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Cidades inteligentes para garantir vida digna à população

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Soraya Misleh

 

A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), juntamente com suas entidades filiadas, entre as quais o SEESP, apresenta aos candidatos nestas eleições municipais e à sociedade brasileira sua nova edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Sob o mote “Cidades inteligentes – Garantir qualidade de vida à população”, o lançamento ocorreu no dia 15 de julho último, no auditório do sindicato paulista, na Capital. O evento teve transmissão online.

 

Lançamento da nova edição do "Cresce Brasil", que traz propostas factíveis a cidades inteligentes. Fotos: Beatriz Arruda

 

Murilo Pinheiro, presidente da FNE e do SEESP, lembrou à abertura que o “Cresce Brasil” teve início em 2006. “Lá tínhamos como missão colocar a cabeça da engenharia para fora da terra e participar efetivamente de todas as questões da sociedade, apresentando propostas para contribuir com um Brasil melhor, com mais desenvolvimento”, enfatizou.

 

No ensejo, como continuou, o resultado de debates e seminários de norte a sul do País, sistematizado na publicação que deu origem ao projeto, foi apresentado a todos os presidenciáveis. Daria, na sequência, origem ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), “pautado no ‘Cresce Brasil’”. Desde então, segundo frisou ainda Murilo, a cada dois anos é lançada uma nova edição, com propostas factíveis ao desenvolvimento nacional sustentável, a qual é apresentada a candidatos a cargos majoritários nas eleições municipais, estaduais e gerais.

 

Neste ano não será diferente. O “Cresce Brasil” chegará às mãos dos prefeituráveis nas capitais e principais municípios do País. A concepção é de que cidades inteligentes são aquelas que funcionam de forma adequada, assegurando bem-estar à sua população, e não só as que lançam mão de recursos de tecnologia da informação em sua gestão, embora esses sejam essenciais. Ao anunciar o lançamento da nova edição, o presidente da FNE conclamou: “Essa é nossa contribuição. Que cada engenheiro nos ajude rumo a mais oportunidades e qualidade de vida para os cidadãos brasileiros.”

 

Confira aqui a publicação “Cresce Brasil – Cidades inteligentes”

 

Vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (no telão), saúda iniciativa da FNE e sindicatos filiados: "alinhada com o momento em que vivemos". O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enviou um vídeo saudando a iniciativa, em que destacou estar “muito alinhada com o momento em que vivemos”.

 

Ele explanou: “No ano passado lançamos o novo PAC, que destinará R$ 1,7 trilhão a áreas estratégicas. Neste ano lançamos o ‘Nova Indústria Brasil’, para estimular a neoindustrialização, inovadora, sustentável e competitiva, com novo ambiente econômico e aprovação de reformas como a tributária.” 

 

 

Reconhecimento e parcerias

 

Colocando o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) à disposição, seu vice-presidente Luis Chorilli Neto frisou a importância de a categoria se posicionar e se mobilizar junto ao poder público para “melhorar a vida de todos”.

 

Na mesma linha, destacando a parceria de longa data com o SEESP e a FNE, Sérgio Marques Assumpção, vice-presidente de gestão e assuntos institucionais do Sindicato Nacional da Engenharia e Arquitetura Consultiva, seção São Paulo (Sinaenco-SP), salientou a essencialidade de valorização da profissão fundamental ao desenvolvimento nacional. Corroborando a visão expressa na nova edição do “Cresce Brasil”, completou: “Cidade inteligente não é só tecnologia. Começa com o cuidado com o bem público, com manutenção, tão esquecida no País, o que cobra custo alto ao nosso País.”

 

Em nome da Prefeitura de São Paulo, o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, fez questão de afirmar o alinhamento da gestão com as ações propugnadas pelo “Cresce Brasil”, “por exemplo, cidades inteligentes, sustentabilidade e manutenção de obras de arte, pontes e viadutos”. Em relação a esta última, segundo ele, são cerca de 1.300 estruturas mapeadas, com plano de intervenção em 260 delas.

