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Eleições 2012 - Propostas para São Paulo são apresentadas à categoria

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Soraya Misleh

Dando continuidade ao ciclo de debates “A engenharia e a cidade”, promovido pelo SEESP, mais três candidatos à Prefeitura de São Paulo apresentaram suas propostas aos engenheiros: Ana Luiza (PSTU), Gabriel Chalita (PMDB) e Levy Fidelix (PRTB). Eles compareceram à sede do sindicato, na Capital paulista, respectivamente em 27 e 30 de julho e em 13 de agosto. Além deles, já estiveram presentes Soninha Francine (PPS), Miguel Manso (PPL), Fernando Haddad (PT) e Celso Russomanno (PRB).

Abrindo essa etapa, Ana Luiza destacou: “A lógica no município hoje é governar para os ricos. Precisamos que o orçamento da Prefeitura seja investido em infraestrutura, hospitais, escolas, moradias para os trabalhadores. Os recursos hoje, na sua maioria, não são utilizados dessa forma.” Para dar conta disso, em seu plano de governo consta, entre as medidas, suspender o pagamento da dívida pública do município com a União – segundo ela, já quitada, dados os “juros extorsivos”. Outra forma é rever contratos de terceirização. Além disso, integrar campanhas nacionais como a pela garantia de 10% do PIB (produto interno bruto) para a educação, 6% para a saúde e 2% para a ampliação do transporte público.
A verba que voltaria aos cofres da Prefeitura seria investida por exemplo para se construir 2 mil creches, oferecendo 300 mil vagas. Na saúde, a promessa é de construção de imediato de mais três hospitais públicos em São Paulo, “principalmente na periferia, onde falta tudo”. Ana Luiza completou: “Também vamos abrir concursos públicos para ter mais servidores e prestar melhor atendimento.”

No transporte, a proposta é assegurar qualidade, o que abrange ampliar os corredores de ônibus. Ademais, discutir o valor da passagem, que “precisa ser subsidiada”. Com isso, acredita a candidata, seria possível chegar ao valor de R$ 1,00, ante os R$ 3,00 atuais. “Pagamos caro por um serviço ruim, superlotado. O poder público investe cada vez menos e está privatizando. Vamos reestatizar o transporte, e as contas serão acompanhadas pela população”, acrescentou. A participação popular estaria garantida em sua gestão, disse, mediante a formação de conselhos.

Na área social, ressaltou a questão dos moradores de rua, muitos dependentes químicos, que precisariam de tratamento e habitação adequada. “Existem em torno de 500 mil pessoas em situações muito precárias, na rua, em favelas, cortiços. Há muitos imóveis no centro da cidade, a Prefeitura tem que avaliar para que sejam desapropriados, propiciando moradia com dignidade”, acrescentou. A reurbanização de favelas foi outro ponto levantado por Ana Luiza, bem como a Prefeitura realizar campanhas de combate a todas as formas de opressão – machismo, racismo, homofobia. A candidata prometeu salários iguais para “mulheres e homens, negros e negras e brancos, homossexuais e heterossexuais”. E ainda, discutir com o Estado ter delegacias da mulher que funcionem aos sábados, domingos e após as 18h, bem como casas abrigo para vítimas de violência doméstica. Ela ressaltou também o apoio à campanha global por boicotes ao apartheid promovido por Israel nos territórios palestinos ocupados, o que significaria não firmar convênios municipais com aquele estado.

Gestão moderna e humana

Já Chalita deu ênfase a esses compromissos em sua fala, na sua ótica, dois gargalos. Para tornar a gestão eficiente, ponderou: “São 96 distritos e 31 subprefeituras que têm que funcionar. É preciso olhar a cidade e fazer intervenções essenciais.” Ao que, na sua concepção, é necessário que os administradores regionais tenham vínculo com o local. E para assegurar a proximidade com o prefeito, o candidato prometeu dar expediente uma vez por semana numa subprefeitura. “Temos que quebrar paradigmas.”

Com relação à humanização da cidade, ele enfatizou: “É preciso olhar no olho, respeitar a população e os servidores. Resolver a situação dos moradores de rua, que não são lixo. O que se faz credenciando-se comunidades terapêuticas a que cuidem dessas pessoas. Quanto às categorias que são perseguidas, como camelôs, temos que dar alternativas, dialogar.”

Chalita salientou a necessidade de se diminuir a desigualdade social, por ele desnudada: “De um lado temos uma cidade que cuida de suas crianças, as quais aprendem vários idiomas, têm esporte e lazer, estudam o dia todo, de outro, que abandona seus filhos, com quase 200 mil crianças sem creche. São invisíveis, sem água, esgoto, luz.” Para começar, o caminho, segundo Chalita, é fazer com que o que está parado, mas existe, funcione.

