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19/06/2025

Engenharia lógica contribuindo nas cidades inteligentes

*Carlos Magno Corrêa Dias

 

Consolidado como o maior evento sobre as cidades inteligentes das Américas, a sexta edição do Smart City Expo Curitiba (SCECWB25) foi realizada de 25 a 27 de março de 2025, na capital do Estado do Paraná, com o tema principal “Transformando cidades: construindo felicidade”,

 

Proposto como um fórum essencial para colocar em discussão e avaliação a transformação positiva dos ambientes urbanos, com foco na inclusão, na conexão e na resiliência, a SCECWB25, promovendo também a felicidade e o bem-estar de todos, aconteceu pela primeira vez na Ligga Arena (a então Arena da Baixada).

 

Reunindo público recorde de visitantes e superando todas as expectativas, a edição de 2025 do SCECWB25, além de constituir um importante ponto de encontro para tratar questões sobre o desenvolvimento urbano contemporâneo foi palco da entrega do “Sprint Urbano”, teve o anúncio do “Hub de GovTech” e se fez (dentro do evento “Tomorrow Mobility”) a entrega simbólica (ao Prefeito de Curitiba) de drone delivery (a primeira realizada no Brasil).

 

No SCECWB25, o “Sprint Urbano” foi um evento no qual o grupo multidisciplinar de especialistas trabalhou para criar, apresentar e discutir propostas concretas de revitalização e desenvolvimento para os bairros Centro e São Francisco de Curitiba, resultantes de um processo colaborativo e intensivo que serviu como um exemplo notável de como a colaboração e a inovação podem resolver problemas urbanos. O “Sprint Urbano” foi um momento de compartilhamento e validação de ideias apresentadas à comunidade e a gestores públicos, alinhando-se com a proposta do Smart City Expo Curitiba de conectar desafios urbanos a soluções reais.

 

O “Hub de GovTech”, o primeiro do Paraná, constitui iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI), tem por objetivo impulsionar a inovação e a modernização da gestão governamental no Paraná com foco em áreas como saúde, educação, segurança, mobilidade urbana e transparência, fomentando, de um lado, negócios que criam soluções para órgãos públicos e, de outro, gerando oportunidades de negócios para startups e empresas da área de tecnologia. 

 

A Atech, empresa do grupo Embraer, realizou o voo simbólico do drone delivery, que pousou na área de exposição do “Tomorrow Mobility” (evento paralelo à SCECWB25). Aquela apresentação simbolizou, efetivamente, o início dos testes práticos em Curitiba, com foco em soluções para a mobilidade urbana do futuro, como o controle aéreo de voos de drones seguros. O drone sobrevoou o estádio antes de pousar. A ação é uma parceria entre os Correios, a Atech e a Speedbird Aero.

 

Cabe enfatizar que a edição de 2025 da Smart City Expo Curitiba proporcionou, como vem sendo desde a primeira edição, importantes debates sobre desafios urbanos atuais, discutindo soluções inovadoras em áreas como planejamento urbano, mobilidade, governança, tecnologia e sustentabilidade e, promovendo, também, networking diversificado, voltado para a definição de tecnologias urbanas centradas em construções inteligentes e sustentáveis.

 

Foto: Smart Citie Expo Curitiba 2025. Portal Prefeitura Municipal de Curitiba

 

Tanto a edição de 2025 da Smart City Expo Curitiba como as edições anteriores foram inspiradas no maior e mais importante evento global sobre cidades inteligentes: o Smart City Expo World Congress, o qual é chancelado pela Fira Barcelona (uma das mais renomadas organizadoras de feiras e congressos do mundo). A Smart City Expo Curitiba 2025, a versão brasileira do evento internacional correspondente, tem parceria do iCities, um hub de inovação com sede em Curitiba, o qual é também autorizado pela Fira Barcelona. As edições do Smart City Expo Curitiba sempre foram apoiadas pela Prefeitura de Curitiba.

 

Diferentemente da SCECWB25, as cinco edições anteriores foram desenvolvidas no Centro de Eventos do Parque Barigui, em Curitiba, tendo como temas: “Innovation as an Engine of Economic Development” (2018); "Planning the Cities we Want" (2019); "Society Leading the Urban Future” (2022); “Connecting Cities People & Technology” (2023); e “Reinventing Cities for All” (2024).

