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Rosângela Ribeiro Gil

Engenheiros, metalúrgicos e pessoal de empreiteiras da Baixada Santista estão na mesma frente de batalha: defender o emprego na Usiminas de Cubatão (SP). Em mais um capítulo dessa luta, chegou-se, em 25 de julho último, depois de mais de três horas de reunião, a um acordo entre os sindicatos e a direção da empresa, com a intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Santos. Pelas tratativas que começam a valer em 1º de agosto, a siderúrgica não poderá dispensar 230 empregados dos 500 desligamentos anunciados em 14 de junho – 270 já foram efetuadas. “Durante seis meses, ela só poderá demitir 1,6% do seu quadro”, explica o presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista, Newton Guenaga Filho.
A companhia, que já foi a maior produtora de aços planos do País, agoniza, como define Guenaga, desde que foi anunciado, no segundo semestre de 2015, o fechamento de todo o setor primário, ou seja, da produção de aço. A desativação significou a demissão de mais de 11 mil empregados, entre diretos e terceirizados. O pesadelo voltou, como diz o dirigente, em junho com a comunicação de dispensa de mais 500 pessoas, desta vez para adequar o efetivo à produção de laminados. O procurador do Trabalho Marco Aurélio Estraiotto Alves, que durante 54 dias intermediou um modelo de demissão e de benefícios adicionais aos desligamentos relacionados ao fechamento da metalurgia, se sentiu fraudado pela atitude empresarial. “Nossa confiança foi quebrada”, queixa-se. “Ficamos surpresos não só com o anúncio, mas com o modo como as demissões foram realizadas, sem a atuação dos sindicatos nesse processo.”
Para o procurador, o que se quer, neste momento, é um “período de paz”. Ele explica: “Esse termo não é técnico, mas talvez represente a intenção do Ministério Público de garantir tranquilidade aos trabalhadores que ficaram.” Nesse novo processo, foram realizadas quatro reuniões entre as partes, no MPT santista, entre 1º e 25 de julho.

Cemitério siderúrgico
Hoje, os contratados diretos, segundo dados oficiais da empresa, somam 2.236 depois do fechamento de toda a área de metalurgia, como aciarias, coqueria, altos-fornos, escarfagem, fundição, estripador de lingotes, desbastador etc.. Como lembra o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e Siderúrgicos da Baixada Santista, Claudinei Rodrigues Gato, “em maio do ano passado, éramos quase 14 mil”. Para se ter uma dimensão dessa redução, vale dizer, como informa o sindicalista, que antes eram necessários, diariamente, no perío­do da manhã,117 ônibus para o transporte apenas dos empregados da área administrativa, conhecida como ADM; 70 ônibus para cada um dos três turnos de revezamento; e 98 para o pessoal das empreiteiras. “Hoje, estamos reduzidos a 14 ônibus para cada turno e 24 para o ADM e as empreiteiras”, ressalta.
O ex-presidente do sindicato e integrante da comissão de negociação, Florêncio Resende de Sá, o Sassá, lamenta que a usina tenha se transformado “num cemitério de material em decomposição”. Estão preservados dessa deterioração, segundo ele, o setor de laminação e o porto.
Os efeitos das milhares de demissões já são sentidos drasticamente em Cubatão, informa a assessoria de comunicação da Prefeitura local. Apenas neste ano, a cidade já vem registrando um déficit de cerca de
R$ 20 milhões/mês na arrecadação tributária, o que obrigou a administração a repactuar acordos de fornecimento, promover reduções nas despesas de todas as secretarias.
Em 2015, salienta o poder público municipal, foi estimado que no pior cenário a Usiminas ficaria com apenas 30% de sua atividade, ocasionando uma queda de arrecadação no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de aproximadamente R$ 40 milhões por ano (14% do total de R$ 285,7 milhões), enquanto a perda anual com o Imposto Sobre Serviços (ISS) seria de R$ 37 milhões (16% do total previsto de R$ 231,2 milhões).

Problema político
Para Sassá, o real motivo do fechamento da principal atividade da Usiminas está na disputa dos atuais acionistas da empresa – japoneses (Nippon Stell, que está na siderúrgica mineira desde 1955) e argentinos e italianos (Ternium-Techint). Ele é taxativo: “O problema de Cubatão é político e envolve a administração do grupo, numa coalizão que se instalou em 2011 e hoje estremece.” E prossegue: “Ninguém investe num negócio que está em disputa, inclusive na esfera judicial.” No momento, a Nippon Steel contesta a eleição de Sergio Leite à Presidência executiva da Usiminas, buscando anular a decisão tomada em 25 de maio último pelo Conselho de Administração.
A questão, destaca ele, é que os acionistas estão com interesses difusos e divergentes. Para ele, a companhia vive uma situação de quanto pior, melhor. “Desvalorizar a unidade de Cubatão talvez seja uma solução que o grupo está encontrando para transferir essa parcela de ativos aos argentinos e italianos. E o restante do patrimônio de Ipatinga ficaria com os japoneses e os mineiros”, especula.

