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07/03/2016

Opinião - A recessão não é eterna

Com a divulgação dos números assustadores referentes à queda do PIB brasileiro em 2015 e com a confirmação dos dados gerais que indicam tal retrocesso até agora, torna-se cada vez mais urgente e necessária a luta pela retomada do desenvolvimento, já que a recessão não é natural nem eterna.

Embora prejudicada pela espetacularização da crise política, abre-se a oportunidade para uma discussão séria sobre as características da atual recessão e sobre as medidas corretas (do ponto de vista dos trabalhadores, da sociedade, do governo e dos empresários produtivistas) para enfrentá-la.

É óbvio que tais procedimentos não têm apelo midiático: não se noticia, por exemplo, a verdadeira campanha nas portas de fábricas dos metalúrgicos de São Paulo, nem as manifestações unitárias de trabalhadores em São Bernardo, em Gravataí, em Curitiba e em outras cidades contra o desemprego e nem se registra que a última reunião do Conselhão estabeleceu sete eixos temáticos de luta pela retomada do desenvolvimento.

A atual recessão tem quatro características marcantes: ela é intensa, generalizada, prolongada e não homogênea. Dessas quatro, as três primeiras podem ser facilmente constatadas em qualquer tabela de dados sobre a economia.

Quero destacar a quarta característica, que é a não homogeneidade do fenômeno recessivo em relação às regiões brasileiras, às cidades brasileiras, aos setores econômicos e às categorias de trabalhadores envolvidos.

A recessão manifesta-se de forma diferenciada, mais ou menos intensa ou aliviada, nas diversas regiões do país, concentrando seus efeitos maléficos no Sudeste.

Em cada região, por sua vez, as capitais, as grandes cidades e as regiões metropolitanas sofrem bem mais que o conjunto das outras cidades.

Há setores e grupos empresariais que estão com bom desempenho (principalmente aqueles ligados a exportação, a alguns tipos de manufaturas e os que incorporam alta tecnologia). Mesmo na indústria, setor avassalado pela recessão, mas que apresentou em janeiro um crescimento de 0,4%, uma análise criteriosa aponta inúmeras situações diferenciadas.

Entre os trabalhadores, afetados todos pelo desemprego, configuram-se algumas situações preocupantes: alto desemprego na indústria metalúrgica, alto desemprego entre jovens e alto desemprego dos trabalhadores mais qualificados (que se transformam em PJ).

A análise criteriosa da recessão e de seus efeitos diferenciados é um prerrequisito para melhor enfrentá-la, descobrindo os caminhos para sua superação e fazendo a alavanca onde é possível vitórias parciais positivas.


 

* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical






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