As
eleições de outubro e a responsabilidade sindical |
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Agora é para valer! Passadas a fase de pré-campanha
e a Copa do Mundo, entramos em pleno calendário eleitoral. Já se começa a
falar o nome de cada candidato, associando-o ao seu número. Embora as eleições sejam gerais (exceto para as
autoridades municipais), os candidatos à Presidência chamam mais a atenção;
os demais postulantes despertam interesse em seus estados e locais de influência. Até agora predominaram as pesquisas, as guerras
surdas de dossiês, as alianças e arranjos eleitorais (esses como decorrência
“imprevista” da verticalização imposta pelo TSE) e o relativo
desinteresse da massa da população. Os vários programas e plataformas
apresentados ainda se caracterizam por uma “obediência” aos
“mercados” e uma falta de foco nas questões de real interesse da população
(desemprego, arrocho, violência, condições de vida, democracia e
soberania nacional). Os candidatos – todos eles – ainda não começaram
a falar para o povo. Do ponto de vista do movimento sindical, o processo
apresenta uma grande contradição. Se, de um lado, as centrais sindicais
perderam o “pudor” e passaram a explicitar seu apoio a tal ou qual
candidato, engajando-se em ações práticas, por outro, nenhuma das
candidaturas (em suas plataformas já reveladas) foi obrigada a se
posicionar com clareza sobre os pontos centrais que interessam ao movimento:
mudança na CLT, reforma constitucional dos artigos 7º e 8º, estrutura e
financiamento das entidades e seu papel nas relações de trabalho.
O grande responsável por essa situação é o próprio
movimento sindical que, desmobilizado e desunido, não conseguiu até agora
explicitar uma plataforma mínima unitária, a partir da qual pudesse
influir poderosamente nas candidaturas e campanhas, quaisquer que fossem os
engajamentos eleitorais. Hoje em dia e pelo andar da carruagem, quase chego
a me contentar com o “mínimo dos mínimos”, que é saber o que pensam e
pretendem os candidatos sobre o futuro sindical. O único ponto indiscutivelmente unitário que tem
aflorado e que é capaz de ser traduzido em ações sindicais coerentes é a
reivindicação da redução da jornada de trabalho, sem redução de salários
e com avanço na Constituição. Essa bandeira, uma vez desfraldada, pode
reagrupar o conjunto do movimento e levá-lo a exigir dos candidatos (em
todos os níves) posições públicas e compromissos sobre esse tema e sobre
todos os outros de interesse sindical e dos trabalhadores. João Guilherme Vargas Netto |
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