Editorial Metrô
transforma campanha salarial em queda-de-braço |
|
A
campanha salarial dos engenheiros empregados do Metrô neste ano foi marcada
por uma árdua disputa, que, fato inédito, chegou ao STF (Supremo Tribunal
Federal). Finalmente, depois de lançar mão de todos os recursos para
evitar o pagamento da reposição salarial aos seus funcionários, a empresa
deu-se por vencida e, em 8 de julho, fez o depósito em conta corrente. A
intransigência da companhia fez-se notar desde o início das negociações,
visando a data-base de 1º de maio. Após seis reuniões entre o Metrô, o SEESP e o Sindicato
dos Metroviários, não houve avanços. A empresa rejeitou sistematicamente
qualquer discussão com relação à garantia de emprego e plano de carreira
e apresentou uma proposta de reajuste de 8%, diante de uma inflação
acumulada que ultrapassava os 18%. Sem
resultados à mesa de negociação, recorreu-se à intermediação do TRT
(Tribunal Regional do Trabalho), em cuja audiência de conciliação o Metrô
manteve a mesma postura. Em 29 de maio, o Tribunal julgou o dissídio
coletivo, garantindo reajuste de 18,13%, além de outras garantias. O Metrô
simplesmente desobedeceu a sentença e recorreu ao TST (Tribunal Superior do
Trabalho), pedindo efeito suspensivo da decisão do TRT. Nessa
instância, teve início novo processo de negociação, que culminou com o
ministro Francisco Fausto confirmando, em 30 de junho, a decisão de São
Paulo, apenas determinando o parcelamento do reajuste, por levar em conta as
dificuldades financeiras alegadas pelo Metrô. Mais
uma vez a empresa ignorou a decisão da Justiça, enquanto esperava o
posicionamento do STF. Esse, em 7 de julho, rejeitou o pedido de liminar
contra as decisões anteriores e determinou o pagamento do reajuste,
conforme proposto pelo TST. Além
do desgaste de uma campanha salarial em que foi completamente ignorada a
importância da negociação, o Metrô conseguiu, com o descumprimento de
decisões judiciais, acumular uma multa que passa do R$ 3,5 milhões,
segundo cálculos do Sindicato dos Metroviários. A atitude não parece
muito zelosa para com os recursos da companhia. Para completar, tentou
confundir a opinião pública distribuindo centenas de milhares de panfletos
em que desmoralizava seus próprios empregados, taxando-os de
“privilegiados” e “ingratos”, por reivindicarem seus direitos. Encerrado
esse lamentável processo em 2003, só nos resta esperar que os dos próximos
anos transcorram de maneira mais razoável, valorizando-se a mesa de negociação. Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro |
|
|
|