O governo e as centrais sindicais começaram, na quinta-feira (18), em São Paulo a debater alternativas para nortear o reajuste do salário mínimo em 2011. As entidades aproveitaram a ocasião para apresentar outras duas reivindicações: o ajuste da tabela do Imposto de Renda (IR) e o reajuste das aposentadorias superiores a três salários mínimos.
O encontro, que aconteceu em São Paulo, contou com seis centrais sindicais e os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Carlos Gabas (Previdência). Ficou definido, no entanto, que as novas demandas serão levadas adiante depois da definição do novo salário mínimo.
Antes de se reunir com os ministros, Miguel Torres, secretário-geral da Força Sindical, acenava com a possibilidade de levar os trabalhadores à rua para cobrar do governo um posicionamento em torno da correção da tabela do IR.
"Eu sei que hoje [18] a reunião talvez se dê só em torno do mínimo, mas, com certeza, se não houver solução nenhuma, nós vamos ter que colocar o povo na rua de novo para puxar de novo essa discussão, para não deixar esquecer".
Torres acrescentou que as mudanças na tabela do IR são necessárias porque 99% das categorias tiveram aumentos que variam entre 7% e 9% e que isso inseriu muitos trabalhadores entre os contribuintes do Leão.
Quanto ao mínimo, Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nova Central Geral dos Trabalhadores, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) reforçaram o pleito de que o valor, a partir de 1º de janeiro de 2011, deve ser de R$ 580.
Antônio Neto, da CGTB, disse que o reajuste para R$ 580 não representa um ônus para o governo e sim um bônus. "O novo mínimo vai injetar R$ 43 bilhões na economia e R$ 13 bilhões em impostos. O aumento do mínimo, portanto, é investimento e não custo para o governo."
No entanto, Paulo Bernardo afirmou que a negociação firmada pelo governo e centrais sindicais pela valorização do mínimo em 2006 foi vitoriosa. "E, excepcionalmente em 2011, as centrais querem mudar a regra por conta do crescimento zero do PIB em 2008. O governo está disposto a rever essa política, se necessário. Mas ainda não há nada de concreto. Vamos levar essa demanda ao presidente Lula e à presidente eleita Dilma Rousseff", expôs Bernardo.
Na próxima semana uma nova rodada de negociações deve acontecer entre terça e quarta-feira em Brasília. Devem ser incorporados à mesa o ministro Carlos Lupi (Trabalho) e o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci.