Dia-a-dia

Um engenheiro dedicado ao ensino

A Rotina de Guido Stolfi não se dá em uma grande empresa ou obra. Seu local de trabalho prioritário, ainda que não em tempo integral, é a sala de aula. Graduado em 1980 em engenharia eletrotécnica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e mestre em eletrônica pela mesma instituição, hoje ajuda a formar os seus futuros engenheiros de telecomunicações. Também na Poli iniciou, neste semestre, o doutorado em processamento de sinais para aplicação em audiometria.

Neste ano letivo, ele é responsável pelas aulas que abordam princípios de televisão digital aos quintanistas do curso de engenharia de telecomunicações. Para prepará-las, Stolfi, que se dedica ao tema desde 1997,  dispende quatro horas de trabalho. Ele leciona também as disciplinas projeto de formatura/telecomunicações e laboratório de circuitos de comunicação. Nelas, o estudante põe em prática o conhecimento adquirido. “É o momento de errar e aprender”, explica o professor. Essas aulas acontecem no Laboratório de Telecomunicações e Sinais, do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle.

A dinâmica inicia-se às 14 horas e se estende até as 19h, uma vez por semana. Segundo Stolfi, o segredo para ensinar é “ir fundo no assunto e prever todo tipo de pergunta que os alunos farão”. Quando surgem indagações inesperadas, é preciso buscar as respostas, “muitas das quais  são encontradas junto com os alunos, o que ajuda a abrir o horizonte”. Atualmente, ele também orienta projetos de seis grupos que estão prestes a concluir a faculdade. Os temas são variados, destacando-se entre eles sistemas de rádio digital, transmissão de TV digital, telemetria e processamento de imagem.


Compensação e oportunidades
Extraindo da docência a principal satisfação de “aprender continuamente”, Stolfi recorre a outra atividade para maior compensação financeira. Ele é proprietário da Sator Eletrônica, que desenvolve projetos de circuitos de equipamentos eletrônicos. Recentemente, executou trabalhos às áreas de instrumentação médica e industrial, bem como à televisão. Além do ganho maior, a atuação empresarial também tem interação com a universidade. Por exemplo, a matéria sobre televisão digital que ministra nasceu de projetos e cursos que realizou para a TVA e a TV Globo. “A universidade se alimenta do mercado e vice-versa”, afirma.

De toda forma, ele acredita que a carreira acadêmica é uma boa opção. Os recém-formados, informa, podem escolher entre ensino e pesquisa. “Os que são brilhantes – dominam matemática e teorias, por exemplo – convidamos a continuar na faculdade e fazer pós-graduação.” Aos que almejam lecionar, a recomendação é ter experiência em projetos de circuitos e de software. “O professor deve ser um especialista que já cometeu todos os erros possíveis numa determinada área”, avalia. Ele próprio é exemplo: estagiou no laboratório da Politécnica e, ao se graduar, como tinha experiência, foi convidado a ocupar essa lacuna que havia no quadro de professores. Há também espaço nas universidades particulares. “Trabalho não falta, mas é preciso buscar novas tecnologias, saídas e fórmulas. Na hora em que o Brasil perceber a importância da educação, o trabalho do professor e dos engenheiros será recuperado”, aposta.

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