Editorial Mais um desafio pela frente |
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Esta edição do Jornal do Engenheiro traz como
matéria de capa
a nova diretoria da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros),
que desde 15 de março tenho a honra de encabeçar. A entidade representa o
movimento da nossa categoria no País, congregando os sindicatos estaduais aos
quais estão ligados os profissionais. Só esta descrição já nos dá a dimensão
da responsabilidade da qual eu e meus companheiros de diretoria nos incumbimos. Os desafios que nos esperam são grandes, mas não nos
intimidam. Juntos, contando com a experiência dos que nos antecederam nessa
missão e o empenho de todos, sabemos que poderemos contribuir para escrever
mais um capítulo vencedor da história da nossa federação. Na busca desse objetivo, uma condição determinante
para que qualquer outra proposta seja cumprida é manter a unidade do movimento
sindical nacional dos engenheiros. Nossa federação deve permanecer coesa e os
laços de solidariedade que nos unem, cada vez mais fortes. Com isso em mente, nossa batalha se dará também e
principalmente pela busca do avanço no que já foi construído até aqui.
Conforme propusemos em nossa plataforma, pautaremos nossa ação por três eixos
principais: o fortalecimento institucional, a ação sindical pró-ativa de âmbito
regional e nacional e a modernização administrativa e operacional da entidade.
Além de se fortalecer e aprimorar sua ação em
defesa dos engenheiros, a FNE terá de avançar no seu papel de agente social e
política para transformar a realidade brasileira. A federação deve, pois, se
tornar, cada vez mais, o canal de comunicação entre a categoria e os
formuladores e executores de políticas públicas. Inúmeros são os campos nos
quais podemos contribuir. É necessário que saibamos fazer chegar nossas
proposições à sociedade, ao Congresso, ao Governo e tenhamos condições de
defendê-las. Nosso primeiro e urgente item de pauta é, sem dúvida,
rechaçar qualquer retrocesso em nossos direitos como trabalhadores. O cenário,
sabemos, não é dos mais favoráveis e exigirá nossa ação firme e certeira.
Um passo nessa direção está sendo dado hoje também, com o lançamento da
Central Brasileira de Profissionais. Porém, continuamos com a tarefa,
sindicatos e federação, de defender nossas conquistas e afirmar nosso legítimo
espaço de ação. Se é fundamental, tal missão não é evidentemente a
única. O que não falta ao Brasil são problemas. Temos vivido asfixiados por
uma política econômica que impede o crescimento, a produção, a geração de
emprego e constrange investimentos públicos em áreas essenciais ao bem-estar mínimo
da população, como habitação, saneamento, transporte público, além de saúde
e educação. Endividado e refém de compromissos que são
verdadeiras amarras, o País caminha claudicante e acumula indicadores que nos
entristecem e envergonham. Fechamos 2003 com alarmantes 12,5% de desempregados.
A concentração de renda é tal que 50% de nossa riqueza fica com os 10% mais
afortunados, enquanto a metade entre os mais pobres sobrevive com 12% desse
bolo. Como conseqüência direta desse quadro, a violência campeia e tem sua
face mais assustadora no avanço do crime organizado, que corrói as instituições
da República e ameaça a própria democracia. É urgente corrigir essa rota e os engenheiros podem
ter papel fundamental nesse esforço, posto que somos treinados para gerar
desenvolvimento e bem-estar. À FNE cabe a função de, juntamente com o
conjunto da sociedade brasileira, ou a parte dela que defende os nossos
interesses, lutar para que esse Governo, que foi eleito como a esperança dos
trabalhadores, retome suas propostas originais. Bem sabemos que os defensores dos juros exorbitantes,
da liberdade escandalosa para capitais especulativos, dos cortes orçamentários
que provocam tragédias sociais dispõem de instrumentos de pressão muito
eficazes. Precisamos nos contrapor a isso com nossa unidade, mobilização e
disposição incansável para tantas batalhas quantas forem necessárias. Já
foi dito que o verdadeiro otimismo reside em seguir lutando, sem qualquer
garantia de vitória. Assim,
devemos perseverar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. E, não
tenham dúvidas, juntos, certamente, venceremos.
Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro |
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