Iniciadas na manhã de terça-feira (19/01), as demissões de trabalhadores do quadro fixo da Usiminas, em Cubatão, continuam nesta quarta-feira (20). A empresa suspenderá todas as atividades primárias de produção de aço até dia 31 e manterá em funcionamento apenas o setor de laminação de chapas de aço, que serão adquiridas de outras siderúrgicas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, Florêncio Rezende de Sá, o Sassá, informações ainda não confirmadas pela Usiminas indicam que, em dois dias, serão feitas, ao todo, 600 demissões.
''Estivemos hoje com representantes da empresa. No começo da manhã, já sabíamos de 30 dispensas, mas isso ainda não é oficial. A previsão que nos deram foi de que, entre ontem e hoje, seriam feitas 600 demissões. Um balanço deve ser feito no final do dia''. Assim como na terça-feira, os trabalhadores dispensados fazem os exames demissionais e são levados para casa de táxi.
Primeiro dia
Na terça-feira, foram demitidos os primeiros 450 trabalhadores, entre eles alguns que estavam há quase 30 anos na siderúrgica e começaram a trabalhar quando a empresa ainda se chamava Cosipa.
As dispensas começariam em 31 de janeiro, mas, como ocorreram problemas com o funcionamento do Alto-Forno 2 na passagem do ano, a Usiminas optou por antecipar o desligamento e iniciá-lo já na segunda-feira (18), liberando os primeiros avisos de demissão.
Do quadro atual, estimado em cerca de 4.200 trabalhadores diretos, permanecerão empregados na usina – dependendo do comportamento do mercado – cerca de 2.400. Oficialmente, a empresa atribui as dispensas à crise no mercado siderúrgico mundial e à concorrência da importação do mercado de aço chinês, a preços mais baixos.
Resposta
Em novo comunicado enviado nesta quarta-feira (20), a Usiminas reforçou que os desligamentos são ''consequência do ajuste em sua capacidade produtiva previamente anunciado''. Além disso, informou que ''após nove reuniões de negociação com os sindicatos e o Ministério Público do Trabalho, a empresa decidiu oferecer um conjunto de benefícios extras ao empregados desligados: manutenção dos planos de saúde e odontológico por 3 a 6 meses; opção por auxílio-alimentação por até 4 meses ou retorno de férias correspondente a 20 dias de trabalho; pagamento de contribuição previdenciária por três meses; seguro de vida por até quatro meses; prioridade na recontratação quando da reativação dos equipamentos e treinamentos para recolocação profissional, além de cartas de recomendação''.
Ainda em nota, a empresa declarou que os desligamentos seguem o cronograma de desativação dos equipamentos e, para minimizar o impacto da medida e reduzir o número de demissões, realizou um estudo e vai redirecionar cerca de 300 empregados para outras atividades na usina.
''Com isso, o número de empregados diretos a serem desligados foi reduzido para um total de 1.800. Estão sendo priorizados empregados que já possuem alguma renda, como aposentados e trabalhadores já em condições de se aposentar''.
A siderúrgica justifica que ''o consumo de aço no Brasil despencou 16,7% em 2015 em relação a 2014, que por sua vez já havia sido 6,8% menor do que em 2013. Os dados oficiais são do Instituto Aço Brasil. Já o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA) divulgou ontem que as vendas de aços planos na rede de distribuição registrou em 2015 os piores patamares desde 2006 e que, para 2016, espera uma queda de 5% de Diante desta crise sem precedentes, a Usiminas não teve alternativa senão ajustar sua capacidade de produção à realidade do mercado''.
Confira reportagem da TV local aqui
Fonte: Jornal A Tribuna de Santos/Com informações de Manuel Alves Fernandes