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07/11/2023

 

O apagão paulista e o engodo da privatização

 

Após a tempestade que atingiu várias regiões do Estado de São Paulo, mais de 4 milhões de domicílios ficaram sem energia; 68 horas depois ainda havia centenas de milhares às escuras, sem que a concessionária responsável desse resposta adequada.

 

Um dos orgulhos de quem atuava no setor elétrico paulista na era anterior ao fatiamento e privatização das companhias de energia era a qualidade do serviço e a prontidão com que se dava a resposta adequada quando, por algum motivo, havia interrupção no fornecimento de eletricidade.

 

Nas últimas décadas, como muitos consumidores já tiveram o desprazer de conferir, caiu drasticamente o compromisso com a excelência no atendimento cujos prazos para providências que são emergenciais por natureza ficaram elásticos e sujeitos a diversos argumentos, lamentavelmente assimilados pelo sistema de regulação e fiscalização.

 

Um exemplo disso foi a mudança de regras sobre a tolerância quanto à duração de interrupção, que, desde o início do ano passado, na prática, passou de quatro horas e 59 minutos para sete horas no mês. Além disso, foram extintos os limites trimestrais (14 horas) e anuais (28 horas), acabando por liberar que a máxima falha mensal se repita o ano todo.

 

O episódio desencadeado pela tempestade que atingiu o Estado de São Paulo na sexta-feira (3/11) ilustra dramaticamente a situação a que empresas e famílias foram submetidas. Se é verdade que se tratou de evento climático extremo, com chuvas fortes e rajadas de vento que ultrapassaram os 100km/h, também é que no início desta segunda-feira (6/11), 68 horas depois, só na Capital ainda havia, conforme a Enel, concessionária que atende a região, cerca de 500 mil endereços sem energia. Em todo o Estado, a estimativa era de 800 mil domicílios (residenciais e empresariais) às escuras.

 

São prejuízos e transtornos incalculáveis que serão irrecuperáveis para a maioria dos consumidores, tendo em vista a complacência tácita com o serviço público de baixa qualidade quando prestado por entes privados, cujo principal objetivo é o lucro. Demissões, terceirização e outros cortes de despesas para ampliar a margem de ganho acabam por se traduzir em dor de cabeça para quem paga a conta, cada vez mais salgada. Levantamento da Associação Brasileira de Comercialização de Energia aponta que, mesmo com redução tributária, a tarifa subiu 70% entre 2015 e 2022, bem acima do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que ficou em 58% no mesmo período.

 

Esse quadro exige que se tomem duas providências essenciais. A primeira é aprimorar o sistema de regulação e fiscalização de modo a assegurar que as empresas que exploram serviços essenciais cumpram suas responsabilidades, além de praticar a modicidade tarifária.

 

O segundo e fundamental é repensar enquanto é tempo planos descabidos de privatizar o que está funcionando bem sob gestão pública. Exemplo gritante dessa situação é a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), eficiente, com as menores tarifas do País e geradora de lucros para seus acionistas privados e para o Estado de São Paulo, seu dono majoritário.

 

A Assembleia Legislativa deve recusar o projeto de lei que propõe a sua desestatização, e o próprio governo deve abandonar tal caminho. Essa luta é de toda a sociedade em defesa da saúde pública e da racionalidade.

 

 

Eng. Murilo Pinheiro – Presidente

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Comentários  
# EngenheiroMarcelo 09-11-2023 12:47
Eng. Murilo à frente do SEESP fazendo um ótimo trabalho. A conscientização do maior número de pessoas é fundamental para a busca de uma sociedade mais justa e igualitária. E o Sindicato tem cumprido com brilhantismo esse papel.
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# Não à PrivatizaçãoJorge Fernando Souza 09-11-2023 11:26
Precisamos unirmos contra essas privatização, que só tem interesses ecônomicos, quase nenhum interesse de melhorar da qualidade de atendimento com custos justos.
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# Engenheiro CivilEDUARDO 09-11-2023 11:10
Não podemos deixar de levar em conta a responsabilidad e de quem fiscaliza, de quem autoriza os aumentos, de quem providencia a análise da saude das arvores, seu corte e sua poda e por fim porque não houve o enterramento dos cabos.
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# EngenheiroMAURO 09-11-2023 09:52
Não concordo. A primeira coisa em que pensei durante o apagão foi: "felizmente a ENEL é privada, porque temos a quem reclamar e temos a certeza de que providências serão tomadas, se ainda fosse pública continuaria tudo como está".
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# Privatização, um mau desnecessárioFernando 07-11-2023 15:09
É tão descabida a privatização da Sabesp que a esquerda e a direita, além da Globo, estão desaprovando o projeto apresentado pelo governador Tarcísio. Uma ótima matéria, parabéns ao Seesp.
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# EngenheiroEdmilson Saes 07-11-2023 12:49
Excelente posicionamento, com dados e exemplos que mostram de maneira clara que Setores Estratégicos,co mo Energia e Água não podem ser geridas visando o lucro a qualquer custo. Esses setores, que são eficientes na mão do estado, devem ficar com o estado, e casa vez mais perseguindo eficiência para atender bem a população.
Parabéns Murilo, que como Presidente do SEESP, sempre aponta o rumo estratégico.3zd 8z
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