Murilo Pinheiro – Presidente
A Petrobras encerrou o semestre contabilizando o seu quarto presidente desde 2019 com a nomeação de Caio Paes de Andrade, que assumiu o cargo em 28 de junho último. A agitação, no entanto, não resolverá nenhuma dos sérios problemas da população brasileira que dizem respeito à companhia.
O mais imediato deles, obviamente, são os preços estratosféricos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, que contribuem imensamente para o aumento do custo de vida e da piora das condições de vida dos cidadãos. Menos visível, porém imensamente relevante com implicações para o médio e longo prazo, é o desmonte ao qual a empresa vem sendo submetida.
O diagnóstico dessa situação, suas causas e como revertê-la foram objeto do seminário “Em defesa do petróleo brasileiro e da Petrobras”, realizado nos dias 13 e 14 de junho pelo SEESP, em parceria com o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e o portal Outras Palavras.
O evento, que contou com a participação de importantes especialistas, profundos conhecedores do segmento, além de lideranças de grande representatividade, reforçou a visao da engenharia nacional: a empresa deve ser resgatada como instrumento de desenvolvimento socioeconômico, energético e tecnológico, abandonando o papel de mera distribuidora de dividendos que adquiriu nos últimos anos.
Para isso, exigem-se medidas efetivas. É inescapável, por exemplo, recuperar o controle da companhia pelo Estado brasileiro e brecar o seu desmonte com a venda de ativos em curso, notadamente as refinarias. Ainda, é preciso que seja examinada com seriedade, sem bravatas ou discursos de palanque, a política de preços hoje praticada e se busque uma alternativa ao modelo atual que penaliza excessivamente tanto as famílias quanto o setor produtivo.
Há também que afastar a hipótese de privatização da Petrobras, o que obviamente só tornaria o quadro atual ainda pior, já que a sociedade perderia qualquer influência nas decisões relativas a ela, passando a imperar pura e simplesmente os interesses do mercado.
Por fim, além da companhia, o Brasil deve defender a sua riqueza em petróleo e usá-la estrategicamente para garantir avanços na indústria e ganhos que sejam revertidos em políticas públicas que beneficiem os cidadãos. Assim, ideias como a propugnada pelo Ministério da Economia de vender antecipadamente o excedente do pré-sal pertencente à União e, pior, desvincular seus recursos do fundo social criado em 2010 estão totalmente na contramão de um plano estratégico para o País e precisam ser firmemente refutadas.
Cumprir as tarefas acima e enfrentar as ameaças de ainda maiores retrocessos certamente não são desafios banais, mas precisam ser encarados como fundamentais para que tenhamos chance de construir um futuro de prosperidade, justiça social e sustentabilidade.
Imagem no destaque e interna: Agência Petrobras / Arte: Eliel Almeida