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     Memória Avanços
    e tropeços do primeiro ciclo econômico brasileiro  | 
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     A
    produção de açúcar no Brasil confunde-se com a própria história do País.
    O primeiro engenho surgiu em 1532, quando Martim Afonso de Souza começou o
    cultivo da cana, trazida da Ilha da Madeira, na Capitania de São Vicente. A partir daí, a atividade propagou-se pela colônia, que teve seu primeiro centro açucareiro em Pernambuco, ainda de forma precária, de acordo com o professor Enio Roque de Oliveira, assessor técnico da Orplana (Organização de Plantadores de Cana no Estado de São Paulo) e professor titular de Tecnologia do Açúcar e do Álcool, aposentado pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Segundo
    ele, a técnica consistia em extrair o caldo das moendas verticais de
    madeira, tracionadas por escravos ou bois. Depois, era peneirado e
    concentrado em tachos abertos à cristalização. O melado obtido era posto
    em formas de barro cônicas para resfriar, o que conduzia a sacarose à
    cristalização, o chamado “açúcar de forma”. Posteriormente, a
    cristalização era feita em tachos de madeira retangular com bordas
    inclinadas, por meio de um raspador semelhante ao rodo doméstico. Apesar da concorrência da Holanda, que, durante a invasão do Nordeste no século XVII, adquiriu o conhecimento para a produção do açúcar, o País só experimentou algum avanço tecnológico no século XIX. Em 1857, D. Pedro II implementou um programa de modernização. Foram implantados 12 engenhos centrais para moer a cana e processar o açúcar. Estabeleceu-se aí o conceito de usina. Na virada do século, a região de Piracicaba se tornaria o maior centro produtor de São Paulo. 
 Segundo
    Oliveira, os filtros rotativos a vácuo representaram um grande avanço, bem
    como o evaporador de múltiplos efeitos, projetado no século XIX pelo francês
    Norbert Rillieux, que propiciou a evolução na qualidade do concentrado e
    na economia de vapor. Outro salto diz respeito ao processo de segregação
    de cristais da massa cozida com as separadoras centrífugas, contínuas e
    automáticas, bem como ao de produção de vapor na usina, utilizado para
    concentração do caldo e geração de energia elétrica. Na
    sua avaliação, o processo do desenvolvimento da indústria açucareira
    “coube à engenharia mecânica e química”. Hoje, ressalta ele, “o
    engenheiro eletricista e o técnico em informática são imprescindíveis à
    atividade, bem como o trabalho do agrônomo que, desde a obtenção de novas
    variedades de cana até a evolução da tecnologia, coloca o Brasil numa
    posição avançada nesse setor”.  | 
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