Correta especificação do concreto garante qualidade da obra

Essa regra, a qual toda construção deve obedecer, é fundamental para que o seu resultado final seja satisfatório e não surjam problemas no futuro. Quem ensina é Paulo Fernando Araújo da Silva, diretor de Tecnologia da Construção da Qualimat, empresa do Grupo Concremat Engenharia e Tecnologia S.A. Segundo ele, é elementar verificar, por exemplo, o cimento mais adequado a cada caso para se evitar o risco de trincas nas estruturas. “É como fazer bolo: exige-se quantidade certa de cimento, areia e brita para que não ocorram rachaduras, fissuras e infiltração.” Embora básico, conforme Silva, o cuidado nem sempre é tomado, o que explica os problemas em muitas obras e os altos gastos em manutenção.

Um avanço, informa ele, é que o assunto já começa a entrar na pauta da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). “É incipiente, mas está melhorando”, avalia.


Conhecimento
Engenheiro civil graduado em 1986 pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Silva é mestre em Tecnologia de Materiais pela Universidade de São Paulo e iniciou neste ano curso de doutorado no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), com o objetivo de defender tese sobre Pavimentos de Concreto. É autor dos livros “Durabilidade das Estruturas” e “Concreto Projetado para Túneis” e está escrevendo “Patologia das Estruturas”, tema da disciplina que leciona em cursos de pós-graduação. A especialização, afirma, é fundamental para se trabalhar com concreto. “Quem não tem conhecimento fica sujeito a cometer erros grosseiros, acreditando que isso é comum, o que não é verdade.” Em seu trabalho cotidiano, ele busca minimizar problemas nas construções. Com esse objetivo, Silva tem atuado como consultor em obras como o Rodoanel, Imigrantes, as do Metrô de São Paulo e da Sabesp e empreiteiras da Calha do Tietê. Já prestou serviço ao BankBoston e ao Projeto Sivam (Projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia).

Na opinião de Silva, a base dos problemas e do desperdício está no despreparo. “Se os construtores investissem em treinamento com cursos teóricos e práticos, economizariam não apenas com concreto, que tem carência e demanda maiores, mas também com pavimentação asfáltica, impermeabilização, alvenarias e tantos outros.” A falta de conhecimento, diz ele, também leva a serem utilizados nos empreendimentos materiais importados, especialmente dos Estados Unidos, que muitas vezes não são os indicados à obra. “Daí a importância da consultoria em tecnologia”, considera.

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