Célia Sapucahy
Lá se vão 42 anos da minha formatura como engenheira civil na Fundação Valeparaibana de Ensino – Faculdade de Engenharia de São José dos Campos. À época, a presença feminina, hoje de 37% nos cursos das várias modalidades, era coisa rara e frequentemente questionada. As mulheres que então optaram pela profissão, além da dedicação e do esforço que a carreira exige de todos, precisaram também forçar algumas portas e deixar claro que cara feia ou mesmo jogo sujo não nos afugentariam.
Ao longo dessas décadas, em que pese a enormidade que ainda se precisa avançar, houve ganhos absolutamente relevantes em relação à igualdade de gênero em muitos setores. Isso é fato também na engenharia, onde cada vez mais as profissionais constroem carreiras de sucesso e demonstram plena capacidade de exercer o ofício que escolheram.
Mas essa é uma tendência que deve ser acelerada e amplificada. Precisamos chegar logo ao 8 de março em que as matérias “mulher na engenharia” não terão como mote a exceção ou a participação minoritária, mas sim os muitos feitos e realizações dessa parcela da mão de obra qualificada que tanto tem a oferecer ao sistema produtivo, à sociedade e ao País.
Deve, portanto, ser compromisso de todos nós, em especial das escolas e das empresas, criar mecanismos que atraiam e mantenham as meninas e mulheres nos cursos e carreiras da ciência, tecnologia e inovação. Chega do machismo tolo que só cancela sonhos individuais e traz prejuízos coletivos ao impedir que gente disposta e capaz atue na profissão do desenvolvimento e bem-estar geral devido ao seu gênero.
Às meninas que sonham com a engenharia, o meu convite entusiasmado: ocupem a profissão. Se essa é sua vocação, não deixem que nada, muito menos qualquer bobagem sexista, as desvie desse destino que será extremamente gratificante. Exigirá empenho e resistência, mas valerá a pena, eu prometo.
Célia Sapucahy é engenheira civil, diretora do SEESP e coordenadora do Conselho Editorial do Jornal do Engenheiro