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     Guerra
    e paz  | 
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     As lembranças que temos hoje dos tempos da “guerra fria”
    são dos acirramentos constantes protagonizados pelas potências mundiais
    Estados Unidos e antiga União Soviética. Vivíamos sob permanente risco de
    uma guerra nuclear. Até então, os maciços investimentos em armamentos, a
    corrida espacial etc, feitos do lado de cá do mundo, estavam justificados
    pela necessidade de conter a ameaça comunista. Foi com esse pretexto que os
    Estados Unidos apoiaram golpes militares América Latina afora, inclusive no
    Brasil – por sinal, 11 de setembro é também a data em que foi
    assassinado o presidente Salvador Allende, e teve início a pavorosa história
    da ditadura no Chile.  Outras destacadas incursões dos Estados Unidos nesse período
    foram armar o Iraque contra o Irã e os afegãos contra os soviéticos.  Depois da falência do regime soviético, com a queda do Muro de Berlim, o fantasma vermelho caiu em desuso e o mundo deixou de temer que, a qualquer momento, um dos lados “explodisse a bomba”. A composição de forças no planeta passou por uma reformulação, assim como os conflitos, que perderam a dicotomia ideológica entre capitalismo e socialismo. 
 Os atentados terroristas contra Nova York e Washington no ano
    passado trouxeram novo combustível à alternativa belicista. Primeiro, foi
    o Afeganistão. Antigos aliados, agora os talibãs encarnavam o mal e tinham
    que ser destruídos.   Osama bin Laden esquecido nas montanhas afegãs, volta Saddam
    à cena, agora acusado de proteger terroristas e de produzir armas de
    destruição em massa. Até a venda de urânio, em seu primeiro estágio de
    beneficiamento, feita em 1979 pelo Brasil ao Iraque veio à baila para
    corroborar a argumentação.  Aceitar a volta dos inspetores da ONU era a condição imposta
    pelos Estados Unidos ao Iraque, que, na última hora, cedeu, minando o blefe
    norte-americano. Ainda assim, continua o firme propósito de 
    destruir o ditador, único meio, afirma Washington, de eliminar o
    terrorismo internacional e salvar o Iraque do atraso, conduzindo-o ao
    caminho das democracias modernas. Sem um inimigo claro, como foi a URSS no
    passado, agora os Estados Unidos ameaçam a todos. Os cidadãos do mundo,
    mais uma vez, perdem o sono imaginando quando outra guerra, com milhares e
    milhares de vítimas inocentes, pode eclodir. Num momento como esse, vale a pena lembrar o que a Constituição
    Federal do Brasil determina às suas relações internacionais. Nela,
    constam os princípios de autodeterminação dos povos, a não-intervenção,
    a defesa da paz, a solução pacífica dos conflitos e o repúdio ao
    terrorismo e ao racismo. Depois de uma solução técnica que garantisse a
    lisura de seu processo eleitoral, evitando a chegada ao poder de um
    presidente não-eleito, essas regras poderiam ser mais um útil ensinamento
    tupiniquim aos Estados Unidos. Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro  | 
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