À
direita, volver! |
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Os movimentos políticos no mundo civilizado recebem,
ciclicamente, as mais variadas e criativas rotulações em função das tendências
políticas e conjunturais que os governos, partidos políticos e a própria
sociedade assumem num dado momento. Ao longo dos anos, os ideólogos políticos
foram cunhando denominações que qualificassem, dentro de uma conceituação
política, grupos distintos, de “direita”, de “centro” e de
“esquerda”. Esses três campos políticos admitem ainda um
espectro de variação em torno de cada um, o que permite denominações
como “ultradireita”, “direita democrática”,
“centro-direita” e até a esquerda light”, entre outras tantas
variações. Quanto mais o movimento político tende à “extrema
direita”, mais autoritário, voltado à riqueza, belicista,
segregacionista, nacionalista, elitista, fiel representante das elites
aristocráticas. Em contrapartida, o movimento político que
caminha em direção à “extrema esquerda” é em geral
nacionalista, comunista, socialista, popular, extremista, tudo em nome das
populações pobres e miseráveis. Essa introdução visa compreender alguns movimentos
políticos que estão acontecendo no mundo e que merecem ser devidamente
interpretados pela sociedade brasileira. Após a guerra fria entre União
Soviética e EUA, a Rússia abandonou a “esquerda socialista” e caminhou
para a “direita”, firmando-se no “centro” com o Governo Putin.
Os EUA saem do “centro”, Governo Bill Clinton, democrata, e
derivam para a “direita”, com George W. Bush, explorador de petróleo e
belicista. O México com
Vicente Fox, hoje parceiro dos EUA no Nafta, pendeu para a “direita”,
acompanhando o Governo Bush, o mesmo que expulsou, à força, o embaixador
brasileiro dirigente da Opaq (Organização para Proscrição de Armas Químicas)
da ONU. O mais recente susto veio da França, com o resultado
do primeiro turno das eleições presidenciais, onde a “esquerda plural”
de Lionel Jospin perdeu, dando espaço à “direita radical” de
Jean-Marie Le Pen, que, mesmo sem chance de ganhar no segundo turno, faz com
que fique no governo francês a “direita democrática” de Jacques
Chirac. Na Itália, onde a “esquerda” sempre pesou na balança
política, permitiram a ascensão do megaempresário e atual primeiro
ministro do País, Silvio Berlusconi, deixando o governo italiano à
“direita” do espectro político. Israel, do primeiro ministro Ariel
Sharon, representa hoje o estrago da “direita belicosa” contra o acordo
de paz no Oriente Médio. Finalmente, temos a Venezuela, que dormiu de
“ultradireita” com o empresário Carmona no poder e acordou depois de
alguns dias com o retorno de Hugo Chaves, da “esquerda populista”.
A sociedade mundial vive um momento de profunda
insatisfação, deixando transparecer que algo não vai bem no reino das
propostas da existência de uma terceira via. Ou seria uma mera coincidência
tantos homens e posturas de “direita” no poder? Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro |
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