 

Exemplos práticos

 

Ao encontro disso, Paulo Frange, vereador paulistano, asseverou que a Capital está “muito alinhada” ao tema da nova edição do “Cresce Brasil”: “Temos hoje na cidade de São Paulo 30 UPAs [unidades de pronto atendimento] tipo 3, conectadas ao Incor [Instituto do Coração]. Antes 30% dos que sofriam um infarto do miocárdio morriam; esse percentual se reduziu para 4%.” Todas as maternidades municipais de São Paulo, continuou, estão conectadas ao Programa AVC, em que dentro da UTI Neonatal é acoplado um aplicativo ao berço de recém-nascidos de alto risco para monitorá-los e, de forma computadorizada, garantir agilidade no atendimento. A conectividade, como explicou, se dá com uma central de telemedicina. “São cidades inteligentes salvando vidas.”

 

cresce brasil aberturaVereadores paulistanos e representantes de entidades à abertura do evento. No púlpito, Murilo Pinheiro. Expressando seu orgulho da engenharia no Brasil, “presente em todas as áreas e uma das melhores do mundo”, o sindicalista Ramalho da Construção ilustrou a importância de garantir essa mão de obra qualificada para a melhoria da qualidade de vida da população, como defende o “Cresce Brasil”: “Troquei há uns três anos a válvula cardíaca, saí em menos de uma hora após a cirurgia com uso da robótica e no dia seguinte já estava trabalhando, graças à engenharia.”

 

Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, mencionou as desigualdades e contrastes da megalópole de São Paulo e, “pela ótica dos trabalhadores, as adversidades de quem sofre com cidades não inteligentes, pessoas de baixo nível socioeconômico”. Nesse quadro, a nova edição do “Cresce Brasil”, na sua ótica, se converte numa mensagem de esperança, como um “documento científico que sinaliza caminhos que possam acabar com as desigualdades e valorizar todos os que se dedicam à engenharia no nosso país”.

 

Mensagem de esperança

 

Público atento no auditório do SEESP, na Capital, para conhecer as propostas.Faz coro o vereador por São Paulo Eliseu Gabriel, para quem o SEESP e a FNE são “uma luz” diante da investida dos últimos anos do rentismo, em detrimento do desenvolvimento nacional. “O esforço hercúleo de construção dessa revista [“Cresce Brasil”] tem que ser comemorado, traz muita esperança. É apostar no Brasil e na organização da nossa sociedade.”

 

Representando o conjunto dos conselhos regionais, Jorge Silva, presidente do Crea-ES, salientou: “Estamos acompanhando esse trabalho e projeto fundamental à vida das pessoas, principalmente em termos de políticas públicas. A engenharia move o mundo. O ‘Cresce Brasil’ é um programa idealizado não só para as grandes metrópoles, mas traz conhecimento de causa para os pequenos municípios, assim como para os pequenos e grandes estados desta nação. Traz inovação, novas esperanças, a valorização profissional que a engenharia merece e precisa.”

 

A presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge-CE), Teodora Ximenes, representando todas as 18 entidades filiadas à FNE, por fim, falou da “grande satisfação em participar desse trabalho, que está chegando também nas prefeituras de Fortaleza e de todo o estado do Ceará”.

 

Após as manifestações das autoridades e lideranças, os autores das notas técnicas para a nova edição apresentaram o conteúdo que compõe o “Cresce Brasil – Cidades inteligentes”. Essa seção foi conduzida pelo coordenador-geral do projeto, Fernando Palmezan Neto, para quem a nova iniciativa da federação, que representa legalmente cerca de 700 mil engenheiros nas cinco regiões do País, constitui mais uma etapa em prol do desenvolvimento nacional sustentável com inclusão social.

 

Coube ao coordenador técnico, Carlos Monte, uma síntese dos trabalhos que abordam soluções a questões fundamentais para se garantir cidades inteligentes, a saber: política habitacional e engenharia, saneamento, mobilidade urbana, ocupação do espaço aéreo, árvores e fiações, mudanças climáticas, educação em engenharia, desafios e oportunidades, além de conectividade e Internet das Coisas (IoT).

 

Saneamento

 

No telão, Carlos Monte traz síntese sobre os temas abordados na nova edição. No púlpito, Fernando Palmezan conduz a apresentação das notas técnicas pelos consultores da nova edição.O diretor da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp, conselheiro do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas) e da Engenharia pela Democracia (EngD), Amauri Pollachi, saudou o lançamento da nova edição: “É um projeto extremamente importante para a engenharia nacional, que pensa nas pessoas, gente que merece ter a melhor qualidade de vida.”

