Os rumos do transporte rodoviário no País  

Das trilhas precárias no início da colonização do Brasil até as modernas estradas atuais, um longo caminho foi percorrido pela engenharia nacional. De acordo com o professor na área de transportes da Poli-USP, engenheiro civil Ettore Bottura, a primeira rodovia do Brasil, que recebeu a denominação de União Indústria e ligava o Rio de Janeiro a Juiz de Fora, data do final do século XIX.

Em São Paulo, segundo consta no livro “Memória do transporte rodoviário”, de autoria do professor Nestor Goulart Reis, a principal estrada do período colonial, a Calçada do Lorena, realizada no final do século XVIII, revestida com lajes de pedra, veio permitir o tráfego seguro de tropas na Serra do Mar durante o ano inteiro. Nessa época, a orientação técnica era dada por profissionais formados nas chamadas aulas de arquitetura militar da Bahia, do Rio de Janeiro, de Lisboa ou de outros países da Europa. Já em 1835, a Assembléia Provincial aprovou uma lei criando, conforme a publicação, “uma escola para formação de pessoal técnico com a denominação de gabinete topográfico”. Seu objetivo era formar engenheiros de estradas pelo ensino de princípios teóricos, com ênfase em desenho e topografia. Porém, o gabinete foi suprimido em 1849.

Sua herança fundamental foi o projeto e conclusão da Estrada da Maioridade em 1844, que viria a ser a primeira estrada de rodagem da província de São Paulo, no traçado que posteriormente seria, com algumas alterações, o do Caminho do Mar. Sua importância é destacada por Bottura: “A Estrada Velha do Mar estruturou boa parte da urbanização das zonas Sul e Sudeste de São Paulo.” Segundo ele, no começo era revestida com cascalhos e depois foi pavimentada com cimento Porthland. Essa se cruzava em vários pontos na Serra com a Calçada do Lorena. Ambas serviram prioritariamente para escoar açúcar e café produzidos em regiões do interior do Estado para Santos.


Desenvolvimento
Em nível nacional, de 1926 a 1930, o presidente Washington Luís, sob o lema “governar é construir estradas”, com o apoio técnico do engenheiro Joaquim Timóteo Penteado, concluiu em dois anos a São Paulo-Rio. De acordo com a publicação, a rodovia entre Rio e Petrópolis, principal obra do gênero no País até a construção na década de 40 da Via Anchieta, também é dessa época.

Todavia, conforme Bottura, somente em meados da década de 50, com o desenvolvimento da indústria automobilística, houve expansão significativa da malha rodoviária brasileira. “Elas foram sendo implantadas, melhoradas e duplicadas na medida em que o número de veículos e a ocupação econômica dos corredores foram se adensando. Isso é especialmente acentuado em São Paulo, porque o Estado era agrícola, foi mudando o perfil para industrial e surgem esses corredores consolidados da Anhangüera-Bandeirantes, da Castelo Branco-Raposo Tavares, que depois espalham-se e ocupam o interior de São Paulo e do Brasil”, enfatiza.

Hoje, são cerca de 150 mil quilômetros de rodovias pavimentadas em todo o Brasil e em torno de 20 mil km no Estado de São Paulo, onde, de acordo com Bottura, o padrão de qualidade é elevadíssimo.  


Obras para consulta
Memória do transporte rodoviário, de Nestor Goulart Reis, Ed. Consultoria de Projetos e Artes

Caminhos e estradas na geografia dos transportes, de Edmundo Regis Bittencourt, Ed. Rodovia, Rio

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