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18/11/2010

O Rio São Francisco e as questões ambientais

        Esse foi o tema de palestra ministrada pelo professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Antonio Thomaz Gonzaga da Matta Machado, como parte da programação desta quinta-feira (18) do IV EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo). Ele apresentou rapidamente iniciativa desenvolvida na instituição com o objetivo de recuperar a Bacia do Rio das Velhas, afluente na região do Rio São Francisco. Batizado como “Manuelzão”, em homenagem a personagem do escritor Guimarães Rosa, o projeto iniciado em 1997 ganhou corpo e transdisciplinaridade. “A partir daí, entramos na política das águas”, informou, o que significou inclusive, para Machado, presidir o comitê local de bacias de 2007 a agosto de 2010.
        Para explicitar as questões colocadas em relação ao São Francisco, ele deu sua dimensão: “A bacia tem 634km2, o que corresponde a 8% do território nacional. O rio atravessa cinco estados e alcança os territórios também de Goiás e Distrito Federal. Atende 503 municípios, o que dá cerca de 12 milhões de habitantes.” Entre seus principais usos estão geração de energia elétrica – “a mais importante e que equivale ao maior impacto, são oito barragens”, agricultura irrigada, industrial, saneamento, pesca, turismo, lazer e navegação, essa última “mantendo-se somente num pequeno trecho da Bahia, transportando principalmente soja”. Os conflitos centrais se dão em relação aos dois primeiros com os demais, os quais geram a “degradação”.
        Na análise do professor, como tem havido investimentos em saneamento em toda a extensão da bacia - uma das que seriam as grandes questões a serem resolvidas -, o grande desafio está em garantir a sazonalidade do rio. Essa estaria comprometida pelo seu uso de forma invertida, em função da operação pelo setor elétrico. Assim, quando deveria haver cheia, o que se tem de fato é escassez de água, o que afeta a biodiversidade. Machado apontou estudo que mostra que é possível “definir melhor a vazão, com critérios mais consistentes”. Dessa forma, concluiu: “É perfeitamente factível produzir energia sem inverter a sazonalidade, desde que se internalize a questão da crise ambiental e ecológica.”

 

www.fne.org.br

 

 

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