Com o objetivo de possibilitar ao passageiro utilizar o bilhete não apenas para seu deslocamento de casa para o trabalho, mas também para ir a atividades culturais, de entretenimento e com a família sem ter de pagar mais por isso, está prevista para novembro a implantação do Bilhete Único Mensal – promessa de campanha do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A informação é do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Ele acredita que o novo modelo servirá para dar uma opção de transporte a quem usa o carro. No entanto, ressalva que essa migração deverá ocorrer quando outras propostas de melhoria do trânsito e transporte estiverem em funcionamento.
O Bilhete Único Mensal, observa Tatto, é parte de um complexo em que estão inseridas outras medidas a serem implantadas na cidade, e relaciona como exemplos: a construção de 150 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus, igual extensão de faixas à direita e também de ciclovias, modernização dos semáforos com a inclusão do sistema inteligente, que agilizará o fluxo de veículos, e a implementação de uma Central Integrada de Mobilidade Urbana.
O secretário afirma que o novo sistema é mais uma alternativa ao passageiro de transporte coletivo por ônibus, que pode utilizá-lo quantas vezes quiser no período de 30 dias, pagando um valor fixo mensal, mas sem saldo a ser transferido ao mês subsequente. “Basicamente, será um estímulo ao uso em finais de semana, já que nos dias úteis essa prática já está consolidada. Ele também servirá para evitar a circulação de dinheiro no sistema, o que aumentará a segurança”, aponta.
Apesar de estar na expectativa de que seja um projeto tão exitoso quanto o bilhete único e o vale-transporte – bandeiras defendidas e conquistadas após muitos anos pela sociedade e pessoal da área –, o coordenador do Grupo de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana do SEESP, Edilson Reis, avalia que, num primeiro momento, beneficiará basicamente os trabalhadores da economia informal, que não são contemplados com vale-transporte. “Situação que mudará caso o uso desse benefício se estenda ao modal metroferroviário, para que seja interessante e vantajoso aos usuários tradicionais e eventuais do transporte coletivo”, afirma.
Gley Rosa, também diretor do sindicato e membro do grupo, reforça que é uma medida importante para que a população priorize o transporte público em concordância com as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída pela Lei nº 12.587/2012, mas que terá grande adesão somente após a integração com as demais modalidades de transporte. Ainda conforme ele, para que a iniciativa seja bem-sucedida, é necessário que se some a outras ações relacionadas à urbanidade, como melhorar o policiamento para dar mais segurança aos passageiros, principalmente no período noturno e também nos finais de semana, e a iluminação pública, entre outras.
O secretário informa que a integração com outras modalidades está sendo tratada em conjunto com o governo estadual e espera que a iniciativa seja concretizada para beneficiar os milhões de usuários do sistema e para “reforçar a necessidade de darmos um caráter metropolitano ao tratamento desse setor da administração pública”.
Adesão à iniciativa
O Bilhete Único Mensal, de acordo com os números da Secretaria até o dia 7 de junho, contava 32.792 cadastrados, num potencial atual de passageiros de 420 mil na cidade de São Paulo. O valor do bilhete, informa a assessoria de comunicação da Secretaria, ainda não foi fixado, já que o anterior, de R$ 140,00, foi definido quando a tarifa era de R$ 3,00, majorada para R$ 3,20 no início de junho.
Tatto diz que o novo sistema é uma ampliação do benefício representado pelo Bilhete Único original, que completou nove anos de existência em maio, inseriu muita gente no transporte coletivo – hoje são mais de 9 milhões de viagens (9,8 milhões de embarques) por dia na cidade de São Paulo. Dos 4,5 milhões de bilhetes utilizados atualmente no sistema, cerca de 500 mil são gratuidades, no caso para idosos e pessoas com deficiências.
Reis informa que o grupo que coordena no SEESP acompanhará e participará dos debates da integração do novo bilhete aos demais modais, e apresenta uma proposta: “A adoção de uma política tarifária, por meio de um bilhete social, que beneficie o cidadão de baixa renda e o desempregado.” Tatto diz que sua Secretaria está atenta e buscando atuar sempre de acordo com as necessidades dos usuários, “daí que todas as possibilidades e demandas são analisadas”.
Por Rosângela Ribeiro Gil