Legal e irreal
De acordo com Sassá, o prejuízo não deixa de ser legal, mas é, no mínimo, irreal. Em setes trimestres seguidos – quase dois anos –, foi de quase R$ 4 bilhões. Todavia, ressalta, o prejuí­zo contábil numa companhia como a Usiminas é muito grande, porque incluem-se amortização de dívida, juros, depreciação dos equipamentos. Sobre esse último item, o sindicalista questiona: “O que se pode esperar de uma empresa sem investimentos desde 2011?” Ele mesmo responde: “A desvalorização dos equipamentos e perda de tecnologia. Tivemos o sucateamento deliberado de unidades importantes à fabricação de aço, como, por exemplo, o alto-forno 1, a coqueria e a sinterização.” Em outubro do ano passado, o investimento necessário para recuperar toda essa linha de produção, segundo a companhia, era da ordem de R$ 7,5 bilhões. “Claro que não quiseram investir e aí veio o anúncio do fechamento do setor.”
Sassá se contrapõe ao discurso negativo empresarial, dizendo que não se pode avaliar o desempenho da Usiminas apenas pelos resultados líquidos, mas pelo bruto também, e com o relatório completo. “Em 2013, ela teve um dos melhores resultados, só comparável ao de 2008: lucro bruto de mais de R$ 3 bilhões e líquido de R$ 17 milhões. Por isso, insisto, o resultado operacional da empresa é que tem de ser avaliado.”

Privatização selvagem
A agonia da usina cubatense, para ex-funcionários da empresa, começou em 20 de agosto de 1993, data da venda da antiga Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) à Usiminas, cuja matriz fica em Ipatinga (MG). Luiz Nascimento, que trabalhou na empresa de 1977 a 2013 como supervisor de instrumentação da área de apoio da Aciaria II, acredita que o “destino” de milhares de empregos da siderúrgica paulista foi selado quando se bateu o martelo do leilão. Antes da venda, a Cosipa mantinha em sua área industrial um efetivo de mais de 20 mil empregados, entre diretos (13 mil) e terceirizados.
Ele lembra que a Cosipa sempre foi a “galinha dos ovos de ouro” da indústria paulista para o setor automotivo, por exemplo. “Já produzíamos aços especiais bem antes de 1993 e tínhamos troca de tecnologia com os maiores produtores de aço do mundo, como Alemanha, Rússia, França, Espanha e Estados Unidos.” Nascimento lamenta que toda a história de sucesso da estatal tenha sido aniquilada. A opinião é reforçada pelo ex-cosipano e economista José Pascoal Vaz, que, diz com orgulho, deu “a partida” num dos equipamentos da companhia em 1963, a Aciaria 1. “Éramos uma empresa que produzia 3 milhões de toneladas de aço por ano, que desenvolveu alta tecnologia e tinha produtos de alta qualidade”, reforça. Ele critica: “Foi vendida por um preço muito baixo e, ao passar às mãos da iniciativa privada, o Estado e a sociedade perderam totalmente o controle sobre ela.” Para Pascoal Vaz, foi terrível ver a siderúrgica incluída no Plano Nacional de Desestatização (Lei 8.031/1990) do então governo Fernando Collor. Como ressalta, os trabalhadores da antiga Cosipa vibravam com a produção: “O uniforme da empresa estava na nossa pele.”
Sem o controle do Estado, avalia o economista, uma companhia desse porte “é fechada de forma irresponsável, como se fosse uma quitanda”. Guenaga concorda com a crítica, dizendo que desde a privatização o que mais se fez foi “acabar com a memória técnica de uma grande siderúrgica do País”.
Sob esse pano de fundo, Pascoal Vaz defende discutir, à exaustão, alternativas aos problemas existentes, seja por conta da retração econômica no Brasil ou pela concorrência do aço externo, principalmente o chinês. Na sua ótica, o fechamento da atividade principal da Usiminas é uma perda em todos os sentidos: “Em termos de tecnologia para o Estado de São Paulo, com relação à mão de obra maravilhosa e à economia da região.”
Para fazer frente ao problema criado com a dispensa em massa, explica Guenaga, inspirado no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), foi instituído em 2015 o Fórum Cresce Baixada, que congrega entidades sindicais e outras organizações que se reúnem regularmente. Na pauta do movimento, discutir propostas para gerar empregos na região. Entre essas, a implementação de estaleiros navais e indústrias ferroviárias; criação de parque tecnológico regional; e avaliar a implementação de projetos habitacionais com estrutura de aço.