 

A 5ª edição do Smart City Expo Curitiba (SCECWB24), desenvolvida com o tema “Reinventando Cidades para Todos” (“Reinventing Cities for All”), foi realizada no período de 20 a 22 de março de 2024, focando discussões sobre as necessárias soluções inovadoras para o desenvolvimento urbano, buscando cidades mais inclusivas e sustentáveis.

 

Durante a edição de 2024, aconteceu o lançamento da publicação Innovate Curitiba e da Fábrica de Ideias de Curitiba, as quais objetivaram fomentar o ecossistema de inovação local. Foi instituída a primeira Secretaria Municipal Extraordinária de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Inteligência Artificial (Sedeia) de Curitiba, bem como ocorreu a inauguração da Galeria de Troféus da Prefeitura de Curitiba, o lançamento do programa Link Vale do Pinhão e Ecossistemas Metropolitanos de Inovação, sendo anunciada a implantação do Verse360, um ambiente de inovação inspirado no bairro inovador Distrito 22@, de Barcelona (Espanha).

 

Na SCECWB24 concedeu-se também, pela primeira vez, o prêmio “Brazilian Awards” – edição brasileira do “World Smart City Awards”, que é o maior prêmio de cidades inteligentes do planeta –, um reconhecimento ao trabalho de cidades que estão implementando projetos sustentáveis e inovadores no Brasil.

 

Rumo ao pleno e adequado progresso e desenvolvimento para a melhoria de vida das pessoas, foi realizada, entre os dias 22 e 24 de março de 2023, a quarta edição do Smart City Expo Curitiba 2023 (SCECWB23), com o título "Cidades que conectam: pessoas e tecnologias" (“Connecting Cities, People & Technology”).

 

A SCCWN23 quebrou todas as marcas das edições anteriores, sendo evento inspirador e enriquecedor, com palestras, discussões e oportunidades de networking, além de workshops práticos e demonstrações de tecnologias inovadoras. Durante o evento foram tratadas questões sobre o real desenvolvimento das cidades, respeitando a sustentabilidade, pondo em foco questões como transporte, infraestrutura, espaços públicos, tecnologias e segurança, tais como Big Data, segurança cibernética, comunicação e informação, blockchain, privacidade, proteção de dados.

 

Cidades Sustentáveis e Mudanças Climáticas; Espaços Públicos e Requalificação Urbana; Cidadãos Digitais e Governança; Inovação e Transformação Digital; Tecnologia e Negócios Disruptivos; Tomorrow Mobility foram temas recorrentes na SCECWB23, sendo apresentada também a Smart Plaza Vale do Pinhão e a Arena Metaverso que debateu tanto as possibilidades do 5G quanto questões sobre conectividade global e Internet das Coisas (IoT) aplicadas às cidades. Ocorreu ainda o Salão de Eletromobilidade, que possibilitou uma experimentação de veículos elétricos que estavam distribuídos pelo Parque Barigui.

 

Já nos dias 24 e 25 de março de 2022 aconteceu, em Curitiba, a terceira edição do Smart City Expo Curitiba (SCEWB22), cuja temática principal foi “A Sociedade Liderando o Futuro Urbano” (“Society Leading the Urban Future"), tendo como subtemas “Tecnologias inteligentes para cidades”; “Inovação e negócios disruptivos”; “Governança em uma sociedade inteligente”; “Mobilidade inteligente para o futuro”; e “Cidades sustentáveis”.

 

Devido às restrições e preocupações com a pandemia de Covid-19, não foram realizadas as edições presenciais nos anos de 2021 e 2020. Todavia, em 2019, foi realizada a segunda edição da SCECWB, a qual tratou do tema “Planejando as cidades que queremos” (“Planning the Cities we Want”), sendo dividida nas temáticas “Viabilizando Tecnologias para Cidades Inteligentes”; “Cidades Sustentáveis e Humanas”; “Governança em Sociedades Digitais”; e “Planejando Cidades Inovadoras e Inclusivas”.

 

A SCECWB19, realizada no período de 21 a 22 de março de 2019, na Expo Barigui, na Alameda Ecológica Burle Marx, em Curitiba, já considerada como o maior e mais importante evento de cidades inteligentes do Brasil, reuniu academia, indústria, governo, investidores, startups e entidades do terceiro setor para discutir e analisar o futuro das cidades, tendo por objetivo principal a melhoria de vida das pessoas a partir da utilização das novas tecnologias e da inovação.

