Rosângela Ribeiro Gil
É o que afirmam o professor José Marques Póvoa e o engenheiro Fernando Palmezan Neto, respectivamente diretores acadêmico e administrativo do Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia), projeto pioneiro do SEESP, que oferecerá, a partir de 2013, graduação em Engenharia de Inovação, após a autorização do MEC (Ministério da Educação).
Cumprindo mais uma etapa do processo de credenciamento junto ao órgão do governo, a futura instituição de ensino superior deve receber a visita da comissão de avaliação no período de 1º a 3 de outubro próximo. Os inspetores do MEC verificarão as instalações físicas da escola, como biblioteca, laboratório, salas de aula, acessibilidade e também a documentação interna sobre os professores. Numa segunda etapa, será avaliado especificamente o curso a ser oferecido. “Não só estamos preparados para receber a comissão, como também os próprios alunos. Todos os requisitos exigidos para essa primeira fase da faculdade foram inteiramente cumpridas”, afirma Póvoa.
As instalações do Isitec que serão visitadas pelo MEC, no edifício localizado na região central da Capital (Rua Martiniano de Carvalho, 170 – Bela Vista), foram totalmente renovadas. “Queríamos um prédio no centro da cidade para ajudar na revitalização da região”, explica Palmezan. O escolhido é uma construção da década de 1950, que abrigou o Colégio Santo Alberto, da congregação dos carmelitas, e, nos anos 1970, o Colégio Equipe, um dos ícones paulistas da resistência ao regime militar. Outras instituições de ensino também ocuparam o espaço até 2003, a partir de quando ficou desocupado por oito anos.
Em registros antigos da imprensa paulistana, o prédio é descrito como sendo o resultado de “um acurado estudo por parte dos engenheiros. É um modelar estabelecimento de ensino, com corredores e salas amplas e arejadas”. Foi essa marca original, que inclui excelente iluminação natural, que a arquiteta Nilce Meire Garcia preservou na reforma realizada entre março de 2011 e agosto último. O trabalho atendeu ainda as regras do tombamento, em 2002, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do complexo da Igreja do Carmo, onde está localizado.
Revitalização
O esforço de adaptação foi o grande desafio, relata Garcia: “Toda a infraestrutura teve de ser readequada para receber uma faculdade de inovação.” O tombamento impediu a alteração da fachada e toda a castilharia foi preservada, o que não aconteceu com as áreas internas. “Houve necessidade de integração de salas e abertura de novos vãos. Encontramos soluções dentro da arquitetura para fazer com que o prédio recebesse toda uma infraestrutura nova. Essa compatibilização entre arquitetura e novas tecnologias foi bem equacionada na transformação do antigo no novo, mas mantendo as características originais”, explica ela.
O diretor administrativo do instituto também concorda que houve uma boa integração entre engenharia e arquitetura no projeto do Isitec. “Imagine um prédio feito na década de 1950. A parte elétrica estava totalmente ultrapassada, resumia-se à iluminação e a uma ou outra tomada, os conduítes eram de ferro e a rede de dados não existia”, descreve. Hoje, as salas de aula têm de 40 a 50 tomadas para computadores e outros aparelhos eletrônicos e há possibilidade de conexão à internet em qualquer parte do prédio, que é climatizado. As instalações hidráulicas também tiveram de ser inteiramente refeitas. Completa o pacote o mobiliário feito sob encomenda para propiciar conforto e melhor aproveitamento aos alunos, inclusive nos trabalhos em equipes.
Finalizadas as obras, Póvoa afirma que a atenção se volta à proposta de ensino. “O prédio é indispensável, mas as pessoas são mais importantes. Vamos implantar uma metodologia diferente da tradicional. Todas as disciplinas serão articuladas entre si. É um projeto distinto e bastante ousado. A centralidade na sala de aula estará no aluno e não no professor ou na lousa.”
O conceito do curso de engenharia proposto pelo Isitec, segundo o professor, não estará vinculado apenas à tecnologia. “Fala-se muito em inovação tecnológica, mas ela é uma das possibilidades. É mais amplo do que isso, é a engenharia capaz de resolver os problemas no dia a dia usando as ferramentas que forem necessárias, novas ou não. O fundamental é o aluno se sentir capaz de aprender, e cada vez mais rápido.”
Outra característica é a formação abrangente. “Por isso, não denominamos os nossos cursos de engenharia elétrica, mecânica ou qualquer outra, para que não se traga um modelo mental que pode não existir mais daqui a cinco anos. Queremos preparar o engenheiro para o que der e vier, e o que vem é a inovação, no sentido de resolver o problema que a sociedade tenha no momento”, observa.
Palmezan acrescenta que o profissional formado no Isitec deverá atuar na sociedade, na indústria, ou seja, fora da academia. “Ele terá uma característica muito grande de gestor, de coordenador de equipes, de empreendedor. E tudo isso com uma visão humanista muito forte nesse aprendizado, para que ele não precise massacrar sua equipe para executar um trabalho com eficiência, além de, obviamente, uma excelente formação técnica.”
O Isitec será a primeira faculdade do Brasil a oferecer graduação em Engenharia de Inovação. Serão duas turmas anuais de 60 alunos que estudarão em período integral. Haverá ainda cursos de pós-graduação e de educação continuada.