Cerca de duas mil mulheres marcharam em São Paulo (SP) em celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, ontem (25/7). O ato lembrou que são as cerca de 49 milhões de mulheres negras brasileiras as que mais sofrem com feminicídio, estupros e desigualdade econômicas e sociais.
Foto: Gisele Brito/BdFMarcha das Mulheres Negras
“As pautas das mulheres negras são diferentes. Enquanto as mulheres brancas lutam por direito ao corpo, nós lutamos por comer, andar de ônibus, por ter moradia digna. Por isso, hoje estamos aqui e vamos marchar pela vida dos nossos irmãos e filhos”, afirmou Leila Rocha, do Coletivo de Oiá.
No ato, as mulheres também lembraram o aumento da violência contra elas, denunciando que o feminicídio no Brasil tem cor: houve um aumento de 54% de assassinatos de mulheres negras. “Estamos aqui por estarmos cansadas de sermos mortas, estupradas, de chorar por nossos filhos mortos e presos. Não queremos mais apenas sobreviver. Nós resistimos”, afirmou Mara Catadora, uma das participantes do ato.
A marcha saiu da Praça Franklin Roosevelt, na região central, e partiu em direção ao Largo do Paisssandu - sítio histórico da luta negra na capital paulista - acompanhada por tambores do grupo Ilu Obá De Min.
Luta histórica
O movimento feminista negro ganhou autonomia no Brasil por volta da década de 1980. “As mulheres protagonizaram muitos momentos da nossa história, mas ela sempre foi apagada, principalmente a luta das mulheres negras. Nesses últimos tempos, as mulheres protagonizam esse momento porque são os nossos direitos que estão sendo atacados: a Secretaria de Igualdade Racial, a Secretaria de Mulheres, que antes tinham caráter de ministério, foram extintos (durante o governo interino de Michel Temer). Então é emblemática olhar para as bancadas legislativas e não nos vermos representadas. Nós nos vemos nas ruas. E não sairemos daqui até ocuparmos todos os espaços que pudermos ocupar”, afirmou Sara Siqueira, da Marcha Mundial das Mulheres.
Fonte: Brasil de Fato