Soraya Misleh*
Murilo Pinheiro apresenta livro lançado por ocasião dos 90 anos do SEESP durante sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo. Foto: Guilherme BrunoCom lançamento do minidocumentário “90 anos do SEESP” e do livro “SEESP – 90 anos de compromisso com a engenharia e o desenvolvimento social”, além de homenagens a personalidades e a ex-presidentes do sindicato, ocorreram sessões solenes na Assembleia Legislativa (Alesp) e na Câmara Municipal de São Paulo, respectivamente nos dias 16 e 26 de agosto último. Dedicadas aos 90 anos da entidade, a se completarem neste 21 de setembro, as iniciativas foram do deputado estadual Simão Pedro (PT) e do vereador Paulo Frange (MDB).
As comemorações seguem e incluem, no dia 19 deste mês, reinauguração da galeria de fotos dos presidentes que estiveram à frente do sindicato desde 1934, em sua sede na Capital. O Prêmio Personalidade da Tecnologia 2024, a ser entregue no Dia do Engenheiro, 11 de dezembro, encerra as celebrações.
Prestes a completar 90 anos, o SEESP, como lembrou Simão Pedro ao abrir a sessão na Alesp, “é uma das maiores instituições sindicais do País, com mais de 60 mil filiados e representando cerca de 350 mil engenheiros no Estado”. Afirmando-se honrado em ter proposto a homenagem, ele destacou a parceria com a entidade e a forte atuação desta em defesa da categoria, com bandeiras fundamentais à valorização profissional. Entre elas, o cumprimento do piso salarial e a implementação da carreira pública de Estado dos engenheiros.
Da esquerda para a direita, Simão Pedro, Marcos Monteiro e Paulo Frange: contribuições à Capital, ao Estado e ao País. Fotos: Guilherme BrunoAo conduzir a sessão na Câmara Municipal, Paulo Frange deu ênfase à parceria de longa data entre o Legislativo paulistano e o SEESP nas discussões de temas fundamentais para a melhoria das condições de vida, crescimento econômico e sustentabilidade na Capital. “A presença dos engenheiros trouxe muitas contribuições, como no Plano Diretor [Estratégico de São Paulo] em 2002, quando tivemos um grande debate, assim como em 2016, na Lei de Zoneamento, e em todos os avanços de lá para cá, nas leis de combate as mudanças climáticas [...]. Temos uma dívida de gratidão com vocês”, salientou o vereador.
Na ocasião, o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, Marcos Monteiro, parabenizou o SEESP pela seriedade e responsabilidade com que participa das discussões sobre questões prementes à profissão, bem como ao desenvolvimento e à qualidade de vida na Capital. Ele destacou, em especial, a importância da defesa da garantia de manutenção preditiva, preventiva e corretiva de pontes, viadutos e obras de arte, frisando que hoje há mais de mil obras em andamento na cidade.
A atuação dos engenheiros da Prefeitura Municipal de São Paulo é determinante, como reconheceu Monteiro, ele próprio profissional da categoria. “Vim da iniciativa privada e hoje vejo a importância de engenheiros concursados. Precisamos de pessoas que levarão o conhecimento técnico de gestão em gestão, independentemente do partido”, constatou.
Desenvolvimento no Estado e País
O engajamento do SEESP na formulação e debate de propostas voltadas ao desenvolvimento do Estado de São Paulo e do País foi sublinhado por Simão Pedro, em especial com a adesão ao projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), à qual o sindicato paulista é filiado.
Público lota auditório da Câmara Municipal para prestigiar homenagem ao sindicato. Foto: Guilherme BrunoA plataforma, atualizada permanentemente e que reúne propostas factíveis ao desenvolvimento nacional sustentável com inclusão social, como pontuou o deputado, antecedeu o primeiro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, servindo de “inspiração aos técnicos do governo federal”. O aporte determinante foi também lembrado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, na sessão solene na Câmara Municipal, o qual enfatizou: “São 90 anos de contribuição para o País.”