Com o objetivo de consolidar a dimensão global da megalópole, o candidato pelo PMDB pretende, além de resolver “grandes problemas dos invisíveis”, atrair investimentos, definindo regras claras a empreendedores e facilitando sua vida. Nesse sentido, tem como proposta a criação de um “Poupatempo Pessoa Jurídica”.

Apontando que não fará nessa campanha eleitoral nenhuma promessa milagrosa, mas buscará elevar o nível da política, falando a verdade, ele pontuou ainda que estão em sua pauta novas centralidades para São Paulo, com corredores de ônibus interbairros, para resolver o problema de mobilidade, pensar modelo de calçadas que garanta acessibilidade, melhorar a iluminação pública, bem como implantar sistema de monitoramento interligado de segurança pública e semáforos inteligentes. Quanto a esse último ponto, o candidato pelo PMDB estimou: “Com R$ 30 milhões, daria para resolver o problema tecnológico da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), celeiro de grandes pensadores.” E concluiu: “Prefeito tem que sê-lo 24 horas por dia. Sua omissão significa a morte de pessoas. Se eu tiver essa chance, não vou desperdiçar a oportunidade de transformar a cidade, com equipe competente e ouvindo as pessoas. Quero ganhar as eleições e mostrar que é possível ser político sem sujar as mãos, sendo correto.”

Novas centralidades e civilidade

Além do já conhecido aerotrem, que, segundo Fidelix, inspirou o monotrilho que vem sendo feito pelo governo estadual, o candidato pelo PRTB trouxe outras propostas ousadas. Entre elas, transferir a Rodoviária Tietê e a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) para locais próximos ao rodoanel. Na sua concepção, isso desafogaria o trânsito nas marginais e grandes avenidas. Sob essa mesma lógica, o Aeroporto de Congonhas seria reinstalado em outro município, para diminuir o problema de mobilidade na Av. 23 de Maio. Outra medida em tal sentido seria limitar a entrada de caminhões ao município das 8h às 20h. “No quilômetro um de cada rodovia, seriam colocados grandes estacionamentos para esses veículos, bandejão a um real, hotéis baratos (para estada no período em que a circulação estaria proibida).” Fidelix destacou: “As entregas seriam feitas à noite.” Os ônibus de média capacidade não entrariam no centro expandido, que seria servido gratuitamente por circulares. Para aproximar o emprego da periferia, em seu programa, visa por exemplo levar os hipermercados dos grandes centros para lá.

Da Luz à Santa Efigênia, a Capital seria inteiramente remodelada, com a instalação da Prefeitura e Secretarias, além de comércio legal. “Vamos tirar o pedinte da rua e proibir a esmola. Nossa Prefeitura será rigorosa, mas também assistencialista.”

Outra ideia inusitada apresentada por Fidelix é construir elevados nas marginais e promover uma nova concepção urbanística, com parques poliesportivos ao redor dos rios Tietê e Pinheiros, que seriam canalizados. Para tanto, seria criada a Companhia de Desenvolvimento Urbano. Na saúde, instituiria o Pasp (Plano de Atendimento à Saúde do Paulistano). “Aos atendimentos emergenciais, usaría­mos motomédicos e motorremédios.” Na educação, a proposta é suspender contratos com empresas terceirizadas que fornecem merenda escolar e ter profissionais voltadas à alimentação das crianças nas escolas. Resgatar também a figura dos orientadores educacionais, adotar bibliotecas para pais e alunos, informatizar os colégios, monitorar as portas dos estabelecimentos de ensino e garantir que todos tenham dentistas também estão nos seus planos.

Fidelix pretende ainda criar a Secretaria de Defesa Civil contra as Calamidades da Natureza, concedendo seguros contra enchentes à população, desde que esteja com os tributos municipais em dia. E instalar uma usina de energia para aproveitamento do lixo. Além disso, constituiria o Banco de Poupança Popular Municipal de São Paulo. E acabaria com a Operação Cidade Limpa. Também retiraria os presídios da cidade e os instalaria em “ilhas”.

Ao final de cada debate, Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP, entregou aos candidatos o documento “Cresce Brasil – Região Metropolitana de São Paulo” e a revista “Brasil Inteligente”. O primeiro, resultado de seminário sobre o tema realizado pelo sindicato e a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), traz premissas à qualidade de vida na região. Já a publicação, distribuída pela CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados) na Rio+20 e na Cúpula dos Povos, em junho último, aponta caminhos para cidades e País inteligentes, rumo ao desenvolvimento sustentável. Acompanhe a agenda de eventos no SEESP com os prefeituráveis aqui.

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