 

Já na primeira edição da SCECWB, realizada em 2018, Curitiba se transformava no foco nacional sobre Smart Cities, dado que naquela oportunidade, com o tema “A Inovação como Motor do Desenvolvimento Econômico” (“Innovation as a Motor for Economic Development”), o evento foi o principal encontro no País a tratar efetivamente do conjunto de soluções inteligentes que atendessem aos diversos desafios enfrentados pelas cidades.

 

Não é exagero dizer que a SCECWB18 foi um marco fundamental para posicionar Curitiba como pioneira e líder no debate sobre cidades inteligentes no Brasil, quando a capital do Paraná passou a ser a primeira cidade do País a sediar o Smart City Expo.

 

A SCECWB18 não se limitou a um aspecto isolado de cidades inteligentes, mas abordou um conjunto amplo de soluções, desde tecnologia disruptiva (IA, IoT, realidade virtual) até governança, mobilidade sustentável e desenvolvimento econômico. Essa abordagem holística foi crucial para mostrar como as Smart Cities são multifacetadas e integradas.

 

O tema da SCECWB18 com foco no desenvolvimento econômico destacou a importância da inovação não apenas como um avanço tecnológico, mas como um impulsionador do crescimento econômico e da criação de oportunidades nas cidades, ressoando fortemente entre gestores e empreendedores e mostrando o potencial das Smart Cities para gerar valor.

 

De um lado, a SCECWB18 superou as expectativas de participações e garantiu uma ampla troca de conhecimentos e experiências, além de uma grande cobertura midiática, consolidando Curitiba como um polo de discussões sobre o tema. De outro lado, a edição de 2018 da SCECWB serviu como uma vitrine para apresentar ao mundo o ecossistema de inovação de Curitiba, especialmente para mostrar iniciativas como a do Vale do Pinhão, os Faróis do Saber e Inovação, o aplicativo Saúde Já e a parceria com o Google Education, demonstrando como Curitiba já aplicava conceitos de Smart City na prática.

 

Há de se salientar que a Fira Barcelona é um consórcio público formado pelo Governo da Catalunha, Prefeitura e Câmara de Comércio de Barcelona, sendo considerada uma das organizações mais importantes da Europa e referência mundial na organização de feiras e congressos. A Fira Barcelona, vale reiterar, é responsável pela organização do importante Smart City Expo World Congress, aquele que é o maior e mais importante evento sobre cidades inteligentes do planeta.

 

Há décadas, entretanto, o simples conceito de cidades inteligentes transcendeu as fronteiras dos avanços tecnológicos urbanos e se transformou em paradigma complexo e multifacetado que “integra de forma sinérgica a otimização de recursos, a preservação ambiental através da sustentabilidade, a promoção da coesão social e da inclusão, a implementação de uma governança transparente e eficiente e, fundamentalmente, a busca incessante pela elevação tangível da qualidade de vida e do bem-estar integral de todos os cidadãos que habitam o espaço urbano”.

 

No contexto dinâmico e em constante transformação que envolve o Smart City Expo Curitiba, Curitiba “emergiu como um fórum de liderança e um catalisador essencial para a convergência de ideias inovadoras, a formulação de políticas públicas visionárias, a apresentação de soluções tecnológicas de ponta desenvolvidas por empresas vanguardistas e o engajamento ativo e participativo da sociedade civil, todos unidos pelo objetivo comum de enfrentar os desafios multifacetados que caracterizam o intrincado panorama urbano do século XXI”.

 

Ao longo dos anos, mesmo com a ruptura da sequência normal de apresentações decorrente dos impedimentos da pandemia de Covid-19, as edições da SCECWB apresentaram uma notável “maturação e o aprofundamento da compreensão do conceito de cidades inteligentes”.

 

Desde a primeira edição da SCECWB, constata-se uma perspectiva centrada no predomínio do uso da tecnologia como o principal motor do crescimento econômico e da modernização da infraestrutura urbana. No entanto, as edições que se seguiram, naturalmente, demonstraram uma crescente sofisticação e uma visão cada vez mais holística e focada no ser humano para se desenvolverem soluções orientadas pela inteligência urbana.