Soraya Misleh

Iniciativa alvissareira sobretudo diante da conjuntura atual, está prevista para ser lançada em setembro próximo a Frente Mista Parlamentar de Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento. Proposta pelo deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL), segundo ele, já conta com mais de 200 adesões no Legislativo. Iniciando a articulação na Câmara e na sequência, no Senado, ele assegura:
“Tive uma ótima receptividade. Todo mundo achou que era o momento, que era algo que faltava, uma lacuna. Tem dezenas de frentes parlamentares, mas não na engenharia. E a nossa ideia é ampliar, não defender somente os interesses da categoria, o que é importante, mas mostrar sua pujança, dar a contribuição da nossa profissão para a infraestrutura brasileira, ferramenta importante ao desenvolvimento do País.” Conforme Lessa, o objetivo é unir forças: “Queremos ter a participação das instituições nas propostas que vamos levar ao Congresso para fazer as nossas legislações. Seremos os porta-vozes da sociedade através dessas organizações.”
Ele apresentou a proposta à Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e ao SEESP em reunião no dia 18 de julho, na sede do sindicato paulista, na Capital, com o presidente de ambas entidades, Murilo Celso de Campos Pinheiro, acompanhado de seus dirigentes. Tanto FNE quanto SEESP deram seu apoio e se dispuseram a participar na elaboração de propostas de interesse da categoria e do País. Nesse sentido, o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela federação, será importante contribuição. Neste ano, debruça-se sobre o tema “Cidades”. O movimento “Engenharia Unida” , chamado pela federação e que já engloba diversas organizações, será outro ponto de apoio às ações da Frente. “Saudamos a iniciativa e vamos atuar ao seu lado para que tenha bons resultados. É um passo importante para avançarmos em nossa luta pela valorização da categoria, a defesa de seus direitos e o desenvolvimento nacional”, frisou Pinheiro. Ele continuou: “As dificuldades atuais exigem uma coesão poderosa de forças da área tecnológica para ajudar a empurrar o País na direção correta e inserir as nossas profissões devidamente no debate público. Trata-se, portanto, de unir os profissionais e as entidades que os representam, as empresas e escolas de engenharia em torno dessa bandeira. A Frente fortalece esse movimento. Juntos, tenho certeza que superaremos os desafios do momento. Podemos e devemos dar essa contribuição à sociedade brasileira.”
Com o apoio do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), está sendo feito levantamento dos projetos de lei em tramitação no Legislativo, que devem ser objeto dessa Frente. Entre eles, necessariamente estará o que institui a carreira de Estado para engenheiros, arquitetos e agrônomos que ocupam cargo efetivo nos serviços públicos federal, estadual e municipal. “Na medida em que você sedimenta, discute e propõe, facilita o debate e dá força para levar a Plenário. Mas é preciso um arcabouço de apoio político externo para fazer as coisas andarem. A Frente pode ser o amálgama disso, a argamassa desse processo”, enfatiza Lessa.

Pauta positiva
Além disso, ele destaca outras demandas que poderiam ser alavancadas a partir dessa coalizão. Por exemplo, a ampliação e construção de ferrovias e portos, que terão como consequência a geração de empregos para engenheiros, além da valorização profissional. “Todo o conjunto da área técnica pode ser melhor aplicado. Não há uma cultura para que a gente possa investir mais nessa área. Queremos contribuir inclusive com as escolas, com as universidades, mostrando o papel da engenharia ao desenvolvimento, com visão não tecnicista, fria. Queremos apresentá-la também no sentido ético, da valorização do ser humano, como sendo sua essência transformar o meio ambiente sem danificá-lo.” O leque é amplo, como aponta o diretor de documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. Par além das pautas já citadas, na sua visão, todas as questões atinentes a ciência e tecnologia, bem como a conteúdo nacional e debates relativos a investimento público cabem nesse espaço.
Para Lessa, ainda, a iniciativa será um ponto de apoio a outras existentes no Legislativo que lidam com questões a ela transversais. Por exemplo, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Classe Trabalhadora, lançada em maio último para lutar contra projetos que atacam os direitos desse segmento da sociedade. “Vamos ter que enfrentar essas ameaças. A importância da Frente é exatamente fazer essa junção. A projetos que buscam retirar direitos, temos que apresentar contraproposta. Podemos contribuir muito nisso”, explicita Lessa.
Neste momento em que o Congresso Nacional enfrenta uma série de desafios, sua construção e posterior lançamento representam a busca por uma pauta positiva, fundamental a que o País supere a crise econômica. “É oportuno ter iniciativas voltadas à retomada do desenvolvimento. É louvável sob todos os aspectos”, conclui Toninho.

31/07/2016

Engenheiro XXI

Como retornar ao mercado de trabalho
Em entrevista ao JE na TV, a psicóloga organizacional, coaching e orientadora profissional do SEESP, Mariles Carvalho, falou sobre empregabilidade e como retornar ao mercado de trabalho. “A demissão pode ser também um momento de repensar a carreira, se está no caminho certo”, diz ela, à frente da área de Oportunidades e Desenvolvimento do sindicato, que há 20 anos auxilia engenheiros de todo o Estado.
Para a coordenadora, a última coisa que se deve fazer é “panfletar” currículos. “O primeiro passo é saber o que você realmente quer. O currículo é como um cartão de visitas, se você recebe um malfeito, não vai guardá-lo”, orienta, e completa que número de páginas não passa impressão de experiência. “Cursos muito antigos não são interessantes, por isso é importante manter um currículo atualizado mesmo trabalhando e ser objetivo.”
Repensar se a área em que estava é a que se quer trabalhar e as possibilidades de inovação dentro dela também são pontos importantes que a psicóloga ressalta para se conseguir um novo emprego. Para isso, o setor disponibiliza atendimento de coaching. “Com essa técnica, avaliamos nível de satisfação profissional, valores, habilidades e fazemos a pessoa pensar em sua carreira e em seus propósitos”, explica.
Segundo Carvalho, a indicação ainda é a melhor forma de se conseguir um emprego. Mas o chamado networking é feito de forma errada. “É algo que se constrói durante toda a carreira, e não apenas para conseguir uma vaga. É uma troca, um bom relacionamento profissional que começa com os mais próximos”, afirma.
Outro ponto destacado por ela é estar aberto a novos desafios, tanto para buscar um novo emprego como para manter-se. “O ousar que eu vejo é pensar em fazer seu trabalho de maneira diferente, mostrar-se de uma forma distinta, buscar outras possibilidades dentro da carreira e na própria empresa. Estamos neste momento.”
O JE na TV  tem edição toda semana e é exibido em mais de 50 cidades. Confira esta entrevista e muitas outras.