A engenharia, conforme frisou ele, é central para o desenvolvimento nacional: “Temos que fazer o Brasil ser exportador também de alta tecnologia, e só vamos conseguir com investimento em ciência e tecnologia e na formação de engenheiros”, complementou Teixeira. Exemplificando a importância dos profissionais, citou seu papel decisivo na construção e consolidação de empresas como a Petrobras e a Sabesp, que, na sua concepção, devem se manter como patrimônios públicos, em prol do Estado e do País.
Engenharia em tudo
Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – 2ª Região, Ivani Contini Bramante também observou, durante a sessão na Alesp, a importância da profissão e dos profissionais representados pelo SEESP: “A engenharia está em tudo. Todo desenvolvimento humano está em suas mãos.”
O sindicato, como salientou, é instituição que “tem assento constitucional”, com funções relevantes, para igualdade no tratamento e representatividade da categoria, garantia de melhor qualidade de vida e negociação de acordos coletivos de trabalho aos engenheiros. Ela mencionou ainda que sua ação vai ao encontro do que preconiza a Organização das Nações Unidas quanto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ensejou professando “mais cem anos para o SEESP, quiçá continuando a causar impactos positivos na sociedade e no planeta”.
Francisco Macena da Silva (à esq.), Ivani Bramante e Vahan Agopyan: reconhecimento da importância do SEESP e de seus representados. Fotos: Guilherme Bruno e Rodrigo Romeo/Alesp (ao centro)Também ressaltando a importância da entidade, na mesma oportunidade, Francisco Macena da Silva, secretário executivo do Ministério do Trabalho, representando o titular da Pasta, Luiz Marinho, afirmou a luta do SEESP para garantir instrumentos à melhor representação da categoria, entre os quais o financiamento das entidades sindicais. Nessa direção, o ministro Paulo Teixeira defendeu a revisão da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), que enfraqueceu drasticamente as receitas dos sindicatos e os direitos dos trabalhadores. “Não há democracia sem sindicatos fortes”, ratificou.
Macena testemunhou ainda sua experiência com o sindicato a partir da década de 1990, sempre com a entidade “participando das decisões do Estado e do País, em relação a problemas cruciais e básicos de infraestrutura”. Citou, por exemplo, a ação central para identificação de áreas de risco e superação dos desafios habitacionais e urbanos, bem como na elaboração de políticas de mobilidade e no desenvolvimento das cidades.
Na mesma linha, reiterou a importância de seu engajamento ao “Cresce Brasil” e na implementação de projetos do governo federal, como a nova versão do PAC, com investimentos de R$ 1,7 trilhão, além da nova industrialização e transição energética.
Solenidade na Assembleia Legislativa de São Paulo. Foto: Guilherme BrunoO secretário executivo informou, ainda, sobre debate no Ministério em relação a ocupações que vão desaparecer e novas que vão surgir. “Uma importante no passado, no presente e que vai se manter no futuro é a profissão dos engenheiros, contribuindo para o novo desenvolvimento econômico, social e justo do País.”
Vahan Agopyan, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, que é profissional da categoria, vaticinou no ensejo: “É uma homenagem muito marcante ao sindicato em prol do Brasil.” Para ele, o reconhecimento expresso no Legislativo joga luz sobre o necessário respeito à visão do engenheiro ao desenvolvimento sustentável nacional, com ações planejadas que tenham como centro o bem-estar da população.
“Os exemplos estão em todos os lugares. Graças à engenharia agronômica estamos conseguindo alimentar 220 milhões de brasileiros, mas ainda há muitos sob risco. Habitação, escolas, hospitais, transportes, comunicação, tudo se faz com engenharia”, destacou, constatando que um país com tal gigantismo não pode prescindir da industrialização para progredir.
Ao encontro disso, afirmou a demanda por mais e melhores profissionais da categoria para o desenvolvimento nacional, para poder “alimentar e avançar no conhecimento”. Na sua avaliação, faltou essa percepção nas últimas décadas. “Felizmente, durante todo o período, nosso sindicato tem mantido essa preocupação viva. O Brasil está progredindo, temos que lutar por isso de forma muito intensa e não esmorecer.”
