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    Um
    profissional com os olhos no espaço  | 
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     O engenheiro mecânico Petrônio Noronha de Souza tem
    o trabalho com o qual sonharam muitos garotos: é gerente do Programa Estação
    Espacial Internacional do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
    Na função, ele é responsável pelas atividades do órgão voltadas ao
    acordo assinado em 1997 entre Brasil e Estados Unidos, visando esse
    programa.  Sua rotina envolve a interface com a Nasa, a agência
    espacial estadunidense, sob o ponto de vista técnico e gerencial. Além
    disso, estabelece planos para o programa, cuida de contratos industriais,
    faz prestação de contas e se relaciona com os diversos níveis de governo
    envolvidos na atividade.  Graduado pela Unicamp (1982), mestre em Mecânica
    Orbital pelo Inpe (1986) e doutor pelo Cranfield Institute of Technology, da
    Inglaterra (1993), Souza enquadra-se no plano de pessoal do Inpe como
    tecnologista, que se dedica às atividades de desenvolvimento, gerenciamento
    e execução dos projetos. A outra classificação para os profissionais é
    de pesquisador, o qual é mais ligado à área acadêmica. Possuidor de um programa espacial bastante modesto, se
    comparado ao de países como os Estados Unidos, o Brasil, no entanto, tem se
    desenvolvido no setor. Está, por exemplo, entre aqueles que dispõem de
    tecnologia para desenvolver satélites. Não dispõe, contudo, de um lançador
    e não tem autonomia espacial. Já se encontram em órbita satélites de
    coleta de dados ambientais, o  SCD1,
    lançado em 1993, e o SCD2, em 1998. Além desses, há o Satélite
    Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres CBERS-1, posto em órbita em 1999
    como resultado de acordo com a República Popular da China em 1988. Ele gera
    imagens de desmatamento e queimadas na Amazônia, previsões de safra,
    planejamento urbano, cartografia, hidrologia e geologia. Ainda em
    desenvolvimento, há os satélites científicos em cooperação com a França.
     Na avaliação de Souza, as realizações brasileiras
    se dão “de acordo com a capacidade e os objetivos nacionais, embora
    pudessem estar mais adiantadas” se a Agência Espacial Brasileira contasse
    com orçamento mais polpudo.  Ligada
    ao Ministério da Ciência e Tecnologia, essa é responsável pelo programa
    e o Plano Nacional de Atividades Espaciais, além de ter a incumbência de
    traçar políticas e buscar recursos. Essas ações dividem-se entre a área
    militar, executadas pela Aeronáutica, como o Centro de Lançamento de Alcântara,
    no Maranhão, e a civil, a cargo do Inpe.  | 
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     O
    desastre Columbia  | 
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     Apesar da tecnologia de ponta e do orçamento de US$
    15 bilhões, o programa espacial dos Estados Unidos também enfrenta
    adversidades, como a desintegração do ônibus espacial Columbia, no dia 1º
    de fevereiro. Segundo o engenheiro do Inpe, Petrônio Noronha de Souza, a
    causa para a tragédia continua desconhecida. Sabe-se que houve aquecimento
    incomum da asa do lado esquerdo e tudo indica que sua cobertura térmica
    tenha falhado por alguma razão. “Provavelmente, isso levou ao colapso da
    asa e à destruição da nave.” Para Souza, o desastre foi uma fatalidade
    e, ainda que a Nasa soubesse do risco para a tripulação, não havia nada a
    fazer.  “Ilude-se quem imagina que toma um avião no aeroporto e
    tem 100% de garantia de que pousará incólume. Com o ônibus espacial é a
    mesma coisa, por maiores que sejam os cuidados, e os astronautas sabem
    disso.”  | 
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