De olho no mercado
Palestra gratuita em Campinas
A Delegacia Sindical do SEESP na cidade realizará em sua sede, no dia 10 de agosto, às 19h, uma palestra gratuita com a empresa Fábrica de Currículos, voltada aos engenheiros que estão em fase de transição no mercado de trabalho. A companhia atua na orientação de carreira. Inscrições devem ser feitas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou telefone (19) 3368-0204.

Qualificação
Nova turma para pós-graduação em eficiência energética
O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) está com inscrições abertas para mais uma turma do curso de pós-graduação European Energy Manager (Eurem), com certificado reconhecido pela União Europeia. Trata-se de uma aposta na capacitação dos profissionais que atuam nos segmentos da eficiência e da conservação de energia.
Eurem é um treinamento padronizado de educação continuada, com duração de 380 horas, que propõe aperfeiçoar as habilidades dos estudantes em relação à melhoria da eficiência energética. O programa foi criado em parceria com o Intelligent Energy Europe Programme (IEE).
Um elemento decisivo na metodologia do curso é o energy concept, que garante a prática imediata dos conhecimentos adquiridos. Com essa ferramenta, um projeto concreto para a empresa já se inicia durante o período de aprendizagem. As aulas são quinzenais e começam neste mês de agosto.

Inovação competitiva
Na esfera corporativa – o mundo das empresas e das organizações –, a inovação pode se dar em produtos, processos, na estrutura organizacional, serviços, atividades de marketing, entre outros, estendendo-se a fornecedores, clientes e toda a comunidade potencialmente envolvida (Instituições Científicas e Tecnológicas – ICTs – públicas e privadas) e agentes públicos. Esse processo tem sido considerado como essencial ao desenvolvimento das organizações.
Para satisfazer tal demanda, o Isitec instituiu o MBA em Inovação competitiva. Carga total de 360 horas. As aulas estão previstas para começar em setembro próximo e serão realizadas na sede da instituição de ensino, na Capital paulista (Rua Martiniano de Carvalho, 170, Bela Vista, próximo ao metrô São Joaquim).

Mais informações pelo telefone (11) 3254-6850 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

31/07/2016

Canteiro

Rumo a 2022, retomar desenvolvimento nacional
Em 1º de julho, o SEESP sediou, na Capital, a 9ª Jornada Brasil Inteligente. Promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), a iniciativa abordou o tema “Brasil 2022: o País que queremos”, apontando os desafios e caminhos à retomada do desenvolvimento sustentável nacional e aprofundamento da democracia. Entre as questões apresentadas e discutidas, a crise econômica e saídas, conjuntura política, cultura e soberania nacional.
Iniciativa da CNTU, o projeto “Brasil 2022”, cuja logomarca criada pelo arquiteto e designer Ruy Ohtake foi lançada à abertura da jornada, esteve no centro do debate. Tal propugna por um salto qualitativo no ano de 2022 – quando se celebram o bicentenário da Independência e o centenário da Semana de Arte Moderna.
Ao final, realizou-se a 9ª Plenária do Conselho Consultivo da CNTU, em que foram empossados 138 novos membros desse. Agora são 1.018 no total. Diretor de articulação nacional da confederação, Allen Habert comemorou: “Hoje atingimos a marca de mil lideranças em 22 estados. Em 2022 seremos 22 mil. Somos uma força que pode empurrar o Legislativo, o Executivo e o Judiciário e ver quais os nós górdios que nos seguram para liberar energia a um salto no desenvolvimento sustentável nacional.” Na plenária, 15 conselheiros apontaram propostas a um país mais justo.
Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da CNTU – que também está à frente do SEESP –, ressaltou ao encerramento: “Foi um exemplo de discussão do que queremos para o País. Vamos usar o ‘Brasil Inteligente’, a nossa confederação, nessa direção. Chamamos todas as entidades e profissionais a se somarem ao movimento ‘Engenharia Unida’ (iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros – FNE) para discutirmos as questões de real importância para a sociedade. É possível mudar e fazer acontecer.”

Confira cobertura completa. 

Eleitos delegados sindicais na Telefônica/Vivo
Em pleito nos dias 19 e 20 de julho, foram eleitos como delegados sindicais do SEESP na Telefônica/Vivo os engenheiros Roberto Cesar Pedroso e Juliana da Silva Ferreira, respectivamente titular e suplente da Diretoria de Construção de Redes, além de Josemar José do Nascimento Nunes, titular da Diretoria de Operações. É a primeira vez que haverá essa representação na Telefônica/Vivo. “É uma conquista da categoria”, comemora Celso Renato de Souza, diretor do sindicato. “Representa a consolidação dos propósitos de modernização da estrutura da entidade”, enfatiza o também diretor Carlos Saito.
Nunes celebra: “É um marco, um avanço nas relações sindicato-empresa-funcionário.” Pedroso destaca: “Somos o elo de ligação entre o SEESP e a empresa e vamos atuar como interlocutores para levar as pautas pertinentes dos funcionários.” Para Ferreira, a aproximação propiciada fortalece a representação sindical. “Vamos ouvir e transmitir ao sindicato a contribuição dos nossos colegas de trabalho.” A Telefônica/Vivo hoje conta com 178 engenheiros.