 

A convite da Fira Barcelona, tive a oportunidade de não apenas participar de todas as edições da SCECWB, debatendo os grandes desafios na transformação das cidades inteligentes em ambientes mais sustentáveis, eficientes e inovadores, como também me foi oportunizado contribuir com sugestões centradas na engenharia lógica para a edificação de soluções que podem promover as cidades a locais cada vez mais adequados para o bem-viver, seguindo os princípios ESG (ambiental, social e governança), os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as prerrogativas da tríplice hélice do conhecimento-inovação.

 

Vejo com entusiasmo e otimismo que seguidamente os estudos e desenvolvimentos em lógica e em engenharia lógica que tenho desenvolvido se mostram cada vez mais incorporados na prática do mundo real, principalmente em diversas das soluções que tornam as cidades inteligentes locais onde se prioriza a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

 

Na verdade, constatei, desde a primeira edição da SCECWB, a materialização de parte de minhas pesquisas e de meus estudos, iniciados na década de 1990, quando tanto orientei trabalhos de meus alunos das engenharias do então Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR) nas edições da Exposição de Trabalhos Técnicos da instituição (Expotec), voltados para a tomada de decisão “automática e inteligente” quanto iniciava a criação da engenharia lógica para otimizar analiticamente procedimentos “inteligentes”, de um lado, e de outro para desenvolver técnicas e procedimentos do cálculo lógico na solução de problemas do mundo real.

 

O principal objetivo de cada edição da Expotec era mostrar à comunidade em geral os trabalhos inovadores de natureza técnico-científico ou científico-tecnológica desenvolvidos pelos estudantes e professores da instituição tanto do ensino técnico quanto do ensino superior.

 

Em particular, na edição de 1995 da Expotec, há quase 30 anos, orientei trabalho no qual se desenvolviam processos e se aplicavam procedimentos centrados na automação de residências e se pensavam projetos de cidades inteligentes utilizando a álgebra booleana (via matemática de comutação), circuitos lógicos, portas lógicas e, por fim, a própria engenharia lógica para a criação de “habitats inteligentes” controlados sistemicamente.

 

As aplicações da engenharia lógica no campo das cidades inteligentes são hoje uma realidade. A engenharia lógica traz, contínua e constantemente, propostas de soluções inolvidáveis, resilientes, disruptivas e inovadoras na edificação das Smart Cities pelo mundo. Entretanto, as “denominações” das “aplicações” (ferramentas e/ou metodologias) são das mais variadas e seguem distintos parâmetros regimentais, conforme a natureza do empreendimento e a fonte de onde surgem as possibilidades.

 

No projeto “Aplicações da Álgebra Booleana na Otimização de Circuitos Elétricos”, que orientei e foi premiado na Expotec de 1995, já centrando na concepção de engenharia lógica, se pensava em dinamizar o controle e a automação de dispositivos eletroeletrônicos não apenas de residências, mas também na indústria em geral. Era imaginado o “controle inteligente” para não apenas se obter a redução de custos, mas para o desenvolvimento de cidades inteligentes (Smart Cities) no sentido amplo do termo.

 

Cabe observar que a chamada engenharia lógica não foi criada de forma definitiva em um só momento, levando um tempo tanto para a sua concepção quanto para aplicação na resolução de problemas lógicos surgidos no mundo real das concepções.

 

Assim sendo, os primeiros passos no sentido de se edificar a engenharia lógica foram dados ao se apresentar a defesa de minha Dissertação de Mestrado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), intitulada “A lógica matemática enquanto agente transformador dos processos inferenciais em matemática superior”, de 1993, quando apresentei aqueles que seriam os pressupostos necessários para se construir a base da engenharia lógica.

 

Em 1999, a correspondente dissertação teve uma segunda edição, revisada e modernizada, sendo publicada como livro com registro no ISBN (International Standard Book Number), sob o número 85-900661-2-6, com depósito, também, no acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, compondo a Memória Nacional (que salvaguarda a produção intelectual do Brasil).

 

Conforme se lê nas páginas iniciais de “A lógica matemática enquanto agente transformador dos processos inferenciais em matemática superior”, aquele “estudo consiste de uma contribuição inicial ao repensar o ensino e a aprendizagem das estruturas lógico-formais relacionadas às matemáticas (quanto à essência, ao formalismo, à axiomatização e à complexidade), a partir de uma fundamentação, a priori, estruturada em termos dos princípios norteadores da lógica matemática (ou lógica formal, ou lógica algorítmica)”.

