Editorial A
chance de avançar, o risco de retroceder |
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FNT (Fórum Nacional do Trabalho) – promessa de campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva – foi lançado em 29 de julho último, em
evento em Brasília. Trata-se da instância, de composição tripartite, em
que serão discutidas a legislação trabalhista e a organização sindical (leia
mais sobre o assunto). O
Fórum, nasce, assim, cercado de expectativas e pode representar a nossa
chance histórica de, democraticamente, debater e decidir o que é melhor
para o conjunto dos trabalhadores e de toda a sociedade nessas áreas
cruciais. Passamos a década de 90 enfrentando ameaças aos direitos dos
trabalhadores. A flexibilização da legislação foi um fantasma constante
a nos assombrar. Sob os pretextos de desonerar a produção ou gerar
empregos (pasme!), defendeu-se a precariedade do trabalho, num país em que
ainda é necessário combater a exploração da mão-de-obra escrava. Nesse
bombardeio, não foram esquecidas as entidades sindicais, cuja capacidade de
organização e mobilização também foi ameaçada com ataques a pontos
cruciais: seu meio de sustentação e representatividade. Como muita coisa
nesses tempos de neoliberalismo, tal proposta, que só pode enfraquecer o
trabalhador na disputa com o capital, era propagandeada na embalagem da
modernidade. Temos
agora a esperança de que essas e outras questões sejam debatidas séria e
responsavelmente, de maneira serena e sem preconceitos.
E, principalmente, sem partir do pressuposto de que alguém detém a
verdade e, sendo dela guardião, pode impor o que desejar. Além disso, numa
comissão que reúne Estado, capital e trabalho, é razoável esperar que
esse último defenda os interesses da classe que representa. O tão
aguardado FNT deve concretizar a chance de avançar e não correr o risco de
retroceder. Por
fim, apesar das tensões e divergências que provavelmente surgirão,
plenamente aceitáveis num debate democrático, é com otimismo que vemos o
início da atuação do Fórum. Isso porque seguimos confiantes na garantia
dada pelo Presidente da República, em seu reencontro com o movimento
sindical em novembro de 2002, de que nada será imposto aos trabalhadores e
que as mudanças serão fruto do consenso e da unidade, também defendida
veementemente por Lula.
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