O Senado realizou, na última segunda-feira (26/10), audiência pública interativa sobre cidade sustentável. O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CGEE), Mariano Francisco Laplane, afirmou que a agenda ambiental é extremamente importante na busca de uma cidade sustentável, mas deve estar atrelada com a sustentabilidade econômica e social. “A qualidade de vida e moradia deve estar garantida, deve ser um espaço não de confronto, mas sim de reconciliação entre habitante urbano e natureza, ter distribuição equitativa entre serviços essenciais, impacto ecológico baixo e ser resistente a desastres naturais e econômicos”, disse.
Segundo ele, uma cidade sustentável e inclusiva deve adequar a agenda de sustentabilidade nas três dimensões (ambiental, econômica e social) a realidades diferentes. Nas grandes metrópoles, a agenda deve procurar mitigar os desastres já produzidos e nas pequenas e médias cidades, a agenda deve buscar evitar que aconteçam. “Há três dimensões quando pensamos em sustentabilidade e percorrer a escala da rede urbana brasileira tipificando seus problemas são o melhor ponto de partida que podemos ter para executar uma agenda de sustentabilidade na rede urbana.”
Laplane ainda destacou a importância de ser priorizada a participação social, já que, segundo ele, a verdadeira transformação das cidades deve partir de dentro para fora, dentro da própria sociedade.
O presidente da comissão Senado do Futuro, senador Wellington Fagundes (PR-MT), destacou a relevância do tema para o Brasil e para o mundo e afirmou que o assunto é continuo e dinâmico, não se esgotando em uma ou duas audiências. Para ele, não existe uma receita de bolo pronta para a cidade do futuro e as soluções devem vir adaptadas à realidade de cada cidade. “Tornar uma cidade sustentável é torná-la mais humana, solidária justa e acolhedora. É integrá-la ao meio ambiente para que ela passe a fazer parte dele”, afirmou.
Saneamento básico
Um novo modelo de gestão dos serviços de saneamento básico está entre as propostas de sustentabilidade apresentadas pelo professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), Oscar de Moraes Cordeiro Netto.
Para ele, a insustentabilidade das cidades brasileiras em relação ao tratamento de esgoto, ao uso da água e à gestão de resíduos sólidos urbanos. Segundo Netto, apenas 12,5% dos lares brasileiros urbanos possuem um bom atendimento em esgotamento sanitário, 40% do que se coleta da água é desperdiçado e não é faturado pelos prestadores de serviço e existe uma ausência de informações e monitoramento sobre o que se produz de lixo. E lamentou: “A gestão dos resíduos sólidos urbanos, na nossa região, já beira a insolvência. No Distrito Federal, temos o maior lixão da América Latina.”
Cidades inteligentes
Tom Rebello, sócio da Cip/Intercon Consultoria Internacional, observou que, a partir do século passado, as cidades importantes não são as mais populosas, mas sim as que começam a desenvolver a inteligência. Rebello explicou que a cidade inteligente não está nem um pouco ligada à questão de espaços conturbados, de pouca qualidade ambiental e dificuldade de mobilidade. “Quando falamos das cidades inteligentes, não se trata apenas de tecnologia, mas qualidade do espaço, da mobilidade urbana e existência de locais onde as pessoas possam viver, trabalhar e se divertir se deslocando o mínimo possível.”
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Fonte: Agência Senado