 

No que concerne, propriamente, à lógica matemática, apresentei os fundamentos do cálculo dos enunciados ou cálculo proposicional, no tocante à compreensão, à abstração e à manipulação do formalismo matemático associado aos processos inferenciais para se pensar de forma lógica, baseando-se nas leis lógico-formais (vinculadas ao cálculo sentenciai, em lógica formal).

 

Paralelo àquele trabalho, o qual foi sendo aprimorado, acrescentando-se conhecimentos relacionados, fruto de meus estudos e pesquisas mais intensos, escrevi, editei e publiquei as obras “Compêndios de matemática e lógica matemática: uma abordagem extemporânea” (ISBN: 85-900661-4-2) e “Lógica matemática: introdução ao cálculo proposicional” (ISBN: 85-900661-3-4), ambos com primeira edição em 1999; “Lógica sentencial” (ISBN: 978-85-88925-21-2) e “Cálculo lógico inferencial” (ISBN: 978-85-88925-18-2), os dois com primeira edição em 2013, bem como o meu livro “Prolegômenos à filosofia da matemática” (ISBN: 978-85-88925-08-3), com primeira edição em 2010.

 

O conjunto de tais obras reúne as necessárias considerações técnicas/formais sobre a minha engenharia lógica, sendo as edições de 1999 aquelas que, efetivamente, dão os fundamentos necessários da engenharia lógica como campo do saber.

 

As relações de impregnação mútuas entre a inteligência lógica (um dos sete tipos de inteligência e que está fortemente relacionado ao lado direito do cérebro) e a engenharia lógica enquanto área de conhecimento para engendrar e desenvolver métodos e técnicas para a avaliação e correção formal de raciocínios centrados na computabilidade dos cálculos lógicos tornaram-se uma forma estrita de engenharia, a qual possibilita engendrar modelos formais de solução de problemas equacionáveis algébrica e logicamente, bem como produzir dispositivos automáticos para aferir a validade de raciocínios dedutivos originalmente identificados.

 

É importante ressaltar que no meu “Projeto de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico em Engenharia Lógica” (“Logic Engineering”), o qual desenvolvi no biênio 2013-2014, um projeto de pesquisa e desenvolvimento credenciado oficialmente pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), estruturei uma estrita “Tecnologia Analítica de Decisão Otimizada”, centrada na lógica formal (nos cálculos lógicos e na álgebra da lógica), na teoria da argumentação dedutiva e na análise inferencial, dando forma aos métodos e técnicas utilizados em engenharia lógica.

 

Para a divulgação da engenharia lógica, apresentei também diversas atividades de extensão universitária/tecnológica e desenvolvi muitos artigos científicos e/ou tecnológicos, tanto apresentando estruturalmente conceitos e propriedades quanto mostrando aplicações da engenharia lógica, objetivando evidenciar o quão é possível engendrar (“engenheirar”) soluções mais adequadas de maneira “consistente e correta” (de forma lógica), centrada nos cálculos lógicos (na álgebra de lógica) que fazem parte da engenharia lógica.

 

Em eventos de extensão como as edições do Colóquio Entelechia Logicae (Coentelog), ofertados a partir de junho de 2013 com temas como “Engenharia lógica aplicada na indústria”, “Lógica da inovação nas relações de aproximação entre indústria e ciência”, “Inovação em engenharia lógica”, “Lógicas mentais recursivas”, coloquei em discussão, sob a ótica da lógica formal, caminhos alternativos que permitam direcionamentos outros no sentido de se atingir desenvolvimento e progresso baseados na engenharia lógica. Naqueles colóquios apresentei considerações gerais sobre modelos analíticos lógicos e técnicas formais de raciocínio dedutivo, desenvolvidos em engenharia lógica, que podem contribuir para auxiliar na estruturação de procedimentos logísticos e na tomada de decisão lógica para a aceleração do desenvolvimento, objetivando também despertar o interesse sobre os temas relacionados com a engenharia lógica e incentivar, por sua vez, a continuidade da correspondente oferta.

