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     Mercados
    infectados  | 
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     Os graves sintomas de desaquecimento da economia
    mundial, particularmente percebidos depois da tragédia de 11 de setembro,
    estão colocando em dúvida o vigor da exuberante economia americana,
    considerada, até recentemente, uma das mais sólidas do mundo moderno.  O advento da globalização dos mercados, fruto das
    pressões e interesses dos países hegemônicos com grande capacidade
    exportadora, trouxe em seu bojo a mundialização dos mercados de capitais
    mais ágeis, dinâmicos, altamente rentáveis e sem burocracias, pois os negócios
    realizam-se on-line e em real time, mediante lucros instantâneos
    garantidos e creditados em fartas contas bancárias. São os tais capitais
    voláteis que percorrem o mundo via Internet, ininterruptamente. Exportar é
    muito bom, mas especular deve ser muito melhor, pois lucra-se muito mais sem
    desrespeitar princípios básicos do capitalismo, como o direito ao lucro,
    liberdade concorrencial, credibilidade e transparência nos negócios. No mercado financeiro internacional, a diferença
    entre investidor e especulador é muito tênue e dissimulada; são eles que
    fazem todas as bolsas de valores do mundo despencarem, colocando em risco ou
    de cabeça para baixo economias emergentes como Brasil e Argentina. Os
    atores desse teatro, também definidos como agentes econômicos, são
    milhares de players, como o jargão em inglês indica, jogadores em
    bolsas, que apostam freneticamente em quedas e subidas vertiginosas de ações
    e transformam os mercados em algo irracional. É para eles que o big boss
    da economia americana, Mr. Alan Greespan, manda recados recriminadores
    quando se  refere, na mídia mundial, à “exuberância irracional”
    ou à “ganância infecciosa” dos mercados. Sendo assim, países como Brasil e Argentina,
    catalogados como economias em crescimento, tornam-se vítimas da escassez de
    capitais externos para investimentos de longo prazo. Haja vista que a intenção
    de investimentos no Brasil, por empresas privadas, recuou 47%, passando de
    US$ 115 bi, em 2001, para US$ 61 bi, em 2002, aproximadamente. Vejam só a
    hipocrisia: os norte-americanos faziam questão de denunciar a corrupção
    existente no Brasil como um dos fatores desestimulantes para os
    investidores. O quadro clínico mundial é digno de preocupação
    quando conglomerados empresariais americanos entram em falências e
    concordatas, criando turbulência globalizada que se reflete no Brasil. 
    Investidor ou especulador, o rótulo pouco importa. A realidade é
    que para o nosso País crescer há necessidade de capital externo para
    investimentos. Sem ele, qualquer projeto de desenvolvimento sustentado
    nacional será mais difícil, como será quase impossível o Brasil cumprir
    seus compromissos com a Agenda 21, que inclui agricultura e cidades sustentáveis,
    infra-estrutura e integração regional, gestão de recursos naturais, redução
    das desigualdades sociais e ciência e tecnologia. Haja vacina para sanear
    tanta infecção. Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro  | 
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