 

Ele traçou um histórico dos planos nacionais e políticas públicas para o setor, sobretudo a partir dos anos 1970. Conforme o especialista, o avanço experimentado, com “a Sabesp praticamente às portas da universalização em todas as cidades em que atua”, enfrenta revés nos últimos anos. A Lei 14.026/2020, relativa ao marco legal do saneamento básico, afirmou Pollachi, “praticamente induz a privatização dos serviços”. E foi categórico: “Estamos caminhando a um processo destrutivo das boas práticas do setor.”

 

O conselheiro do Ondas localiza a busca por privatizar a Sabesp nesse contexto, o que caracteriza como “um crime contra o patrimônio público”. Em sua nota técnica, descreve que essa medida vai na contramão do que vem sendo feito no mundo, em que há crescente retomada da prestação do serviço público de saneamento. Ele mencionou, como exemplo, a reestatização na Inglaterra, após 35 anos da privatização e condução desastrosa do serviço, assim como a remunicipalização em “metade das cidades francesas”.

 

Lamentavelmente, em 23 de julho último a privatização avançou, com a venda das ações da companhia paulista na Bolsa de Valores, a B3. Diante de processo recheado de ilegalidades e irregularidades, questionado na Justiça, Pollachi afirmou ao lançamento do “Cresce Brasil” a continuidade da “luta contra a dilapidação do patrimônio público e contra a privatização do saneamento”. E alertou: “Talvez a gente tenha que passar pela experiência inglesa.”

 

Cibersegurança

 

Marcos Simplicio Junior e Amauri Pollachi, da esquerda para a direita: saneamento e cibersegurança em pauta.O professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Marcos Simplicio Junior, pontuou que quando se fala em cidades inteligentes, amplia-se o desafio de conter ciberataques. A importância de se debruçar sobre o tema é elucidada pelos dados: o Brasil ocupa, de acordo com ele, a quinta posição no ranking mundial entre os países com maior número dessas ocorrências.

 

Na sua concepção, existem técnicas para tanto, como inteligência artificial. O problema reside no déficit de profissionais técnicos para a defesa. “No mundo é de 4 milhões, dos quais 600 mil na América Latina, sendo 140 mil no Brasil.”

 

A Política Nacional de Cibersegurança, descreveu, prevê investimentos públicos para formação de pessoal na área e tem havido iniciativas, tanto privadas quanto públicas, para fazer frente a esse desafio. Nessa direção, também é necessário, segundo demonstrou, conter a perda de cérebros para o exterior. "Mais de 50% dos últimos alunos que formei não estão no Brasil, e os que estão trabalham para fora, ganham em dólar", sublinhou.

 

Educação

 

José Roberto Cardoso, coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP e professor da Poli-USP, ratificou a necessidade de mais e melhores engenheiros. Conforme ele, atualmente, o Brasil forma 120 mil por ano, o que equivale a seis profissionais para cada 10 mil habitantes. “É muito pouco para um país como este. Na Espanha são 17 a cada 10 mil; Alemanha e França, 19; Japão e Coreia, 25. O desafio da empregabilidade precisa ser pensado. O ‘Cresce Brasil’ é para isso.”

 

A partir das Novas Diretrizes Curriculares de 2019, Cardoso elucidou ainda que as instituições devem graduar profissional empreendedor e com raciocínio crítico. Entre as competências associadas, capacidade de liderança, comunicação e de trabalhar em equipe, bem como ter conhecimento em humanidades, como história. O foco, segundo Cardoso, é no aprendizado ativo para dar conta dos desafios do País no século XXI.

 

Mudanças climáticas

 

A necessidade de adaptação e mitigação às mudanças climáticas foi o tema da coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro (NJE) da FNE, Marcellie Dessimoni, que observou o “momento muito crítico da nossa história”. Especialista em ESG (governança ambiental, social e corporativa) e gerenciamento de resíduos sólidos, ela alertou para a realidade incontestável das mudanças climáticas e possibilidade de maior frequência de ocorrência de eventos extremos. Assim, apresentou os desafios a serem enfrentados e o papel da engenharia para tanto.

