levar adiante um concurso público para dobrar o atual quadro de 500 engenheiros e cerca de 700 arquitetos, geólogos e outros profissionais da área tecnológica.
Tal medida vem sendo reivindicada pelo SEESP e pela sua base que atua na Prefeitura Municipal de São Paulo e é essencial para que população seja atendida a contento e, principalmente, não seja colocada em perigo. Lamentavelmente, o concurso programado para 16 de dezembro deve selecionar apenas 118 profissionais entre engenheiros e demais da área tecnológica, sem contemplar todas as modalidades e especialidades necessárias. Também, além de contratar novos quadros, a administração deve garantir a valorização desses com remuneração justa, plano de carreira e respeito ao seu conhecimento técnico. Essa é a receita para que a engenharia possa contribuir da melhor forma possível com a qualidade de vida, o desenvolvimento e a segurança na Capital.
Para além das precariedades urbanas, o País como um todo deve tomar consciência da necessidade premente de empregar a boa engenharia na prevenção de acidentes que, por vezes, se tornam catástrofes. Caso emblemático nesse sentido, o rompimento da barragem de Mariana em 2015 foi uma tragédia humana e ambiental de proporções gigantescas e ainda não devidamente compensada.
Preocupante é o fato de que a situação dessas estruturas no Brasil hoje se encontra ainda pior. Conforme levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA)divulgado em novembro, 45 barragens apresentam problemas graves na estrutura. Mais de 50% desse conjunto pertence à esfera pública. Ou seja, há no País inúmeros desastres anunciados à espera de providências urgentes pelos órgãos competentes.
Temos, juntamente com a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), desde 2006, trabalhado o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que aponta caminhos para a expansão econômica sustentável do País. É importante notar que esse esforço implica necessariamente mais manutenção qualificada, consequente e regular. Há muito que se vencer em termos de gargalos na infraestrutura urbana e de produção, mas é preciso que sejamos capazes de garantir a conservação e aprimoramento do que existe. Não se pode deixar o País relegado ao abandono e ao descaso.
Em 11 de dezembro, celebramos o Dia do Engenheiro. O momento é bastante oportuno para que os governantes reflitam sobre a importância desse profissional e de seu ofício à construção do Brasil que queremos.
Eng. Murilo Pinheiro
Presidente