Jéssica Silva
Nos dias 5, 6 e 7 de dezembro próximo acontece o curso online “BIM, do conceito à prática”, promovido pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) em parceria com o sindicato por meio de seu programa de extensão, o SEESP Educação. A formação traz com profundidade o processo de modelagem da informação da construção – no original em inglês, Building Information Modeling (BIM).
Embora presente no mercado nacional há cerca de 12 anos, muitos engenheiros e arquitetos veem o BIM apenas como um software. “É muito mais do que isso, é o método de comunicação de todas as áreas e profissionais que integram um mesmo projeto. Todos falam a mesma língua, se comunicam com dados e informações, e há ainda a gestão disso tudo”, aponta a arquiteta Meire Garcia, coordenadora do curso.
Mostrar esse mundo amplo do BIM, segundo ela, é o principal objetivo do curso, que tem duração de nove horas em três aulas transmitidas pela plataforma Zoom, sempre das 19h às 22h. O investimento é de R$ 800,00; para associados ao SEESP e demais sindicatos filiados à FNE o valor é de R$ 600,00.
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“O nosso curso, ainda que de um modo introdutório, dotará o engenheiro de um domínio do que são os conceitos básicos que estão por trás do BIM e do seu enquadramento na indústria da arquitetura, engenharia, construção e operação. Assim, o colega poderá compreender o que é, para que serve, quando deve ser utilizado, quais as condicionantes e quais os potenciais da sua utilização hoje em dia”, atesta o professor José Carlos Lino.
Com quase 20 anos de atuação com o processo de modelagem da informação da construção, o engenheiro civil é BIM strategist e diretor da Consultores BIM Engenharia. Também é consultor na BIM Management Solutions (BIMMS), organização presente em diversos países, como Singapura, Irlanda, África do Sul. Trabalha efetivamente para a constituição do capítulo português da buildingSmart Internacional – autoridade global no desenvolvimento de melhorias em todo o setor industrial, considerada “casa do Open BIM”, processo que se baseia em padrões internacionais abertos.
É professor convidado e pesquisador BIM na Universidade do Minho, em Portugal, e diretor acadêmico e docente do Master BIM Manager em língua portuguesa para a especialização internacional NossoBIM. Participa de grandes projetos BIM em diversas áreas e diferentes locais do mundo, como ele exemplifica, em “universidades no Reino Unido, data centers na Holanda, fábricas de microprocessadores na Alemanha, hotéis na Nigéria, pontes em Portugal, infraestruturas ferroviárias no Brasil”. “Em todas se aprende muito e se cria desenvolvimento”, diz Lino. Ele observa: “É muito interessante perceber que, independentemente do país ou da língua, a linguagem universal que é o BIM veio permitir melhorar muito comunicações e gestão de informação sintonizada”.
Sua vasta experiência será compartilhada durante o curso, segundo o professor, por meio da apresentação de conceitos, a desmistificação do que não é BIM e a exposição de aplicações concretas do processo em cada área e fase do ciclo de vida de uma construção. “Vamos explicar como os engenheiros poderão implementar o BIM nas suas organizações ou nos seus projetos”, enfatiza.
Lino divide as aulas do curso do SEESP com Claudius Barbosa, professor e pesquisador na área de infraestrutura da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), doutor em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP. Com amplo conhecimento do processo digital em projetos de infraestrutura, este último ministrará temas como introdução ao BIM, sua aplicação na engenharia e arquitetura, bem como modelagem paramétrica.
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“Além de um embasamento teórico sólido, abordaremos diversos casos de aplicação prática, ou seja, no Brasil e no mundo”, afirma Barbosa. Garcia ratifica: a ideia é propiciar aos participantes “um conhecimento real do que está acontecendo no mercado, o que realmente foi absorvido e o que não foi, o que está funcionando ou não”.
No Brasil e no mundo
De acordo com Lino, levantamentos internacionais indicam que em dez anos o conhecimento sobre BIM se ampliou, diminuindo o percentual de profissionais que desconheciam totalmente o processo de 40% para cerca de 1%.
No Brasil, é estabelecida por decreto a utilização de BIM na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e entidades públicas federais, sendo, desde 2021, em projetos; a partir de 2024 na construção; e de 2028 em diante, na operação.
O calendário, na visão do consultor, é uma mensagem para o mercado e fez com que as empresas privadas começassem a contratar seus projetos em BIM. “Naturalmente, estamos numa fase de transição. Mas a necessidade de passar para o BIM é praticamente unânime entre toda a comunidade profissional”, afirma Lino.
Pelo mundo, não é diferente, atesta o professor. Em setembro último, no Reino Unido, o Centre for Digital Built Britain (CDBB), parceria entre o governo e a Universidade de Cambridge, encerrou sua missão iniciada em 2017 de digitalizar todo o ciclo de vida dos ativos construídos da Grã-Bretanha, utilizando-se dos dados gerados para obter um melhor desempenho das infraestruturas e serviços disponíveis aos cidadãos britânicos.
Plan BIM 2022, e do Chile, com o plano estratégico Construye2025. “A economia de recursos, seja de tempo ou financeira, é inquestionável. Trata-se de uma metodologia atual e digital que beneficia todos os envolvidos no mercado da construção”, ratifica Barbosa.
Em muitos outros países, governo e comunidade acadêmica caminham juntos para a implementação total do BIM. É o caso da França, com o
Educação continuada
Se antes era um diferencial, atualmente é imprescindível que o engenheiro conheça o BIM. “É um caminho sem volta, com empresas públicas e privadas exigindo essa contratação”, diz o professor da Poli-USP. O coordenador do SEESP Educação, Fernando Palmezan Neto, corrobora e aponta: “Acredito que, futuramente, será como Física I para a Engenharia Civil. O profissional que não souber o que é, não souber trabalhar com o BIM, vai ter grande dificuldade, vai ficar de fora do mercado.”
“A gente lida com projetos em escala mundial. Tem muitos escritórios de fora que fazem projetos para o Brasil e engenheiros brasileiros que fazem projetos para fora, tudo de forma virtual, integrada”, constata Garcia. A arquiteta ressalta que o BIM vai além do meio tecnológico, “é a comunicação entre esses vários atores e disciplinas”.
Nesse sentido, ela defende que os profissionais busquem cada vez mais qualificações como a promovida pelo SEESP e a FNE, para se atualizar e desenvolver habilidades que, até o presente, não são parte da grade curricular das graduações.
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Educação continuada com cursos de curta duração de excelência, proporcionando atualização, aprimoramento e aprendizagem de novas competências, é a proposta central do SEESP Educação. E a partir da demanda dos próprios engenheiros são montadas as formações. “Recebemos de diversos sindicatos do Brasil, por meio da FNE, esse pedido na ampla visão sobre BIM. Por isso montamos o curso em parceria, a federação com a demanda dos profissionais e o SEESP com a estrutura”, pontua Palmezan Neto.
O diretor revela que após o curso “BIM, do conceito à prática” serão formuladas, para 2023, novas formações dando continuidade ao tema. “Sempre tem ferramenta nova no mercado, e o engenheiro que não conseguir acompanhar fica para trás. O SEESP Educação é para que nenhum deles perca oportunidades”, assegura.
Agenda
Curso “BIM, do conceito à prática”
Datas: 5, 6 e 7 de dezembro de 2022
Horário: das 19h às 22h
Local: Curso totalmente online – aulas pela plataforma Zoom
Custo: R$ 800,00 para o público em geral / R$ 600,00 para os associados ao SEESP e sindicatos filiados à FNE
Inscrição: bit.ly/BIM_online
Contatos: WhatsApp (11) 97275-7911 / e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.