 

De outra forma, em seguidas palestras que apresentei em seminários técnico-científicos como as edições do Seminário de Tecnologias e Ciências para Engenharia e Indústria (Seteciei), mostrei a abrangência da engenharia lógica para a mais adequada tomada de decisão tanto no campo das ciências quanto no mundo das tecnologias, evidenciando tanto as técnicas formais de avaliação da lógica de processos complexos quanto as aplicações de procedimentos analíticos de se engendrar soluções eficientes logicamente estruturadas.

 

A engenharia lógica consiste em um conjunto de metodologias e procedimentos que possibilitam engendrar soluções de maneira “consistente e lógica” centrada nos cálculos lógicos (na álgebra de lógica), tratando o engendrar de soluções como uma abordagem analítica inovadora.

 

Na atualidade, é sabido que  a engenharia lógica permeia diversas áreas do saber, ao estabelecer a solução de problemas na criação de algoritmos para computadores, ao propiciar a mais dinâmica  análise de estruturas, promover o desenvolvimento de sistemas autômatos, gerar a estruturação de linguagens de programação, bem com propiciar a elaboração de projetos eficientes de sistemas que vão desde circuitos eletrônicos até grandes sistemas de controle industrial, a tomada de decisões em sistemas inteligentes como robôs e sistemas autônomos, dentre muitas outras possibilidades tecnológicas.

 

Apresentando-se como uma abordagem inovadora que busca integrar a lógica matemática com diversas áreas da engenharia e das tecnologias (em particular), bem como com as ciências (em geral), a engenharia lógica, ao invés de ser apenas uma ferramenta teórica, passou a ser o alicerce para o desenvolvimento de soluções tecnológicas mais eficientes, robustas e capazes de induzir novas abordagens tecnológicas positivas na sociedade.

 

“A engenharia lógica é fundada na premissa que a lógica matemática, com suas estruturas rígidas e métodos precisos, pode ser utilizada como um framework para o desenvolvimento de sistemas cada vez mais complexos. Ao aplicar os princípios da lógica matemática a problemas de engenharia, é possível modelar sistemas complexos, validar soluções, otimizar processos, desenvolver sistemas inteligentes, ampliar e melhorar as relações homem-máquina, expandindo sobremaneira a transformação digital, a computação quântica e as redes neurais artificiais.”

 

Para divulgar e possibilitar as necessárias extensões sobre a engenharia lógica, ministrei também vários cursos de extensão universitária e tecnológica mais detalhistas como, por exemplo, o com o título “Inteligência Lógica nas Ciências Exatas”, no qual tratei com o exigido rigor científico (de forma intensa e cartesiana) questões técnicas relacionadas com relações entre a inteligência lógica e a engenharia lógica (ou, como inicialmente a chamava, engenharia inferencial).

 

Para o desenvolvimento de estudos e pesquisas no campo da engenharia lógica associado à cognição e inovação, bem como o correspondente ensino das soluções e resultados alcançados para a ampliação das possibilidades de conhecimento, criei, em 2018, o Centro de Engenharia Lógica e Cognição (Cenenlocog) – na sigla em inglês, Cetfleco (Center of Logic Engineering and Cognition).

 

O Cenenlocog, objetivando também desenvolver soluções direcionadas para a aquisição de conhecimentos em engenharia lógica, em simbiose com o formalismo matemático, a filosofia analítica e os pressupostos do engendrar em engenharia para a instanciação da engenharia lógica como área de conhecimento necessária para criar e desenvolver métodos e técnicas para a avaliação de raciocínios sistematizados, a partir da formalização de estruturas utilizadas na fundamentação das ciências, em conformidade com a evolução e o alcance da álgebra da lógica e da filosofia analítica, constitui proposta (e estratégia) inovadora e disruptiva de se pensar associada às atuais revoluções industriais e às ondas de inovação em contínuo desenvolvimento.

 

Várias foram as ações do Cenenlocog objetivando atender suas prerrogativas definidoras desde a sua fundação, pondo a engenharia lógica em evidência. Merece destaque a primeira reunião de planejamento do Cenenlocog de 2022, quando, sob minha coordenação, foram avaliadas as necessárias ações para se mitigar as graves consequências da pandemia de Covid-19 para o progresso e o desenvolvimento das cidades. Foi tratada também a agenda (mínima) de atividades de 2022 do Cenenlocog.

 

Na oportunidade, ministrei a palestra “Engenharia lógica inovando e criando disrupção nas Smart Cities”, quando apresentei a engenharia lógica como forma de se gerar procedimentos formais (analíticos) centrados na associação entre lógica de primeira ordem e Indústria 4.0 para a tomada de decisão no gerenciamento adequado de cidades inteligentes.

