Murilo Pinheiro – Presidente
A situação de calamidade do Rio Grande do Sul, causada pelas fortes chuvas que castigaram a região ao longo do mês de maio, além da solidariedade efetiva, exige medidas assertivas dos poderes públicos e a conscientização da sociedade para tarefas inadiáveis a serem cumpridas.
Ainda que esse episódio implique recordes de precipitação pluvial e diversas situações nunca vistas, não se pode cometer o equívoco de, passada a crise e atendidas as demandas emergenciais, tratá-lo como situação isolada ou rara.
Enfrentando uma crise climática hoje inegável, a humanidade tem uma missão dupla crucial. Por um lado, precisa agir para reduzir o avanço da destruição ambiental, buscar a sustentabilidade na produção econômica e no modo de vida, reduzindo sobretudo emissão de gases de efeito estufa, e preservar os recursos naturais.
A outra tarefa colocada é adaptar os espaços urbanos para que façam frente aos eventos climáticos que lamentavelmente serão cada vez mais frequentes, como apontam os estudos em todo o mundo.
Nesse contexto, é absolutamente necessário dotar as administrações públicas de estruturas, com quadro técnico e orçamento próprios, com a função de garantir a manutenção permanente das estruturas viárias, edificações em geral e, claro, de barragens, diques, muros de contenção etc.. Assim, os municípios, os estados e a União deveriam ter uma Secretaria de Engenharia de Manutenção, conforme a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) vem defendendo desde 2019.
A ideia é abandonar o improviso e a procrastinação no que diz respeito à conservação, dando prioridade a ações preditivas, preventivas e corretivas antes que os colapsos se sucedam. O gestor público e a comunidade precisam aprender a valorizar o investimento e o trabalho em manutenção, mudança de postura que pode poupar recursos e evitar a destruição patrimonial, a devastação ambiental e salvar seres humanos.
Com papel de destaque nesse processo, a engenharia oferece o conhecimento técnico e as inovações necessárias para projetar, implementar e gerenciar as soluções necessárias. Por isso mesmo, esses desafios integram a nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, intitulada “Cidades inteligentes – Garantir qualidade de vida à população”, a ser lançada no início de julho.
O trabalho, que será entregue a candidatos nas eleições municipais em todas as regiões do Brasil, pretende ser uma contribuição para que repensemos nossas atitudes, corrijamos os erros e coloquemos o conhecimento a serviço do bem-estar da sociedade, evitando tragédias futuras.
Imagem: Pedro Truffi Viotti de Almeida/Freepik.com - Arte: Fábio Souza