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     Tecnologia
    encurta distâncias e   | 
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     A invenção de Alexander Graham Bell, o telefone,
    chegou ao Brasil em 1877. O primeiro foi instalado no Palácio Imperial, no
    Rio de Janeiro. No início, as ligações eram feitas por intermédio de uma
    telefonista, entre distâncias não muito longas, e apenas alguns
    privilegiados tinham acesso à novidade. Em 1893, o padre gaúcho Roberto Landell de Moura
    demonstrou, em caráter pioneiro no mundo, a possibilidade de uma pessoa
    comunicar-se com outra a quilômetros de distância, sem necessidade de
    fios, por meio de ondas de rádio. As inovações tecnológicas que se
    seguiram revolucionaram as telecomunicações. Segundo o engenheiro eletrônico
    Rege Romeu Scarabucci (leia abaixo), impulso ao setor foi dado a
    partir de 1960. “Antes, não tínhamos uma legislação que exigisse das
    diversas companhias existentes no Brasil sinalizações iguais, para
    realizar a comunicação entre um lugar e outro. Como conseqüência, era
    comum chamar um outro estado e demorar um ou mais dias para fazer uma ligação,
    quando se conseguia completá-la.” Com a uniformização de sinais, a criação da
    Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), em setembro de 1965,
    para cuidar da telefonia de longa distância e a cobrança de uma
    sobretarifa de 30%, revertida ao incremento de tal serviço, de acordo com
    Scarabucci, dez anos depois o Brasil estava quase todo interligado por
    sistema de microondas. Em 1972, o Governo instituiu a Telebrás (Telecomunicações
    Brasileiras S.A.), para centralizar as atividades de telecomunicações no
    Brasil. A maioria das empresas do setor tornou-se estatal e passou a ser
    subsidiária de tal holding. “Nessa etapa, houve também um
    desenvolvimento extraordinário, porque a Telebrás estabeleceu centros de
    pesquisa em Campinas e de treinamento em todo o Brasil, preparando pessoal
    altamente competente.” Além disso, conta Scarabucci, “empresas brasileiras
    e estrangeiras que tivessem fábrica no País teriam certos benefícios”.
    O avanço tecnológico foi significativo. Segundo ele, as centrais começaram
    a ser processadas eletronicamente e, ao final desta década, surgiam as
    primeiras digitais. “Na área de transmissão, houve o advento do laser
    e o desenvolvimento de fibras óticas. As comunicações ficaram cada vez
    melhores e mais baratas.” Contudo, os recursos obtidos com a sobretarifa, que
    haviam permitido progresso, passaram a não mais ser revertidos ao setor.
    “Com isso, no final da década de 70 e ao longo dos anos 80, os
    investimentos foram pequenos.” 
 Hoje, na área de telecomunicações, contrasta a
    modernidade – tecnologia de fibras óticas, lasers, comutação
    digital e início da transmissão de sinais de voz via Internet – com o
    desemprego e as dificuldades das empresas, conforme Scarabucci, por falta de
    uma política industrial associada. Além disso, muitas companhias
    instalaram fibra ótica e equipamento apostando na Internet e hoje está
    havendo “uma ressaca”. O engenheiro afirma que houve uma parada quase geral
    nas telecomunicações no Brasil, com uma agravante: cerca de 25% da expansão
    do setor – segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações),
    no Brasil há em torno de 49 milhões de linhas fixas instaladas e 39 milhões
    de celulares – ocorreu junto à classe baixa, que, em boa parte,
    devolveu os telefones, sem condição de pagar por eles. “Estamos com
    grande quantidade de equipamentos e fibras já instalados, sem dar a
    rentabilidade adequada”, lamenta.  | 
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     Quem
    é Rege Romeu Scarabucci  | 
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     Engenheiro eletrônico formado pelo ITA (Instituto
    Tecnológico de Aeronáutica) em 1962, Scarabucci recebeu o Prêmio Santista
    de Telecomunicações em 1999. Participou, na Unicamp, do desenvolvimento
    dos primeiros equipamentos de transmissão digital no Brasil. Aposentado aos
    64 anos, é diretor de pesquisa e desenvolvimento da Asga, onde trabalha na
    elaboração de equipamentos de fibra ótica.  | 
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