Lançamento do “Cresce Brasil – Itaim Paulista”
Fruto de visitas a esse bairro na zona leste da Capital e debates de soluções aos problemas enfrentados pela população local, sobretudo enchentes ano a ano, o Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP apresenta no próximo dia 6 de agosto o documento “Cresce Brasil – Itaim Paulista”. O lançamento da publicação ocorrerá às 9h, na Paróquia São José Operário (Rua Salinas de Mossoró, 197, Itaim Paulista). A iniciativa integra o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” , da Federação Nacional dos Engenheiros, que neste ano de eleições municipais aborda o tema “Cidades”. Mais informações pelo telefone (11) 3113-2659 e
e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

Campanhas salariais 
Fiesp – No dia 8 de julho último, foi assinada a Convenção Coletiva de Trabalho com a Fiesp. O reajuste salarial foi fixado em 7,50%. Entre os benefícios, mantém-se também a reciclagem tecnológica. A data-base é 1º de maio.

Emae – Em assembleia no dia 8 de julho, os engenheiros que trabalham na Emae aprovaram por unanimidade a proposta final da companhia para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2017. Essa prevê 6% de reajuste salarial, a partir de 1º de junho de 2016 (data-base), mais 3,98% em dezembro próximo, totalizando 9,98%. Aos vales alimentação e refeição, auxílio-creche, babá e pessoa física especial, serão aplicados 9,98%, em parcela única. Os demais itens que sofrerão reajuste terão também o escalonamento.

O Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, lançado no ano passado e desde então em plena atividade, está levando a cabo um projeto importantíssimo: o estudo para evitar as inundações que todos os anos na época das chuvas atingem o bairro do Itaim Paulista, na zona leste da Capital. O fenômeno é verdadeiro martírio à população local que enfrenta risco de morte, doenças e graves prejuízos. Os jovens estudantes integrantes do núcleo vêm se reunindo semanalmente para debater o tema, já fizeram uma visita técnica ao bairro para entender melhor o problema e realizaram uma mesa-redonda com especialistas altamente qualificados para amparar seu trabalho na experiência e conhecimento disponíveis. Em agosto, deve estar pronto o fruto desse esforço que será oferecido ao debate com a sociedade e também aos candidatos a vereador e prefeito.
A iniciativa coaduna-se totalmente com o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que foca atualmente a questão da qualidade de vida nas cidades e o desenvolvimento local. A nova publicação, disponível a partir deste mês de julho, aponta desafios dos municípios brasileiros e propõe encaminhamento de soluções.
O mesmo espírito, de colocar a engenharia a serviço do bem-estar das pessoas, anima um projeto valoroso em andamento no Acre, por iniciativa da FNE e do Sindicato dos Engenheiros daquele estado, tendo ainda a participação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec).
Uma equipe de profissionais das mais diversas áreas pertinentes ao problema estuda propostas para a regularização da vazão do Rio Acre, cuja variação provoca graves problemas aos habitantes de diversos municípios, inclusive da capital Rio Branco, afetados ora por inundações, ora por cortes no abastecimento de água. Para se ter uma ideia, em 2015 foi decretado estado de emergência em oito localidades simultanea­mente. E ainda estão sendo recuperados os danos causados.
Como parte da iniciativa, em março último, um grupo de 26 pessoas saiu em expedição ao rio para o trabalho de levantamento de dados e observação que servirá de base à elaboração de soluções técnicas de engenharia ou políticas públicas a serem propostas ao governo do Estado.
Como temos defendido nos debates no âmbito do SEESP, da FNE e do “Cresce Brasil”, é disso que se trata a engenharia. É a profissão do desenvolvimento por excelência, mas sobretudo da busca de boas condições de vida para as pessoas. Até porque esse é o sentido de se buscar o crescimento econômico: aplicar a riqueza de maneira racional a fim de beneficiar o maior número de pessoas.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

