Murilo Pinheiro – Presidente
Embora longe de superar plenamente as dificuldades socioeconômicas acumuladas na longa crise enfrentada nos últimos anos, o Brasil encerrou 2023 com indicadores positivos, permitindo vislumbrar bons resultados para o ano que se inicia. Com inflação e desemprego em queda, taxa básica de juros finalmente caminhando para patamares mais razoáveis e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das expectativas, é possível contar com possibilidade de avanços mais significativos em 2024.
Contudo, para que isso se confirme, é preciso aproveitar o cenário favorável adequadamente, com planejamento, mas também com ousadia. Está mais que na hora de retomar um projeto de desenvolvimento consistente, que possa fazer a diferença na economia nacional, gerando postos de trabalho formais, com direitos assegurados, e bem remunerados.
São muito positivas medidas como o lançamento da terceira edição do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo federal e muito especialmente a intenção de retomar obras paralisadas, assim como a destinação de mais recursos para ensino, pesquisa e desenvolvimento, além do financiamento da infraestrutura.
Mas o Estado brasileiro, de forma séria e competente, deve cumprir seu papel de indutor do desenvolvimento decisivamente, atuando estrategicamente para que o País aproveite o seu potencial em sintonia com a transformação digital e as demandas ambientais a cada dia mais urgentes.
Nesse sentido, recuperar a indústria nacional precocemente encolhida precisa ser prioridade absoluta, sempre com foco nos desafios da sustentabilidade e nas demandas nacionais. Ponto essencial nessa empreitada, conforme vem apontando o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, é estabelecer internamente uma indústria de semicondutores que elimine a dependência do mercado externo em relação a esses componentes, que são essenciais na atualidade e serão ainda mais no futuro.
O mesmo vale para insumos da agropecuária, como fertilizantes, ou das indústrias farmacêutica e médico-hospitalar. É preciso saber aproveitar os recursos e cérebros disponíveis para assegurar geração de riqueza, bem-estar público e soberania. Crucial também é traçar uma direção de estruturação energética rumo à transição para fontes limpas.
O Brasil dispõe de amplas condições de cumprir essa agenda ambiciosa, mas, para tanto, será necessário haver muita determinação e a disposição de construir um projeto coletivo, que deixe para trás o dispêndio de energia com disputas menores. A engenharia nacional, por meio de suas entidades representativas como a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus sindicatos filiados e dos seus profissionais de altíssimo nível, está a postos para contribuir com a construção do país que todos desejamos.
Iniciemos 2024 de mangas arregaçadas e unidos em torno desse objetivo. Saúde, paz e prosperidade a todos!