 

Fiz observar, ainda, que o Cenenlocog se organizava para mais uma vez apresentar suas contribuições na quarta edição do Smart City Expo Curitiba (SCECWB 2023), a realizar-se em março de 2023, seguindo, ininterruptamente, na solução dos inúmeros desafios sobre a sustentabilidade e dedicando esforços, nessa direção, para contribuir ao alcance dos ODS da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Como tive a oportunidade de observar anteriormente, as aplicações da engenharia lógica no campo das cidades inteligentes são hoje uma realidade. Ano após ano, edição após edição da SCECWB, mais e mais as soluções nas Smart Cities se mostram ampliadas e seguem as contribuições de diversas áreas do saber, sendo a engenharia lógica um meio profícuo de correspondentes soluções para as cidades e melhoria de vida dos citadinos.

 

No dinâmico cenário de busca incessante por soluções transformadoras para os desafios urbanos complexos, a engenharia lógica emerge como uma metodologia singularmente promissora, distintiva e cada vez mais relevante. Desde as primeiras edições do SCECWB, realizadas todas em Curitiba, soluções eficientes (direta ou indiretamente) são obtidas na otimização da gestão da complexidade das cidades, sejam elas grandes ou não.

 

A engenharia lógica, com seus procedimentos formais e analíticos capazes de otimizar processos urbanos multifacetados, vem contribuindo para a construção de cidades cada vez mais resilientes, sustentáveis e centradas no cidadão.

 

Com a engenharia lógica aplicada, tenho explorado a fronteira conceitual existente entre a teoria e a prática no mundo real, postulando a engenharia lógica como um arcabouço teórico potencialmente capaz de fornecer a arquitetura cognitiva fundamental e os princípios organizacionais necessários para a materialização de sistemas complexos que exibam atributos que se assemelham, em algum grau, à consciência biológica, possibilitando pensar em caminhos alternativos de solução para as cidades inteligentes por intermédio, inclusive, de futuras tecnologias ainda sequer implementadas.

 

“A engenharia lógica, com sua ênfase na representação explícita e formal do conhecimento através de sistemas lógicos bem definidos e na inferência dedutiva como o mecanismo primário para a geração de novas conclusões a partir do conhecimento existente, distingue-se fundamentalmente da abordagem predominante na IA contemporânea, conhecida como IA estatística ou aprendizado de máquina. Esta última se apoia predominantemente em métodos estatísticos complexos, algoritmos de aprendizado de máquina e modelos probabilísticos para a extração de padrões de grandes volumes de dados e para a tomada de decisão baseada em correlações estatísticas, muitas vezes sem uma compreensão explícita das relações causais subjacentes.”

 

“Ao propor a criação de sistemas que não apenas processam informações e identificam padrões, mas também justificam suas conclusões através de cadeias de raciocínio lógico formalmente válidas, aprendem de forma estruturada, incorporando novo conhecimento em sua base lógica, e adaptam seu comportamento com base em princípios lógicos coerentes e bem definidos, a engenharia lógica oferece um caminho promissor e alternativo para a construção de sistemas com capacidades de autopercepção rudimentar, intencionalidade direcionada a objetivos específicos e aprendizado estruturado e interpretável, com o potencial de levar ao desenvolvimento de formas mais robustas e confiáveis de inteligência artificial no futuro.”

 

As edições do SCECWB mostram seu papel essencial no sentido de serem um catalisador dinâmico, multifacetado e cada vez mais influente na evolução da concepção de cidades inteligentes (Smart Cities), focando sempre na inovação tecnológica como um fim primordial para se atingir a melhoria de vida dos cidadãos.

 

Os saberes que circulam nas distintas edições da SCECWB mostram, inequivocamente, que as soluções urbanas devem ser eficientes, tecnologicamente avançadas e sustentáveis. Ainda, intrinsecamente lógicas, socialmente justas e genuinamente focadas na promoção do bem-estar integral e da felicidade duradoura de todos os cidadãos. O futuro nas cidades deve ser mais inteligente e humano.

 

*Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro consultivo do Conselho das Mil Cabeças da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU), conselheiro sênior do Conselho de Responsabilidade Social do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) do CNPq, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq e personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep)

 

 

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