 

Educação em engenharia e mudanças climáticas foram abordados, respectivamente, por José Roberto Cardoso e Marcellie Dessimoni.A tragédia no Rio Grande do Sul, com as enchentes que devastaram o estado no sul do País em final de abril e maio deste ano, é emblemática de sua ausência, refletida na falha generalizada do sistema de prevenção às inundações. Entre outros problemas elencados por Dessimoni, comuns nas cidades brasileiras, estão crescimento urbano desordenado, com as mudanças climáticas impactando cada vez mais em especial os mais vulneráveis, infraestrutura “envelhecida e inadequada”, má gestão e poluição que comprometem os recursos hídricos, desigualdade social e falta de acesso a serviços públicos.

 

Na sua visão, soluções da engenharia estão à disposição para mudar esse quadro, assegurando infraestrutura mais resiliente. Mencionou, por exemplo, telhados verdes, pavimentações mais permeáveis, parques urbanos, despoluição de rios e proteção de nascentes, além de transporte público eficiente, garantia de habitações sociais, investimento em energias renováveis, adoção de tecnologias sustentáveis, educação e sensibilização. Ela defendeu que esse trabalho seja conduzido “lado a lado com a comunidade”, garantindo participação social mais efetiva. Além disso, a inserção do debate sobre mudanças climáticas não apenas nas universidades, mas desde o ensino médio é fundamental. E foi categórica: “Ter planejamento estruturado, com urbanização mais sustentável, é solução para a humanidade. A responsabilidade de proteger nossa planeta está nas nossas mãos.”

 

Mobilidade urbana

 

O diretor do SEESP Emiliano Stanislau Affonso Neto iniciou sua preleção com um dado alarmante: 90% da poluição na cidade de São Paulo é decorrente do transporte. O impacto à saúde pública foi mensurado por ele: haveria diminuição dos gastos em R$ 18 bilhões ao ano se esse problema fosse sanado. Afora isso, o tempo no congestionamento resulta em perdas econômicas. “Se isso fosse eliminado, impactaria no crescimento do PIB nacional em cerca de 3%.”

 

Para Affonso, além da mudança da priorização do transporte individual em detrimento do coletivo, urge que os governantes equalizem os subsídios ao sistema público. Isso pode ser feito, como defende, a partir da transformação de estações metroferroviárias em novas centralidades, com implantação de serviços e comércio em seu entorno e destinação das receitas acessórias para expansão e melhoria do transporte por ônibus, metrô e trem.

 

Nessa direção, ele propugna pelo investimento público como fundamental para garantir mobilidade urbana, o que implica qualidade de vida, saúde e desenvolvimento. “A cada bilhão investido em transporte público, voltam seis bilhões para a economia”, ensina.

 

A experiência do Promore

 

Debruçando-se sobre política habitacional e engenharia, Alberto Pereira Luz, diretor da Delegacia Sindical do SEESP em Bauru, apresentou a experiência do Programa de Moradia Econômica (Promore) na cidade do interior paulista. Ele sublinhou que alternativas como essa não têm a pretensão de substituir os programas habitacionais governamentais. Estes são fundamentais ante déficit de cerca de 5 milhões de moradias e outras 5 milhões consideradas inapropriadas ou inadequadas no Brasil.

 

Os diretores do SEESP Emiliano Stanislau Affonso Neto e Alberto Pereira Luz (da esq. para a dir.) trazem propostas para mobilidade e habitação.As ações realizadas pelos profissionais, a exemplo do Promore, “vêm preencher lacunas”. O programa idealizado pelo SEESP em Bauru no ano de 1988 atende aqueles cuja renda familiar é de até 5,5 salários mínimos, com projeto personalizado e assistência técnica. Por meio de convênios com órgãos e administrações públicas, garante isenção de impostos e taxas. “Já são mais de 10 mil moradias construídas ou reformadas em Bauru”, orgulha-se Pereira Luz.

