Folha de S. Paulo ouve presidente do SEESP e FNE sobre o assunto e site do jornal publica vídeo “Mais engenheiros para construir o Brasil”, produzido pela federação. Leia a íntegra do artigo.
A falta de engenheiros qualificados no Brasil não é novidade. Mas, após cerca de cinco anos de crescimento na demanda por esses profissionais, agora as empresas e as entidades de classe estão agindo por conta própria.
O Sindicato dos Engenheiros no Estado de SP prepara a criação de um instituto de ensino superior voltado para as necessidades da indústria, com cursos de graduação, pós, mestrado e doutorado.
'Não queremos competir com as universidades. A ideia é que a gente faça uma escola de inovação, com poucos alunos, mas com qualidade', diz Murilo Pinheiro, presidente do sindicato.
No momento, é aguardada a aprovação do Ministério da Educação para que o instituto possa abrir, em 2012.
Já um grupo formado por construtoras e incorporadoras se organiza para criar uma faculdade corporativa com cursos de curta duração.
O objetivo é complementar a formação que não é dada nas universidades, diz Carlos Alberto Borges, vice-presidente de tecnologia e qualidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
O Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) vai na mesma direção. Segundo o seu chefe de gabinete, Francisco Yutaka Kurimori, na sexta-feira, foi aprovada proposta que permite que o órgão firme convênios com entidades de classe para promover cursos de reciclagem.
Nival Nunes de Almeida, presidente eleito da Associação Brasileira de Educação em Engenharia, acha interessante que empresas e sindicatos estejam preocupados com a formação de profissionais. No entanto, ele acredita que o melhor é buscar parcerias com universidades.
DO BANCO PARA A OBRA
Foi o que a Camargo Corrêa fez no caso do engenheiro civil Marcelo Ishitani, 32.
Após trabalhar em bancos, ele sentiu necessidade de se atualizar quando voltou para o setor de infraestrutura da empresa -em que havia sido trainee, no início da carreira.
A firma lhe pagou, então, uma especialização em engenharia de túneis na Poli-USP. O diretor da faculdade, José Roberto Cardoso, confirma que a Poli é muito procurada por empresas para esse fim.
Casos como o de Ishitani, de profissionais que estavam no setor financeiro e agora retornam para a engenharia, vêm se tornando comuns.
Quando Roni Katalan (foto), 30, cursava engenharia, de 1998 a 2002, a construção civil ainda estava estagnada. Por isso, buscou a área financeira, em que se especializou.
Em 2008, já sentindo uma melhora no mercado de engenharia, foi convidado para atuar na incorporadora de uma construtora, onde é supervisor de novos negócios.
'Eu não entro muito na questão da obra. O cargo na incorporação é financeiro.'
É por isso que, no caso das construtoras que procuram engenheiros para funções estritamente técnicas, a dificuldade para contratar é maior.
'O profissional que estava na área financeira não virá para a área técnica. Ele vai usar a sua experiência como gestor financeiro', diz Carlos Barbara, sócio-diretor da construtora Barbara.
A saída, para ele, foi empregar profissionais sem muita experiência e contar com coordenadores para formá-los. 'Montamos uma 'escolinha' na construtora.'
Confira matéria de Fabiana Rewald e vídeo da FNE na Folha Online