Ailton Nogueira 

Fonte inesgotável vinda do sol, a geração fotovoltaica apresenta-se como solução à busca de novas fontes primárias de produção de energia elétrica não poluente. Em recente pesquisa, apurou-se que no ano de 2030 a sociedade humana necessitará de potências de 19TW (terawatts) – hoje recebemos do sol 580TW.
A tecnologia fotovoltaica (FV) conquistou seu espaço a tal ponto que a capacidade total instalada desse tipo de energia no mundo superou os 139GW (gigawatts) em 2013, suficiente para produzir pelo menos 160TWh de eletricidade por ano, índice equivalente ao consumo energético de 45 milhões de residências.
A Europa é líder quando se fala em capacidade instalada. Como exemplo temos a Alemanha (24GWp – pico), Itália (12,7GWp), Espanha (4,4GWp). Não obstante, de acordo com o relatório da European Photovoltaic Industry Association (Epia), no continente, apenas 3% da demanda por eletricidade é gerada por fonte fotovoltaica.
O Brasil possui um alto potencial para aproveitamento dessa fonte de energia, já que possui índices de radiação solar superiores aos encontrados na maioria dos países europeus – variam de 1,5MWh/m2/ano a 2,2MWh/m2/ano. No entanto, a realidade atual do País ainda está distante de sua capacidade. A potência instalada não supera os 30MWp. Estima-se que existam em operação entre 20MWp e 30MWp de sistemas fotovoltaicos autônomos (em locais sem acesso à rede elétrica) e pouco mais de 3MWp em sistemas conectados à rede.
Entretanto, a expectativa é de que esse quadro mude nos próximos anos. Em agosto de 2011, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tornou pública a Chamada Nº 013/2011 , intitulada “Arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”, que tem como objetivo principal a instalação de usinas solares fotovoltaicas com capacidade instalada entre 0,5MWp e 3,0MWp. Outro fator determinante para o mercado fotovoltaico no Brasil foi a aprovação da Resolução Normativa 482, da Aneel, em abril de 2012.

Leia artigo na íntegra. 

Ailton Nogueira é engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) na área de eletricidade de potência. Atualmente atua em projetos para instalação de sistemas fotovoltaicos residenciais e industriais

Rosângela Ribeiro Gil

O Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP promoveu, em 4 de junho último, mesa-redonda com especialistas para discutir problemas relacionados às inundações a partir de visita técnica realizada ao bairro do Itaim Paulista. Situado na zona leste de São Paulo, o local sofre com o fenômeno regularmente, após precipitação pluviométrica. A coordenadora do núcleo, Marcellie Dessimoni, ressaltou que o projeto “Cresce Brasil – Itaim Paulista” – como parte do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que neste ano se debruça sobre o tema “Cidades”  – já integra os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Precisamos aproximar a nossa área cada vez mais das pessoas, aliar a engenharia ao protagonismo humano, além de buscarmos nossa segurança profissional”, defende.
A professora Melissa Cristina Pereira Graciosa, da Universidade Federal do ABC (UFABC), elogiou a iniciativa: “Vem ao encontro do que acredito deva ser a engenharia e a universidade.” Ela trouxe a seguinte questão: “Por que a cidade está sempre embaixo d´água?”. E ensinou: “Estamos falando, no caso dos fenômenos naturais, das chuvas, das ressacas marinhas etc.. Já no caso antrópico (tudo aquilo que resulta da intervenção humana), temos as ocupações das várzeas, a impermeabilização de áreas e canalização e tamponamento dos rios urbanos.” Graciosa acrescentou: “O rio, em seu estado natural, não aguenta a urbanização.”
Para trabalhar essas situações, a engenharia, observa a professora da UFABC, dispõe da moderna drenagem urbana que aborda de forma integrada a bacia hidrográfica, com quatro objetivos: controle da quantidade e da qualidade, restauração dos rios urbanos e recarga dos aquíferos com o restabelecimento da parcela de infiltração. “A ferramenta que temos à disposição hoje é o plano diretor de macrodrenagem”, salientou.
Na concepção de Pedro Bonano, delegado sindical do SEESP na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é fundamental que a engenharia saiba se comunicar com todos os segmentos da sociedade e com os profissionais de outras áreas. Ao mesmo tempo, defendeu que o lucro de quem quer que seja não pode se sobrepor à qualidade e aos procedimentos vitais da engenharia. Bonano observou que para cada dólar investido em saneamento se economizam cinco em saúde curativa, citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O saneamento está ligado diretamente à redução da mortalidade infantil.”
Já Claudia Bittencourt, professora das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e engenheira na Sabesp atuando na regulação do setor, destacou a importância de se entender o que é recurso hídrico para se saber as soluções necessárias nas cidades, assim como construir uma educação para a civilização, que está em pequenos gestos, como não jogar lixo no chão.

Sustentabilidade
Bittencourt mostrou a evolução em prol do meio ambiente, citando o Relatório Brundtland , também conhecido como “Nosso futuro comum”. No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais e indicou a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para chefiar a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O documento final foi apresentado em 1987 e propôs atuar pelo desenvolvimento sustentável.
Fechando as atividades, a coordenadora do Programa Várzeas do Tietê do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), Marta Maria Alcione Pereira, apresentou o Parque Várzeas do Tietê (PVT). Com 75km de extensão e 107km2 de área, informou ser o maior parque linear do mundo. Implantado ao longo do Rio Tietê, unindo o Parque Ecológico do Tietê (localizado na Penha) e o Parque Nascentes do Tietê (em Salesópolis), o projeto foi apresentado pelo Daee em 20 de julho de 2010 e teve início em 2011.
O empreendimento, destacou Pereira, beneficiará diretamente 3 milhões de pessoas da zona leste da Capital e indiretamente toda a população da Região Metropolitana de São Paulo. O investimento previsto é de R$ 1,7 bilhão até 2022, sendo que a programação de trabalho está dividida em três fases. A primeira, entre 2011 a 2016, implantada num trecho de 25km entre o Parque Ecológico do Tietê até a divisa de Itaquaquecetuba. A segunda etapa terá 11,3km e abrangerá a várzea do rio em Itaquaquecetuba, Poá e Suzano, com previsão de término em 2018. E a terceira, de 38,7km, se estenderá de Suzano até a nascente do Tietê, em Salesópolis, e deverá ser concluída em 2022.
A mesa-redonda contou também com a participação de Fernando Palmezan, coordenador do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Na sua ótica, a iniciativa do núcleo do SEESP agrega ainda mais valor e maturidade ao projeto lançado há dez anos pela FNE. “Desde 2006, discutimos grandes temas nacionais, e agora, no debate das cidades, temos essa ação que se debruça sobre um problema que aflige uma comunidade.” Estiveram presentes também os diretores do sindicato Celso Renato de Souza (São José dos Campos) e José Carlos Bento (Marília). Os trabalhos técnicos no Itaim Paulista do Núcleo Jovem Engenheiro contam com a assessoria do professor do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Marcelo de Melo Barroso.

Soraya Misleh

Com a taxa de urbanização brasilira quase igual à da França (85%), acumulam-se nas cidades do País grandes problemas. Em ano de eleições municipais, a categoria busca – como é seu papel e prática – dar contribuição para sanar tais questões, afetas às condições de vida da maioria da população do País.
A preocupação está presente na atual etapa do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” , da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que aborda o tema “Cidades” .
Discutido com a categoria nos vários estados nacionais, o documento é fruto de notas técnicas escritas por especialistas nas seguintes áreas essenciais ao desenvolvimento local: finanças municipais, parcerias público-privadas, habitação, engenharia pública, transportes e mobilidade urbana, saneamento, iluminação pública e internet pública. Consideradas as propostas ali elencadas e contribuições dos engenheiros, o resultado final dos debates será entregue aos candidatos no pleito de 2016 a partir deste mês de julho.
Para Carlos Monte, coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, as questões abordadas “são contribuição valiosa dos engenheiros para os futuros comandantes das prefeituras”. Fernando Palmezan, coordenador geral da iniciativa, salienta: “Hoje está tudo parado na área. Essa ação pode inaugurar processo para que saiamos desta situação difícil. Fizemos algo parecido em 2006, quando lançamos o ‘Cresce Brasil’ e ajudamos a deslanchar a engenharia no Brasil. Conseguindo levar adiante as propostas atuais, poderemos dar novo impulso para ajudar o País a encontrar um rumo melhor.”
A versão atual conta com aliado importante: o movimento “Engenharia Unida” , lançado em março deste ano pela FNE, cujo objetivo é unificar as diversas entidades e profissionais da categoria na busca de saídas à crise enfrentada nacionalmente. Nesse sentido, Monte observa que “a apresentação e os debates abordados no ‘Cresce Brasil – Cidades’representarão oportunidade única para que fique demonstrada a unidade de atuação em torno das questões mais relevantes da nossa profissão”.

Contribuições
Dos 204 milhões de habitantes, mais de 160 milhões vivem em áreas urbanas, conforme os dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da FNE e do SEESP, enfatiza: “Assegurar qualidade de vida a esse contingente significa produzir, entre outros itens, moradias, saneamento básico, transporte público e soluções de mobilidade, hospitais e postos de saúde, escolas, equipamentos de cultura e lazer, iluminação pública e, mais recentemente, acesso público à internet.” Ele destaca ainda que é preciso garantir geração de empregos e oportunidades de renda.
Somadas às crises econômica e política, Pinheiro reconhece que as condições verificadas na maioria das cidades estão muito aquém do necessário para atender tais demandas. “São escassos os recursos, tendo em vista a dependência dos municípios em relação aos estados e à União, e falta também capacidade técnica e administrativa para elaborar, executar e fiscalizar projetos e obras. Em outras palavras, as cidades brasileiras carecem de engenharia.”
O “Cresce Brasil – Cidades” aponta a premência de se recuperar seu papel no planejamento e projetos como elemento vital à gestão urbana. “Recursos públicos vultosos são desperdiçados cotidianamente pela perene ausência dessa componente estratégica.” Agravante é que se tratam as questões afetas à qualidade de vida nas cidades de forma segmentada. Como alertam os engenheiros na publicação, não se articulam o planejamento, os projetos, a execução e a operação de bens e serviços públicos, “que são tratados isoladamente como de responsabilidade de áreas ou secretarias específicas”. Esse quadro, aponta o “Cresce Brasil – Cidades” , gera conflitos entre as diversas intervenções necessárias, por exemplo em relação ao uso e ocupação do solo, habitação, transportes, redes de iluminação, alocação de escolas e unidades de saúde.
Outro desafio a ser superado é quanto à falta de um pacto federativo, o que culmina em conflitos de competência. Reverter a pouca transparência na gestão pública e fortalecer a economia local estão entre outros indicativos dados pela FNE na atual etapa de seu projeto. “Urge a abertura de sérios debates em torno de caminhos diversos e complementares, tais como a implantação de agências municipais de promoção de negócios; o incentivo à criação de polos produtivos, tecnológicos e científicos; a adesão à formação de clusters regionais de produção; e políticas de especialização em serviços”, ressalta o documento.
A federação identifica ainda os problemas resultantes da ausência de parâmetros de engenharia como pré-requisitos às propostas em licitações. Assim, elenca entre as premissas para enfrentar os desafios “o planejamento público coordenado entre os entes federativos, que resulte em projetos de investimento tecnicamente embasados”, o qual “deve alcançar condições de financiamento público, tal como ocorre nas empresas em relação ao financiamento privado”. Acordos de cooperação técnica com universidades locais à elaboração dos projetos também estão entre as propostas do “Cresce Brasil – Cidades”.