 

Ainda, por meio da Lei Federal 11.888/2008, que garante assistência técnica pública e gratuita para famílias com renda mensal até três salários mínimos, ele garantiu que, na cidade do interior paulista, “já conseguimos atender 686 delas com projetos custeados pelo Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social”. Além disso, os engenheiros e arquitetos credenciados pelo Promore fornecem assistência a regularização fundiária rural e urbana, conforme a Lei Federal 13.465/2017 relativa à questão, o que beneficiou até então 359 famílias em Bauru.

 

Na sua concepção, é inaceitável que um cidadão fique desassistido e com a responsabilidade de construir sua moradia. Assim, não se pode prescindir de profissional habilitado para elaborar o projeto, acompanhar a obra e orientar na construção, ampliação ou reforma. O Promore se apresenta como alternativa oferecida por entidade de engenharia, o SEESP, em defesa do direito à casa própria.

 

Emaranhado de fios e cabos

 

Carlos Augusto Ramos Kirchner, consultor em energia e iluminação pública e também diretor do SEESP, abordou a ocupação do espaço aéreo urbano, cujo emaranhado de cabos e fios é problema grave nas cidades, que se arrasta há décadas. “Estamos discutindo o assunto há pelo menos sete ou oito anos.” Com o apoio do SEESP e da FNE, como sublinhou, “hoje mais de uma centena de municípios tem legislação sobre o tema”. 

 

Marcelo Zuffo (à esquerda) e Carlos Augusto Ramos Kirchner: tecnologias para cidades inteligentes e solução para emaranhado de cabos e fios. Kirchner informou que a distribuidora é a detentora do poste e que “em todo lugar em que se vê desordenamento há desrespeito às normas da ABNT”. Ele criticou a ausência de mecanismos de punição a irregularidades por parte das agências reguladoras e mesmo o denominado Plano de Regularização de Postes Prioritários. Este prevê, segundo explicou, alcançar 2 a 3% do conjunto ao ano. “É pífio e ignora que as irregularidades crescem mais rápido do que isso.”

 

Na sua análise, o combate ao emaranhado de cabos deve impedir a invasão do espaço destinado à iluminação pública. “Essa questão é de ordenamento urbano, tangencia a esfera municipal”, pontuou.

 

Internet das Coisas e IA

 

Professor titular da Poli-USP e diretor do centro de inovação da instituição, o InovaUSP, Marcelo Knörich Zuffo definiu: “Cidade inteligente é aquela cujos gestores usam de meios tecnológicos para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.”

 

cresce brasil murilo 2Murilo Pinheiro retoma importância da Engenharia de Manutenção ao apresentar a nova edição do "Cresce Brasil".Ele apresentou “projetos muito disruptivos” que incluem Internet das Coisas e Inteligência Artificial (IA), os quais estão sendo desenvolvidos na Universidade de São Paulo com tecnologia 100% nacional para solucionar problemas que afetam a vida da população, como segurança pública e trânsito. Entre eles, semáforos autoadaptativos e câmeras que substituem a necessidade de ligar para o número 190 para notificar ocorrências à Polícia Militar em três segundos, ante os 200 segundos atuais. “Elas estão instaladas hoje em 20 viaturas e queremos expandir para 20 mil. Quanto aos semáforos, vamos trocar 6 mil, com essa tecnologia.”

 

E concluiu: “A engenharia brasileira está viva e disposta a inovar na cidade de São Paulo.” Por fim, sugeriu termo de cooperação da USP com o SEESP “para usar as delegacias para fazer uma revolução no Estado”. A proposta, como informou, é massificar tais inovações para todo o País.

 

Engenharia de Manutenção

 

Murilo encerrou a apresentação das notas técnicas abordando a importância de se constituírem Secretarias de Engenharia de Manutenção, com equipe e dotação orçamentária próprias, nas três esferas de governo (municipais, estaduais e nacional).

 

Ter o planejamento e registro das ações preditivas e preventivas em cada viaduto, ponte, barragem, obra de arte, como asseverou, resultará em menos gastos públicos, mais confiança e segurança. E almejou: “Um grande ‘Cresce Brasil’ a todos nós.”

 

Confira o lançamento do “Cresce Brasil – Cidades inteligentes” na íntegra:

 

 

 

Imagem de capa: WangXiNa/Freepik | Arte - Eliel Almeida

 

 

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