Homenageados na Alesp por dedicação ao SEESP e parceria. Foto: Rodrigo Romeo/AlespA presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), Lígia Mackey, ressaltou em sua fala na Câmara Municipal que o conselho igualmente completou nove décadas de fundação em 2024. “É uma honra estar aqui. Temos que unir forças para valorizar nossa profissão”, disse. E conclamou: “A engenharia move o mundo, faz o desenvolvimento. Eu peço que sempre que esta Casa tiver assuntos técnicos a discutir, consulte os engenheiros do Estado.”
Pela parceria, foram homenageados na Câmara Municipal o ministro Paulo Teixeira; Dario Rais Lopes, CEO da Aeroportos Paulistas; Fernando Jardim Mentone, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, seção São Paulo (Sinaenco-SP); José Roberto Cardoso, coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP; Rodrigo Vieira, auditor-fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego; Lígia Mackey, Marcos Monteiro, o vereador Paulo Frange, além de Murilo Pinheiro.
Na Alesp, receberam a honraria Vinicius Marchese Marinelli, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea); Marcelo Knörich Zuffo, presidente do Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (InovaUSP); Marcio Rea, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); Jurandir Fernandes, coordenador do Comitê Assessor de Mobilidade e Transporte do Conselho Tecnológico do SEESP; e Antonio de Souza Ramalho, presidente licenciado do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de São Paulo, bem como Murilo e Simão Pedro.
Honrarias concedidas na Câmara Municipal de São Paulo. Foto: Guilherme BrunoAlém dessas personalidades, foram homenageados nas Casas de Leis os ex-presidentes do SEESP Allen Habert, Paulo Tromboni de Souza Nascimento, Ubirajara Tannuri Felix e Esdras Magalhães dos Santos Filho.
Protagonismo
Falando em nome de todos os homenageados na Assembleia Legislativa de São Paulo, Marchese sintetizou “o sentimento de quão importante é a entidade e nossa profissão. Esse reconhecimento é do trabalho de muita gente, gestores que fizeram muito pela sociedade”. Em sua função precípua de valorização e defesa dos engenheiros, o presidente do Confea foi categórico: “Nessa pauta, em todos os momentos, o sindicato está sempre presente de maneira muito forte.” E conclamou: “Nos países desenvolvidos, os engenheiros são quase 50% da estrutura administrativa. Se a gente quiser que o Brasil dê certo e aconteça, tem que mudar.” A engenharia, segundo Marchese, precisa assumir o protagonismo em prol do País.
Vinicius Marchese Marinelli e Lígia Mackey: engenharia unida. Fotos: Guilherme Bruno (esq.) e Rodrigo Romeo/Alesp“Esta é uma homenagem muito importante para nós, neste momento tão difícil por que passa o sindicalismo no mundo e em particular no Brasil. São 90 anos do SEESP, mas estamos nos sentindo muito jovens para que possamos avançar muito. Precisamos lutar, defender nosso sindicato, nossa federação, nossa confederação [CNTU], estar juntos, defendendo os engenheiros, a engenharia e os cidadãos”, assinalou Murilo durante a sessão na Alesp.
Além da importância da engenharia unida a um Brasil melhor, mais justo e com oportunidades para todos, ele destacou que a FNE, com o engajamento da entidade paulista, lançou em 15 de julho último nova edição do projeto “Cresce Brasil”, sob o mote “Cidades inteligentes”, a qual vem sendo encaminhada a todos os candidatos a Prefeito das capitais e grandes cidades brasileiras.
Murilo concluiu, em sua fala na Câmara: “Só temos o SEESP forte graças ao trabalho diário de cada um, da diretoria, dos empregados. Vamos juntos fazer o sindicato que nós queremos, presente em todas as discussões, que contribui para uma cidade melhor, para um estado melhor, para um país melhor.”
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* Colaborou Jéssica Silva
Capa: Fotos - Guilherme Bruno / Arte - Eliel Almeida