Soraya Misleh

Sob o velho argumento de que o sistema é deficitário, retoma ao centro do debate a antiga fórmula de promover mudanças na Previdência. Sem ainda apresentar proposta fechada, o governo interino de Michel Temer tem se reunido com centrais sindicais na busca de consenso. O que há de unânime entre as lideranças dos trabalhadores é que “é inoportuna qualquer proposta de reforma paramétrica que signifique supressão ou restrição de direitos adquiridos”.
Sindicalistas e especialistas também rebatem a justificativa de déficit. Denise Lobato Gentil, professora de Macroeconomia e Economia do Setor Público do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta: “É um falso discurso. Está sendo usado para alardear a população que se trata de um sistema quebrado e que, portanto, é necessária uma reforma, que implica corte de gastos e, por sua vez, de benefícios.” A afirmação foi feita em entrevista ao Engenheiro, publicação da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), em abril último. “O déficit na seguridade social é uma verdadeira farsa. Somente no último ano, houve superávit de R$ 54 bilhões”, enfatiza o senador Paulo Paim (PT-RS). Ele lançou, juntamente com o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), em junho último, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência. Entre os pleitos, a retomada do Ministério da Previdência – fundido ao do Trabalho – e o enfrentamento à reforma.
O governo interino sinalizou mudanças na idade mínima à aposentadoria, unificada em 65 anos para homens e mulheres. Também ventilou a ideia de desvincular o benefício do valor do salário mínimo. Estariam previstas regras de transição aos trabalhadores na ativa. Essas alterações são rechaçadas pelos sindicalistas.

Mais gestão, menos ataques
Para Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), alterar a idade mínima seria discriminação contra os mais pobres, que são os que começam a trabalhar mais cedo. Tampouco é aceitável, conforme ele, a equidade entre os gêneros proposta. “As condições são desiguais. A mulher ainda ganha menos que o homem, tem dupla jornada, é assediada”, lembra. Segundo Nailton Francisco de Souza, diretor nacional de comunicação da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), por unanimidade, as centrais definiram que não aceitam negociar esses dois pontos. “Mudanças nas regras previdenciárias já foram efetuadas e, infelizmente, a redução de direitos dos trabalhadores, dependentes e aposentados tem sido a regra”, completa.
Conforme divulgado no site do Ministério da Previdência e do Trabalho, o titular da pasta, Ronaldo Nogueira, afirmou durante audiência pública em 15 de junho que os pontos consensuais alcançados junto ao movimento sindical até o momento são ações mais eficientes na arrecadação e combate à sonegação. “A reforma da Previdência é questão complexa e profunda. Afetará, no médio e longo prazos, 120 milhões de pessoas, mais da metade da população economicamente ativa”, frisa Juvenal Pedro Cim, secretário de finanças da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Sob essa ótica, conforme ele, a entidade – juntamente com a UGT, NCST e Força Sindical – apresentou uma série de propostas para melhoria de gestão e arrecadação do sistema, entre elas: fim da Desvinculação de Receitas da União (DRU) sobre o orçamento da seguridade social, revisão de alíquotas de contribuição do agronegócio, melhor fiscalização, fim das desonerações das contribuições previdenciárias na folha de pagamento e alienação de 3.485 imóveis da Previdência que não estão sendo usados. “Apresentamos proposta que permite recuperar R$ 70 bilhões por ano aos cofres da Previdência. São ainda R$ 370 bilhões somente de empresas que devem”, complementa João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e vice-presidente da Força Sindical.
João Cayres, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP) e da direção nacional da central, enfatiza: “Somos contra a proposta de reforma, desde o governo Dilma. Vamos seguir mobilizando os trabalhadores à luta e realizando amplo debate com eles. Não concordamos com o discurso de déficit. É necessário uma discussão mais séria sobre o papel fundamental da Previdência à distribuição de renda e sobre a visão da sociedade que buscamos.” Na mesma linha, Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), critica o que chama de “pacote de maldades de Temer”: “Ele quer aniquilar as conquistas obtidas. Sobre a idade mínima passar para 65 anos, a média de vida de um alagoano é 66,2 anos. Gozaria apenas 1,2 ano. Seria aposentadoria com pé na sepultura.”
Para Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da FNE e do SEESP, “a medida é claro atentado aos direitos dos trabalhadores, especialmente aos mais pobres que, em geral, começaram sua vida laboral mais jovens. Atualmente, para se aposentar, o trabalhador está sujeito à incidência do fator previdenciário, que reduz seu benefício conforme a sua expectativa de vida, ou à fórmula 85/95 de forma progressiva. Ou seja, já existem suficientes controles de acesso à Previdência Social, sendo desnecessário que se criem outros e piores.” Ele conclui: “Se o objetivo for controlar as contas do governo, seria mais justo, e também mais eficaz, que se baixasse a taxa de juros responsável por gastos da ordem de R$ 600 bilhões por ano com o serviço da dívida pública.”

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