| 
     Editorial Os
    desafios do novo ministro  | 
|
| 
     Agora
    titular da pasta do Trabalho, Ricardo Berzoini assumiu o cargo em 27 de
    janeiro último, com uma agenda para lá de positiva: geração de emprego e
    renda. Principal aflição dos brasileiros, a desocupação, que já se
    aproxima dos 13% da PEA (População Economicamente Ativa), é sem dúvida o
    alvo correto a ser eleito como principal. Em seu discurso de posse, o
    ministro já  apontou
    acertadamente: “O tema do emprego e do trabalho presidirá em 2004 e nos
    anos seguintes grandes debates importantes, para que nós possamos realizar
    a inclusão social (...). Eu creio que se pudermos trabalhar com o horizonte
    construído em 2003, da retomada da estabilidade econômica, da busca de um
    crescimento sustentável –por que não há crescimento episódico que
    resolva a questão do trabalho – da busca de uma economia que se financie
    em bases sustentáveis, [poderemos] efetivamente garantir que a economia se
    expanda e distribua renda.” Resta-nos torcer, e contribuir como pudermos,
    para que tal meta seja atingida. Contudo,
    apesar de sua magnitude, a superação da crise não será a única tarefa a
    merecer a atenção de Ricardo Berzoini. Estão à sua espera as discussões
    sobre a reforma da legislação trabalhista e organização sindical. E,
    nesse tema, espera-se que prevaleçam, de fato, os interesses do País e do
    conjunto dos trabalhadores, e não de grupos específicos ou, pior, do
    capital, quase sempre, salvo as honrosas exceções, interessado em
    retrocesso nesse campo.  Em
    tal debate, é importante lembrar o crucial papel do movimento sindical no
    Brasil. Qualquer crítica que se faça, a essa ou àquela entidade, a esse
    ou àquele procedimento, seria ingenuidade supor que os direitos
    conquistados e mantidos ao longo do século XX existiriam sem a organização
    sindical. Dessa forma, todo debate em torno do assunto deve partir do
    pressuposto de que os trabalhadores e suas lideranças não devem abrir mão
    da possibilidade de organização. Também não podem permitir que as divergências
    superem as convergências – pelo contrário, a partir dessas, deve ser
    construída uma forte e sólida unidade. Particularmente
    aos engenheiros e demais profissionais pertencentes a categorias
    diferenciadas, é fundamental a garantia de sua representação. Embora
    atuem na mesma empresa ou atividade econômica, não raro certos grupos de
    trabalhadores  têm demandas
    específicas que ficam dispersas e muitas vezes esquecidas no âmbito das
    reivindicações gerais. Caso clássico é a atualização tecnológica,
    crucial para os engenheiros, mas sequer mencionada pelas categorias ditas
    majoritárias nas empresas. Tal demanda jamais seria pleiteada e conquistada
    sem o sindicato da categoria. Essa organização torna-se, assim, vantajosa
    inclusive para o conjunto do movimento sindical. As categorias
    diferenciadas, aglutinadas em suas entidades, têm muito a colaborar com o
    conjunto dos trabalhadores, numa parceria que nos fortalece a todos. Assim,
    também nessa importante frente, esperamos que o novo ministro saiba
    conduzir as discussões de forma ampla, democrática e em favor do País e
    de seus trabalhadores. E mais uma vez estamos prontos a colaborar. 
 Eng.
    Murilo Celso de Campos Pinheiro  | 
|
| 
     
  | 
|